Na cruz o absoluto de Deus
Pe. Geovane Saraiva*
A humanidade não cessa de contemplar, agradecida, a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, na certeza da glória e da salvação no mistério do Filho de Deus exaltado da terra. É Jesus mesmo que nos promete e nos assegura a felicidade, ao ser exaltado da terra, não apenas num futuro longe e distante, lá na eternidade, na vida futura ou vindoura, mas já aqui na terra. A decisão é nossa e consiste em abraçar o apaixonante projeto do nosso bom Deus, que nos assegura: “Quando eu for exaltado da terra, atrairei todos a mim” (Cf. Jo 12, 32).
Que Deus nos dê a graça de mais e melhor compreendermos o Seu insondável mistério, do qual somos chamados a participar, colocando-nos de um modo solidário diante de tão grande e excelso favor, associados, evidentemente, a Maria, mãe solícita, disponível e servidora. Que o Cristo exaltado na cruz seja memória clara, e que não paire dúvida sobre a redenção do gênero humano, sensibilizando-nos a proclamar bem alto e até mesmo gritar o Evangelho de Jesus com a própria vida, na assertiva do bem-aventurado Charles de Foucauld: “Tão logo que acreditei existir um Deus, compreendi que só podia fazer uma única coisa: viver só para Ele”.
O mistério da cruz de Cristo é enorme e ensina-nos que a salvação é definitiva, que temos que nos afastar do relativo e abraçar o absoluto. Também nos ensina que temos que nos convencer sempre mais de que o sonho de Deus, que é paz, justiça, concórdia e solidariedade, é tarefa de todos. Que a vida se constitui do viver bem neste mundo, na lógica do projeto de Deus, que quer dizer que devemos andar na direção do reino de amor, inaugurado por Jesus de Nazaré, em sua entrega e exaltação.
Como a cruz de Cristo é ampla, numa abrangência a conduzir ao mistério da contemplação, mas como sinal do amor maior, imprimindo na mente e no coração das pessoas o olhar solidário de Jesus de Nazaré, sem que nunca se esqueça dos pontos da mãe Terra, onde residem criaturas humanas em situação infra-humana ou em estado de rejeição ou abandono. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).