Sobre Deus e Religião
Ultimamente, nesta mixordia cultural em que vivemos, tem sido comum esbarrar com a afirmação de que religião é invenção do homem e que foi o homem que inventou seus deuses e deusas. Aqui mesmo no Recanto têm pululado as manifestações de hostilidade em relação à fé religiosa e até à própria idéia de um Ser Supremo.
Pois bem: há uma grande diferença entre crer em deuses e crer em Deus. Quem crê em deuses não acredita em Deus. Se examinarmos os tais deuses do Olimpo ou da Walhala, por exemplo, veremos que tais figuras mitológicas eram antropomorfizadas, limitadas no espaço e no tempo, combatiam-se mutuamente e alimentavam paixões humanas das mais baixas. Não tinha o tal do "deus" Saturno, que devorava os próprios filhos?
Se examinarmos com atenção chegaremos à conclusão de que os deuses mitológicos não são senão superseres, mal se distinguindo portanto dos super-heróis e super- vilões da DC e da Marvel.
Ora, o ser humano pode criar de sua imaginação tais pretensos deuses, mas eles representam uma deturpação da Religião. Os primeiros Pais sabiam que Deus é um só e o Criador do mundo. O conceito monoteísta, que é límpido e compreensível (o universo para existir precisa de uma Inteligência Suprema), desvirtuou-se com o tempo pela idolatria e politeísmo. Recuou a noção de um Deus Criador infinitamente bom e justo, daí os deuses humanizados com o que há de pior a nível humano, um Moloch por exemplo, que supostamente exigia sacrifícios humanos (conferir "Salambô", de Gustave Flaubert).
Mas a revelação judaico-cristã colocou os pingos nos is e restaurou o conceito puro da Divindade.
E afinal, se Deus é invenção do homem, então quem inventou o universo? Não me venham dizer que foi o acaso, porque então o acaso seria um "deus".