PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA
(Mt 14,1-12)(31/07/21).
Caríssimos, em tudo neste mundo há sempre um contraste, uma dualidade que provoca uma tomada de decisão de nossa parte baseada em nosso livre arbítrio. Em outras palavras, estamos dentro de uma guerra espiritual cujo campo de batalha é a nossa mente aonde chegam os pensamentos bons ou maus, porém, a depender de nossas escolhas e decisões, ganhamos ou perdemos essa guerra. A graça para vence-la é de Deus, porém, cabe a nós po-la em prática.
O Evangelho de hoje narra o martírio de são João Batista, que segundo o Senhor Jesus, dos homens nascidos de mulher, João foi o maior, por sua missão e humildade. E nesse episódio vemos claramente esse contraste, essa dualidade, essa guerra entre o bem e o mal. Por um lado, Herodes, com seu pecado de adultério, com sua falsa credulidade, e hipocrisia homicida.
Ao contrário de tudo isso, vemos João Batista, que anuncia a verdade como remédio que cura, liberta e salva, porém, foi mal interpretado, julgado e condenado por Herodes, Herodíades e a sua filha, como também por todos os participantes deste trágico tribunal, onde a vítima inocente, foi condenada impiedosamente sem direito sequer a um justo julgamento.
Discorrendo sobre a vida de João Batista, escreveu o Beato Guerric de Igny (abade cisterciense
3.º Sermão para a natividade de João Batista, SC 202): "Devem os homens maravilhar-se, pois, por João ter sido predito pelos profetas, por ter sido anunciado por um anjo, por ter nascido de pais tão santos e nobres, ainda que idosos e estéreis.
Por ter preparado o caminho ao Redentor no deserto, por ter feito voltar o coração dos pais a seus filhos e o dos filhos a seus pais (cf Lc 1,17), por ter sido digno de batizar o Filho, por ter ouvido o Pai, por ter visto o Espírito Santo em forma corpórea (cf Lc 3,22), por ter lutado até à morte pela verdade e por ter sido mártir de Cristo antes da Paixão, para ser o percursor de Cristo até à morada dos mortos.
Quanto a nós, irmãos, é a sua humildade que nos é proposta como objeto de admiração, mas também de imitação. A humildade incitou-o a não querer passar por grande, quando podia tê-lo feito. De fato, este fiel «amigo do Esposo» (Jo 3,29), que amava o seu Senhor mais do que a si próprio, desejava «diminuir» para que Ele pudesse «crescer» (Jo 3,30), e quis tornar maior a glória de Cristo fazendo-se a si próprio mais pequeno. Deste modo, pôde exprimir com a sua conduta o que disse o apóstolo Paulo: «Não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo Jesus, o Senhor» (2Cor 4,5)."
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.