COMO CRESCER EM SANTIDADE
Texto: “Segui a paz com todos e santificação, sem qual ninguém verá o Senhor.” (Hebreus 12.14).
Se alguém deseja servir a Deus deve estar preparado para andar conforme a vontade dele. E a vontade dele para cada um de nós é a santificação (1Ts 4.3). Ser santo quer dizer ser separado em dois sentidos: primeiro, separado para Deus; segundo, separado do mundo. É necessário enfatizar esses dois aspectos porque infelizmente alguns de nós às vezes focamos apenas em um: ‘separados do mundo’, e vivemos passivamente, sem contribuir em nada no reino de Deus.
A santificação é tema recorrente em toda a Escritura. O Deus Todo Poderoso se revelou santo, e requer que aqueles para os quais ele tem se revelado sejam santos, não na mesma medida que ele é, mas assim como ele. Ele é separado de toda e qualquer falha moral, ele não erra em nada, ele é fiel, é verdadeiro, é justo e não possui qualquer desvio de caráter. Embora seja impossível alcançarmos essa proporção da santidade divina, ele nos deu a responsabilidade de buscarmos a santidade com base em uma coisa: ele é santo, e nada do que é imundo pode ter parte nele (1pedro 1.15-16).
Portanto, para que possamos progredir nesse objetivo de santidade é necessário desenvolvemos em nossa vida diária algumas práticas que nos auxiliarão efetivamente a ter uma vida santa e um relacionamento mais feliz e maduro com o Senhor.
1- Confesse seus pecados (1João 1.8-10).
Quando aceitamos a Cristo tivemos todos os nossos pecados passados perdoados e esquecidos. Porem, do ponto de vista terreno ainda pecamos, e embora esses pecados não façam Deus voltar a nos odiar, eles podem atrapalhar a nossa vida de comunhão com ele ou mesmo nos impedir de desfrutar as bênçãos da salvação. O que a Bíblia nos diz a respeito da confissão de pecados
Há pelo menos três formas de fazer essa confissão.
I- Alguns pecados são cometidos no secreto, apenas você e Deus tiveram ciência do ato. Esse foi o caso de Davi (2Samuel 12.1-13), por isso vemos ele orando em um de seus salmos afirmando ter pecado somente contra Deus (Salmos 51.4). Esse é o caso do pecado secreto, cuja confissão não tem necessariamente que ser feita em público. Inclusive esse pecado pode até ser incluído na oração do Pai-nosso, a nossa oração secreta, feita no recôndito de nosso quarto.
II- Há um segundo tipo de confissão que deve ser pública, isto é, para toda igreja. Nesse caso o pecado foi visível, isto é, foi exposto a outras pessoas, de modo que pode até mesmo se tornar um escândalo para igreja. Na prática, em que situação deve ser feita essa confissão? Pense no caso de um irmão, obreiro da igreja, que foi visto em um bar, ingerindo bebidas e na roda dos escarnecedores. Ou mesmo alguém que, sendo casado, foi flagrado em um segundo relacionamento. Enfim, são pecados graves e a igreja deve ter ciência do caso, não para poder criticar o irmão fraco, e sim para poder orar por ele, a fim de que Deus possa conceder-lhe a restauração, mediante uma exortação e uma disciplina corretiva, quando for o caso (Gálatas 6.1; 1Coríntios 5.1-5).
III- Existe ainda um terceiro tipo de confissão que considero bíblica. É quando pecamos especificamente contra alguém. Há casos onde por alguma razão pecamos contra alguém, às vezes falamos uma palavra maldosa, agimos com ironia, arrogância desvelada, gritamos com alguém, enfim nos desentendemos. Aqui a confissão deve ser feita a própria pessoa que sofreu o ato. Nesse caso não é entrar no quarto e pedir perdão, antes procurar a pessoa ofendida e agir com humildade, reconhecendo que você falhou com ela (Tiago 5.16).
É necessário que haja a confissão, porque o ato de não confessar significa que você está nem aí para a ação pecaminosa que protagonizou. O fato de você não ligar para a necessidade da confissão denota que você possui uma natureza renitente, teimosa, relutante para com a vontade Deus, e que você está tentando resistir ao Espírito Santo.
Outra coisa importante é que devemos pedir perdão e não desculpas. Frequentemente pedimos perdão a Deus como se estivéssemos pedindo desculpas. Existe uma leve, porém, notável diferença entre uma coisa e outra. O pedido de desculpas às vezes encobre a gravidade do erro e não envolve uma profunda contrição de alma. O pedido de desculpas é uma mera questão de formalismo, ao passo que pedir perdão envolve uma angústia e uma tristeza não pelo medo das consequências, mas pelo fato de termos ofendido ao Senhor. Quem pede desculpas no fundo no fundo está dizendo que fez o que fez porque não teve outra opção.
Cultivemos para com o Senhor uma atitude de constante confissão de pecados, reconhecendo que somos pecadores e carecemos, todos os dias, de sua graça e misericórdia restauradoras.
2- Buscar a Deus continuamente através dos meios de graça que ele nos disponibiliza (1Crônicas 16.11).
É certo que quando confessamos ao Senhor pela fé que ele nos deu fomos santificados posicionalmente, porém, na prática, ainda temos que lutar contra tentações que nos rodeiam diariamente. Apesar de termos sido salvos, existe dentro de cada um de nós uma constante luta da carne contra o Espírito, e não devemos ceder (Gálatas 5.16-26).
