COMO COMPREENDER O ANTIGO TESTAMENTO?
No livro “A Bíblia e o Futuro” de Anthony Hoekema, ele mostra em que bases operava o Antigo Testamento e o que deveria se esperar dele, ou, como ler o Antigo Testamento? Isso faz-se muito necessário, pois a maioria das nossas igrejas, até as mais avançadas, como Comunidades ou as Neo-Pentecostais, ainda baseiam muito a sua teologia no Antigo Testamento. O que não é correto, havendo um Novo Testamento. A leitura do Antigo Testamento só pode ser então, a partir do Novo e nunca de outra forma. Mas Hoekema conseguiu nos mostrar um resumo do Antigo Testamento em sete passos.
(1) O Redentor Vindouro – Gênesis 3 nos fala da vinda de um redentor (um libertador), que nos daria a vitória, descrita como um pisar na cabeça da serpente. A grande meta de Israel era gerar esse Redentor, esse Filho.
(2) O Reino de Deus – O Antigo Testamento descreve esse Redentor como profeta (Dt 18.15), sacerdote (Sl 110.4) e rei (Zc 9.9). Há uma conexão, onde esse redentor futuro, se assentaria no Reino de Davi. Mesmo que NO Antigo Testamento, não se descreva o Reino de Deus, com essas palavras, ele está presente. Todos compreendiam que Deus é o Rei de Israel. O Redentor Rei que viria era compreendido como um Rei segundo o coração de Deus, da linhagem de Davi.
(3) A Nova Aliança – A idéia de Aliança é central à revelação do Antigo Testamento. Porém em Jeremias 31.31-34, Deus promete uma Nova Aliança. Sabemos que essa Aliança é o Espírito em nós.
(4) A Restauração de Israel - Após a divisão do reino, ambos, Israel e Judá, caíram mais e mais na desobediência, idolatria e apostasia. Por causa disso, os profetas pregaram que, devido à sua desobediência, o povo de ambos os reinos seria levado cativeiro por nações hostis, e ficaria disperso por terras estrangeiras. Mas em meio a essas predições sombrias há também profecias de libertação. Vários profetas pregam a futura restauração de Israel do seu cativeiro.
(5) O Derramamento do Espírito - Eles (os profetas do Antigo Testamento) prevêem a restauração, mas somente de um povo que tenha sido purificado e justificado. Sua mensagem, tanto de tribulação como de prosperidade, é endereçada a Israel para que o povo possa ser advertido sobre sua pecaminosidade e se converta a Deus. A escatologia é ética e religiosamente condicionada. Talvez o resultado mais significante da preocupação ética dos profetas é sua convicção de que não será Israel como tal que entrará para o remanescente crente e purificado – O Antigo Testamento indicava outro povo: a Igreja. Também encontramos, particularmente em Joel, uma pregação sobre o futuro derramamento do Espírito sobre toda a carne. Mas como foi dito pelo pastor Ed Kivitz na semana passada, o Espírito santo é um ilustre desconhecido da igreja. Era incompreendido no Antigo Testamento e continua sendo hoje.
O Espírito Santo é o grande agente escatológico de todo o sempre, tanto do Antigo Testamento quanto do Novo. Em Atos 2, o cumprimento do derramamento do Espírito, ele deu dons aos homens, capacitando-os a serem testemunhas. É um erro muito bobo pensar que o Espírito Santo veio só para dar dom de línguas aos homens. Dom incompreendido pela maioria da igreja. O dom de línguas só funciona com a interpretação de línguas, senão é o pior dos dons, o mais fraco. O sinal da era do Espírito não é jamais, o dom de línguas, mas o Ministério do Espírito, sinal que ele é a maneira que Deus que está operando agora. A Trindade deu dons aos homens, dons de ministério e dons de poder. Além disso o Espírito Santo trabalha em nós a nossa natureza (Galatas 5). Num ato de Providência (Leia a Doutrina da Providência), ele guarda, dirige, ajuda e direciona a igreja até a vinda de Cristo. Sim, a igreja vai passar pela Tribulação e sim o Espírito vai esta lá com ela. O mais são doutrinas não bíblicas ensinadas nas nossas igrejas. Na duvida, fique com a Bíblia. Leia a sua Bíblia, a estude e nunca seremos enganados com essas e outras doutrinas não bíblicas.
