ORAÇÃO
Certa ocasião, Jesus estava orando em um determinado lugar; quando concluiu, um dos Seus discípulos lhe solicitou: Senhor, ensina-nos a orar, assim como João ensinou aos discípulos dele (Lc 11.1). Nos versículos seguintes referente a essa mesma passagem, o Senhor Jesus passou a ensiná-los a tão conhecida oração do Pai Nosso. Todavia, nesse breve artigo não pretendo discorrer sobre as partes, ou sentenças que envolvem a oração modelo, mas com base no pedido que os discípulos fizeram ao Senhor Jesus: “Ensina-nos a orar,” me proponho apenas a responder biblicamente de modo (bem resumido) as seguintes questões: O que é oração? Por que devemos orar? E, como devemos orar?
O que é oração?
A palavra grega προσεύχομαι proseuchomai, (oração), significa: “falar com Deus, ou fazer pedidos a Deus” – (orar). Dessa maneira entendemos que oração é mais do que um exercício piedoso; oração é relacionamento (Mt 6.6; Dn 6.10). Desde as primeiras páginas da Bíblia, podemos observar claramente que Deus é um ser que se relaciona, pois nos criou à Sua imagem e semelhança para nos relacionarmos com Ele. Orar é relacionar-se com Deus, é ter um encontro pessoal e íntimo, é falar com Aquele que quer se relacionar com o Seu povo:
"Buscai ao Senhor e o seu poder; buscai a sua face continuamente” (1Cr 16.11). “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar; invocai-o enquanto está perto” (Is 55.6). “Jesus contou-lhes uma parábola sobre o dever de orar sempre, sem jamais esmorecer (Lc 18.1). “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41). Thomas Watson diz que “a oração é uma ordenança gloriosa, que proporciona o relacionamento da alma com o céu. Deus vem até nós pelo Seu Espírito, e nós vamos até Ele por meio da oração”.
Porque devemos orar?
Particularmente acredito que todo crente que leva a sério a vida cristã, certamente se preocupa com a sua vida de oração, mas porque a Igreja deve orar? A esta pergunta muitos crentes certamente irão responder: “Eu oro porque preciso da cura de minha enfermidade; uns vão dizer que oram porque precisam de um milagre da parte de Deus; outros argumentam que oram porque precisam de um carro novo, ou de uma casa nova; ainda existem aqueles que oram só porque precisam ganhar mais dinheiro, ou porque querem ser ricos”. Contudo, orar vai muito além do que pedir a Deus que realize todos os nossos desejos pessoais. Orar é muito mais que pedir as bênçãos de Deus, orar é alegrar-se em Deus, porque Deus é infinitamente melhor que suas ricas bênçãos. Nós oramos porque é uma ordem de Deus e mesmo que não tivéssemos a menor compreensão do porque nós oramos, nós deveríamos orar como sinal de obediência a Sua vontade: “Orai sem sessar” (1Ts 5.17). Mas, não oramos só por isso!
Todo cristão verdadeiro, sente enorme prazer em falar com Deus através da oração porque esse é o meio que Deus escolheu para que pudéssemos nos comunicar com Ele. Quando oramos nós adoramos a Deus, agradecemos a Ele por tudo, confessamos os nossos pecados, reconhecemos que Ele é Soberano, Justo, Santo, Eterno, Imutável, Todo Poderoso e que a Sua misericórdia se estende de geração em geração “sobre os que o temem” (Lc 1.50). Oramos porque somos completamente dependentes do Seu amor, de sua graça e misericórdia.
Como devemos orar?
Se por um lado a nossa oração deve ser dirigida a Deus (Pai), no Nome do Filho (Jesus), no poder do (Espírito Santo) e com fé, crendo que Deus existe e que é poderoso para recompensar aqueles que o buscam; por outro lado a oração nunca deve ser dirigida a imagens de escultura de qualquer espécie, nem a anjos, ou aos mortos com “intercessão” dos santos criados pelas mentes dos homens e nem em qualquer outro nome, ou mediadora, porque a Bíblia ensina que “há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5).
A oração é o meio escolhido por Deus pelo qual os verdadeiros cristãos possam obter dele o que lhe pedirem, sob a condição de lhe pedirem as coisas que estão de acordo com a vontade dele em Sua Palavra. Dessa forma, todo cristão consciente dessa verdade, deve sempre orar em plena submissão à vontade de Deus, e não impor sua própria vontade a Deus.
Devemos orar pelas coisas agradáveis a vontade de Deus, revelada em Sua Palavra, conforme escreveu o apóstolo João: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, Ele nos ouve” (1Jo 5.14). Não devemos apresentar a Deus os desejos ilícitos, ou seja, petições com a motivação errada para satisfazer os nossos prazeres (Tg 4.3). A Bíblia ensina que devemos orar assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.9,10). Deus estabeleceu condições claras em Sua Palavra para nos relacionarmos com Ele e para termos êxito em nossas orações.
Mas, nos dias de hoje, temos visto muitos falsos mestres ensinando que a “oração da fé” precisa determinar para Deus o que “Ele tem que fazer” em relação ao que queremos, ou seja, segundo esse pensamento no fim das contas é a vontade do homem que prevalece sobre a vontade de Deus. QUE TOLICE! Infelizmente essa é a tendência do "cristianismo moderno" nos dias de hoje. Podemos notar que na grande maioria dos livros escritos e dos sermões pregados sobre oração, o homem “domina o cenário quase completamente”; fala-se das condições que nós devemos preencher, das promessas que nós devemos reivindicar, das coisas que nós devemos fazer, para que nossos pedidos sejam atendidos, mas as exigências de Deus, os direitos de Deus, a glória de Deus, são frequentemente deixados de lado. Muito cuidado! Esse ensino é falso – demoníaco – completamente anti-bíblico.
Um texto muito usado, porém, de maneira distorcida para tentar defender esse falso ensino é o de (Jo 14.13), quando o próprio Senhor Jesus disse: “E tudo quanto pedirdes em meu Nome, Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho”? (Jo 14.13). É verdade, temos que admitir que foi o próprio Cristo que afirmou isso! Porém, essa promessa não é uma forma adequada para sujeitar a vontade de Deus aos nossos desejos. As palavras de Jesus aqui, está em perfeita harmonia com o registro de João em sua carta: “Se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, Ele nos ouve” (1Jo 5.14). Teologicamente, reconhecemos que pedir ao Pai, em Nome de Jesus Cristo, é a maneira certa de orar, porém, requerer algo a Deus, em nome Cristo é pedir o que Ele pediria [o que agrada e glorifica a Deus]. Quando os filhos de Deus oram, Ele ouve, e responde, porém, determina condições claras para sermos atendidos.
Deus ouvirá a minha oração! (Mq 7.7).
JESUS FAZ A DIFERENÇA.