Oração de Geovane Saraiva
Pe. Geovane Saraiva*
Senhor, que Vossa bondade excelsa e suprema, na transitoriedade da vida, nos permita colocar em vossas mãos nosso LOUVOR E SÚPLICA DE ESPERANÇA! São preces de agradecimento e louvores por Vossa Sagrada Família, numa intenção rogativa e de clamor, recordando o profeta Eliseu, antes do profeta Elias de ser arrebatado por um carro de fogo, ao se voltar para o mesmo, seu predecessor sagaz e homem de Deus: “Peço-te que me dês uma porção dobrada do teu poder profético” (2 Rs 2, 9).
Pedimos-vos, por Vossa benevolência e graça, favorecer ao povo de Deus, Igreja de Cristo, o espírito de coragem profética, animado pela esperança, mesmo depois de mais de dois mil anos do nascimento de Jesus de Nazaré, contemplando boa parte da criatura humana e da criação em condições precárias. É o humano das pessoas num contexto infra-humano ou mergulhado naquilo que vai, radicalmente, contra a vontade de Deus.
A palavra de Deus nos convida ao amor verdadeiro, com todas as nossas forças, conscientes de que fomos criados para a eternidade e que na acesa chama da esperança nada de desânimo nem decepção venha até nós. Que estejamos convictos da realidade da morte como nossa amiga, irmã e companheira inseparável, na esperança de contemplar o Deus da vida, face a face no céu, e saborear sua afável e terna misericórdia, na certeza de que nossa prece suba aos céus pelos nossos irmãos falecidos.
Como é maravilhoso aprender com Santo Agostinho! Na beleza de sua obra, “A cidade de Deus”, ele nos coloca diante da vida humana como um mistério de amor, segundo o projeto de Deus: “Dois amores estabeleceram duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena; e o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”. Mesmo sendo enormes a saudade e a dor pela partida dos nossos entes queridos, que nossa humilde e confiante oração seja a de jamais perder de vista a esperança, na certeza da promessa da imortalidade, conforto e consolo garantido.
Com Dom Helder Câmara, na transitoriedade das criaturas, nenhuma circunstância se perde de vista: “Se eu pudesse, na caminhada de quem enfrentasse estrada sem fim, sem luz, sem companhia, faria surgir vagalumes alumiando o caminho e colocaria nem que fosse cigarra para quebrar sua solidão”. Encurtar a estrada da sombria e nefasta segregação, no isolamento que nos parece sem fim, só mesmo eliminando tudo que é odioso e arrepiante, consequência da falta de amor.
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).