Berço amado e prezado
Pe. Geovane Saraiva*
Mesmo quando o dia é exaustivo e o cansaço físico parece dominar, resta-nos a oração a nos envolver ou incorporar por toda a vida humana, na sua completa extensão, tanto nos benefícios temporais quanto nos espirituais. A oração bem que nos desconserta, dando-nos mais do que um relaxamento, apontando-nos para o sentido da remissão dos pecados e da comunhão com Deus, sendo a mais pura e verdadeira esperança: a de experimentar a face de Deus, no mistério do prometido Monte Santo, da cidade de Sião ou da Jerusalém celeste.
Pensemos, pois, na riqueza da oração, mas a partir da graça divina, no esforço por uma conduta coerente e exemplar, a ponto de pautar os rumos da nossa existência pelo conteúdo da oração, fundamento sólido, que não é passageiro nem terrestre. Deus quer que nos afastemos daquilo, por vezes comum, implorar a cura de doenças, o livramento de perigos mortais, calamidades e até castigo para os inimigos. A vida de oração consequente abre a mente e o coração humano, exige muito mais.
Na oração, como é importante perceber e se levar em conta aquele contexto rítmico do povo de Deus! Com seus versos, ela deve ter um cunho poético, mas sem esquecer que deve vir do interior do coração, numa amplitude laboriosa, para os filhos da Igreja, orgulhosos, ao falar com Deus em prosa. A oração se distingue em súplica, penitência e ação de graças. É claro que a oração de penitência pode conter os mesmos elementos da oração de petição, mas a oração de gratidão consiste na invocação do santo nome de Deus, por seus favores, em Jesus de Nazaré, no mais elevado sentido, no sonho de todas as coisas reconciliadas no amor.
Apropriei-me de um bom mergulho no dia 1º de novembro de 2021, num dia exaustivo, a partir daquilo que é absolutamente universal, tanto temporal como espiritual. É indescritível a gratidão a Deus, na nossa condição de humilde instrumento de seu amor e de sua paz, mesmo na realidade conturbada do mundo. Voltei para minha terra natal, Mazagão, Capistrano-CE, meu berço amado e prezado, indo bem nas origens, em nossa casa, a mesma que não existe mais. naquele lugar árido, mas querido por Deus, do notável e memorável Mazagão.
Foi um dia de bênçãos e de oração muito verdadeira. Emergi ou elevei-me, numa forte simbologia, com meus pés fincados no chão sagrado da minha terra, no lugar em que nasci e vivi minha infância, com meus pais, Agapito e Eliete, e quatro irmãos. Fui até fotografado diante da árvore lá existente, a qual nos aponta para a árvore da vida, a nos fecundar e encher de graça, como bem disse o Dr. Lúcio Alcântara, ao opinar sobre nosso comentário no Facebook: “É a volta de onde na verdade nunca saímos”.
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).