"LIDER RELIGIOSO" QUE COLOCA SEU DISCURSO E SUA IGREJA A SERVIÇO DE POLÍTICO A ou B NÃO ESTÁ FAZENDO UM TRABALHO CELESTIAL

Jesus viveu num ambiente e contexto em que a nação israelita , a exemplo de hoje , estava dividida em grupos e partidos políticos de tendências diversas : saduceus, fariseus, essênios, zelotes , herodianos , dentre outros. Havia , portanto , variadas ideologias e comportamentos abrigados sob a égide desses partidos e grupos.

Para se ter uma ideia da gravidade do "caldeirão" ideológico , basta relembrar que Israel estava sob o domínio de Roma e que os líderes religiosos proeminentes eram aliados políticos do imperador romano , Otávio Augusto.

Analisando do ponto de vista humano , seria até natural que Jesus se aliasse a um dos grupos que lutavam contra Roma reivindicando a libertação da nação judaica , mas não foi isto que Jesus fez.

Ele poderia , por exemplo, ter se associado aos zelotes que formavam um partido judaico nacionalista que se insurgiu contra Roma.

É provável que tenha sido pressionado por membros desse partido para se associar a ele, mas os evangelhos e nenhuma outra fonte histórica dão indícios da adesão de Jesus a grupos ou partidos ou a defesa de alguma linha ideológica da época.

Foi crítico ferrenho dos fariseus , grupo sacerdotal judeu mais famoso desse período , tampouco deixou de ser muito duro com os escribas , grupo intelectual estudioso das "Escrituras" que as interpretava para o povo , sobre o qual exerciam muita influência.

Certa vez , Jesus foi incisivo com esses dois grupos ao afirmar: "...Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.

Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens , mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade..." , ou seja , ao invés de se aliar a tais grupos que se apresentavam como solução , Jesus os censurou e focou ainda mais no seu propósito: anunciar as Boas Novas.

Fazendo um comparativo , mesmo superficial com a postura de Jesus com o comportamento e atitudes dos líderes religiosos da atualidade , percebe-se , com facilidade , que esses líderes realizam um trabalho muito ao contrário do que seria um trabalho celestial. Distorcerem o evangelho para apoiar e defender , de forma veemente , políticos totalmente desalinhados com propósitos de justiça , respeito e igualdade social .

Que não respeitam quem pensa diferente deles , que discriminam , que dividem a sociedade em nome da ideologia que professam. Certamente, os líderes da época de Jesus que supostamente o procuraram para aliar-se a eles tinham ideias e atitudes mais nobres do que as praticadas por esse "líderes" religiosos da atualidade , mesmo assim suas propostas foram rejeitadas por Jesus.

Pior: esses "pastores" se aproveitam da audiência dos membros de sua denominações para doutriná-los com o objetivo de apoiarem o político ou partido que eles consideram defensores do "projeto de Deus". Para isto , usam o próprio púlpito da igreja , as Redes Sociais, Canais de TV , rádios e outros meios de mídia.

Alguns desses líderes gostam de ostentar com presença no palanque ao lado do político preferido ou no próprio púlpito de suas igrejas. sinceramente , será que JESUS se prestaria a um serviço dessa natureza?

Será que esses líderes religiosos estão preocupados em contribuir para melhorar as condições socioeconômicas do país? Será que lutam por um Brasil mais justo , solidário e fraterno?

- Suas práticas mostram que não.

Marcos Antonio Vasconcelos Rodrigues -autor do livro "Palavras do meu sentimento" , professor concursado da Rede Pública de Ensino.

Publicado no Recanto das Letras

OBS.: continua. Texto em elaboração.