(6) O Dia do Senhor – O que é descrito como o Dia do Senhor não é um dia literal, mas a Tribulação, o tempo em que Deus julgará o pecado e o pecador. Esse dia são sete anos. E quando se diz que Cristo virá quando não se espera, é que ele virá um dia, no Dia do Senhor. A Vinda de Cristo é todo o período da Tribulação, mas literalmente a segunda vinda é na ultima trombeta, no fim de Apocalipse e isso sem a heresia de John Darby, de uma vinda em duas etapas, a primeira invisível e pré-tribulacional. Isso é heresia, um acréscimo à revelação, desnecessário e humano, portanto, pecador.
(7) Os Novos Céus e a Nova Terra - Apesar de o Dia do Senhor ter um aspecto sombrio , a Tribulação acaba com um novo conceito de Novos Céus e Nova Terra. A idéia bíblica de redenção sempre inclui a terra. O pensamento hebraico via um unidade essencial entre homem e natureza. Os profetas realmente não pensam na terra como apenas um teatro indiferente no qual o homem executa seus deveres normais, mas como a expressão da glória divina. Em lugar algum o Antigo Testamento prega a esperança de uma redenção incorpórea, imaterial, meramente “espiritual”, como o faz o pensamento grego. A terra é o cenário divinamente arranjado para a existência humana. Mais tarde, a terra foi envolvida na maldade trazida pelo pecado. Há um inter-relação entre a natureza e a vida moral do homem; por causa disso, a terra tem de tomar parte da redenção final de Deus”
Mas como ler o Antigo Testamento? A pergunta ainda persiste, pois ao observarmos os sete pontos do Antigo Testamento, devemos compreender a todos como uma esperança futura, escatológica. O Velho Testamento era movido por uma esperança que se cumpriria apenas no Novo Testamento.
E essa idéia de que um dia Deus realizaria a benção, devido à quantidade de Antigo Testamento que ouvimos diariamente, nos faz esperar uma esperança futura e não presente. Tirando apenas O Dia do Senhor e Os Novos Céus e a nova Terra, que são os dois últimos pontos da nossa lista, os cinco pontos anteriores se cumpriram no Novo Testamento.
A nossa Teologia pregada em muitas de nossas igrejas precisa ser revista. Falamos e pensamos em termos de que um dia Deus fará, um dia Deus dará, um dia acontecerá e não vivemos a plenitude do Novo Testamento.
Nós oramos: Senhor, me cura, Senhor me dá, Senhor me atende e não percebemos que no Novo Testamento nós já estamos curados, O Senhor já deu, seja o que for, e o Senhor nos atende. Mas só recebemos essas bênçãos pela fé, acreditando em quem falou e o que falou. Muito do que vivemos é falta de fé. Muitas de nossas pregações colocam duvidas sobre o caráter de Deus. Muito disso é a pregação do Antigo Testamento que era claramente escatológica, olhando para o futuro. Mas nós cristãos do Novo Testamento somos o futuro. Jesus ordenava que a doença saísse, ele profetizava a benção, ele vivia em plenitude do hoje. Muitos de nós vivem em termos de um dia Deus vai dar, um dia Deus vai fazer, um dia, no futuro, vou ter a solução do meu problema e essa solução não chega nunca.
A pregação do Antigo Testamento sem ser revisto pelo Novo cria crentes do Antigo Testamento no Novo Testamento ( !? ). O que por si só é esquisito até de falar. Se a igreja prega uma Teologia errada, vai ensinar errado.
Mas não podemos dizer que a culpa é exclusiva dessas igrejas, pois todo mundo tem Bíblia e tem por obrigação de a ler e compreende-la. Muita gente que foi enganado se deixou ser enganado. Eu sempre fui, desde os meus primeiros passos no Evangelho, um estudioso. Eu prestava atenção ao que o pregador falava e ia estudar em casa, ia meditar, ia orar. Como sempre li muito, com menos de um ano, eu já havia superado em muita coisa a Teologia da minha primeira igreja: Assembléia de Deus do Jardim Carumbé - SP.
O nosso querido irmão Raphael, começa as suas pregações dizendo que não é para acreditar em nada do que ele vai dizer. Anote, examine ,estude em casa, leia sua Bíblia e ore, para saber se é ou não de Deus a Teologia que estou ensinando. Só faz isso quem tem certeza absoluta do que faz.
Amém
Fique na paz.