Para que possamos vencer esse o embate da carne contra o Espírito e prosseguirmos em santidade, precisamos nos apropriar dos meios de graça, que podem ser públicos ou privados. Por meio de graça entendemos os canais através dos quais Deus nos infunde graça e poder para a nossa santificação e crescimento espiritual.
I- Meios de graça privados
São aqueles que você usa em sua vida secreta com Deus todos os dias.
Oração
Através da oração falamos e comungamos com Deus. Por meio da oração nos arrependemos e pedimos perdão pelos nossos pecados. Portanto, não negligenciemos esse meio de graça (Mateus 6.6; 1Tessalonicenses 5.17; Efésios 6.18). Vemos que quando Davi cometeu o adultério ele foi orar o salmo 51. Jesus orava constantemente, e Bíblia diz que ele era um homem cheio da virtude de Deus. Mediante a oração nós recebemos essa vida espiritual e força para lutar contra o pecado.
Leitura da palavra Deus
Cristão que não ler a Bíblia em casa, em sua vida secreta com Deus, não pode entender a vontade de Deus. É através da palavra de Deus que podemos purificar nossos caminhos e andar pela luz.
“Como purificará o jovem (o homem) o seu caminho? Observando conforme a tua palavra.” (Salmos 119.9)
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz, para o meu caminho.” (Salmos 119.105).
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.” (João 17.15).
Meditação na palavra
Ler não é necessariamente meditar. Nem tudo o que lemos meditamos. Meditar é ir mais fundo nas entrelinhas, é procurar entender o que está explícito e implícito. É analisar com maior profundidade o texto.
Muitas pessoas leem a Bíblia, mas não possuem discernimento de seus textos porque não meditam nela. Nunca separaram um tempo mais longo de forma especial para ler e meditar. Portanto leia, medite e aplique a palavra de Deus em sua vida.
“Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e nela medita de dia e de noite.” (Salmos 1.2).
II- Meios de graça públicos
A comunhão com os irmãos
Por comunhão com os irmãos quero dizer não do conceito abstrato da palavra. Infelizmente hoje temos apenas a definição de comunhão. Na prática ela existe muito pouco. Precisamos resgatar a comunhão conforme vemos no livro de atos 2.42-47. Essa união, em torno de uma mesma fé e de um só Senhor, nos estimula a prática da vontade de Deus e ao nosso crescimento espiritual.
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.”
Ouvir boas pregações
Outro meio de graça também muito importante são as pregações que ouvimos de outras pessoas. Deus levantou na igreja pessoas com capacidade para pregar a sua palavra e através delas ele fala conosco em nossos cultos públicos, desde que tenhamos ouvidos para ouvir. Não devemos abrir mão de ouvir nossos irmãos pregarem, pois eles são instrumentos de Deus pelos quais o Senhor nos confere graça mediante a pregação.
As igrejas primitivas eram compostas por presbíteros, diáconos e um público que os ouvia e recebia os seus ensinos, através dos quais o povo recebia edificação e crescia em santidade.
As pregações que ouvimos servem para nos despertar, reacender a nossa chama de fé continuamente. Por vezes estamos se sentido fracos e combalidos, até que ouvimos uma pregação bíblica e por meio dela o Senhor nos levanta.
“Todo aquele, pois, que ouvir as minhas palavras e as praticar, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.” (Mateus 7.24).
“E também o que aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.” (Filipenses 4.9).
3- Ter práticas diferentes das práticas do mundo (1João 2.15-17).
“Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém amar o mundo o amor do pai não estar nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, dos olhos, e soberba da vida, não é do pai, mas do mundo. E o mundo passar com as suas concupiscências, mas aquele que faz a vontade do Senhor permanece para sempre.”
Crescer em santidade envolve uma constante negação de nossos próprios desejos pecaminosos. Quando ainda não conhecíamos a Cristo fazíamos o que por natureza era fonte de prazer para nós. Vivíamos na pratica das obras da carne, sem ao menos nos entristecer por isso.
Lá no mundo estávamos envolvidos com tudo para o que a carne nos inclinasse. Vivíamos nas obras da carne descritas em gálatas 5.19-21).
“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.”
Porém, quando fomos salvos fomos regenerados, feitos novas criaturas, e todas essas coisas se tornaram passado em nossa vida. Embora ainda hoje um cristão possa cometer alguma dessas coisas, elas não devem mais caracterizar a nossa vida. Nascemos de novo e possuímos novos alvos em coisas que evidenciem nossa transformação, assim como vemos disposto em efésios 4.25-32.
“E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade. Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós. Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em
Cristo.”
Conclusão
Meu objetivo aqui foi mostrar um caminho para crescermos em santidade ao Senhor. As escrituras nos dizem que assim como ele é o veremos, mas certamente isso está condicionado a uma vida de santidade e obediência aos seus princípios. Portanto, se nosso objetivo é chegar na eternidade e vê-lo face a face, conheçamos e pratiquemos a vontade dele, buscando crescer em santidade todo os dias de nossa labuta terrena. Para esse fim, estejamos sempre dispostos a confessar ao Senhor nossos pecados, buscando-o pelos meios de graça, andando conforme a nossa vida me Cristo.