Mais um dia. Acordamos. Insisto com ela para falar com o Pai, mas ela em tola ignorância responde: "não dá tempo!". Seguimos então, ela se exercitou, se alimentou, e eu continuo morrendo de fome e sede, fraca sem a devida atenção. Ela começa a se desesperar e nem passou metade do dia, continua correndo ocupada em grande agonia. Começo a chorar, mal consigo respirar, e ela, pobre humana se põe a resmungar, chora comigo e nem consegue parar. As pessoas me vêem em seus olhos cabisbaixos, perguntam o que houve e a agonia já é tão grande que não há forças para se expressar. Falta de ar - alguém manda ela respirar. Dor - alguém manda ela parar. Cansaço - alguém manda ela descansar. Grito, e ela não me escuta em sua dor. Sou eu, pobre alma. Cansada de lutar, com fome da palavra e sede de comunhão.
Então ela finalmente para, fecha os olhos e começa a cantar baixinho um hino que lembrou: "Puxa uma cadeira minh' alma, que eu quero te perguntar, por que me roubas a calma e bota a tristeza no olhar? Vamos entrar num acordo, vida tranquila viver, lembra daquilo que o Mestre falou 'a minha graça te basta'."
Querida alma, prometo não te deixar passar fome, preciso te ajudar se não morrerei contigo, e confesso, foi exatamente o que eu quis. Entendo que se me canso, no Pai há descanso. Se eu choro, no Pai há consolo. Se eu peco, no Pai há perdão. Então não sei explicar como me angustia tanto esse coração. Espero não te desesperar, mas me prometa sempre lembrar o lugar que devo voltar quando o mundo à minha volta parecer desabar.