A esperança Messiânica

Apesar de conhecermos o termo Messias pelos escritos judaico-cristãos, a figura de um salvador com as mesmas atribuições está presente em diversas outras culturas. Desde o Nepal com Sidarta Gautama , chamado de Buda, (sec.VI a.C), a Krisna na Índia, (Séc. VII a.C), ou mesmo mais recentes da figura do Mahdi dos muçulmanos, que teve em ibne Tumarte no Marrocos, (Séc. XII d.C) seu representante mais proeminente.

Entretanto, temos que admitir sim, que o conceito messiânico que conhecemos é hebraico. E de lá encontrou as outras figuras de caráteres similares no mundo e na história. É, antes de ser o símbolo da esperança de um rei libertador, uma figura política e severa, um rei que governará o seu povo reunificando-o no seio da Cidade Sagrada, Jerusalém, onde reconstruirá o Templo Sagrado, mas que a partir desta sede influenciará o mundo todo numa nova era de paz e união, e ainda de prosperidade. É, portanto uma figura política e militar. Um general, um guerreiro libertador e um soberano aceito e sacralizado pelo povo, com a unção de Deus, o Eterno. Vemos aqui que a figura do Messias salvador dos pecados e que morre por estes pecadores, visualizando um lar celestial simplesmente não existe para o povo de Israel. Este é o Messias cristão, criado para outra realidade. Para o judeu a adoração de um homem, mesmo sendo o Messias, é ato abominável diante do Eterno, idolatria em pleno descumprimento das leis do Decálogo - os chamados Dez Mandamentos.

Para conhecermos de fato o que se esperava deste Messias salvador, esperança esta que culminará na crença em Jesus como este personagem, precisamos voltar os nossos olhos ao Torá e o Tanach, os livros do Antigo Testamento, a Bíblia Hebraica. É lá que vamos encontrar nos registros proféticos as citações que nos darão balizas para investigarmos as origens da esperança messiânica, e seus atores proeminentes.

Mas não somente lá estão as fontes de investigação, mas ainda temos o Talmude, conjunto de literatura produzida por sábios rabinos a partir da formação do Judaísmo Rabínico, um pensamento criado a partir da chamada diáspora babilônica, também chamado rabbinismo , ou judaísmo adotado pelos rabbanitas, que tem sido a principal forma de judaísmo desde o século VI d.C , após a codificação do Talmude babilônico . Crescendo a partir do judaísmo farisaico, o judaísmo rabínico é baseado na crença de que, no Monte Sinai Moisés recebeu de Deus a Torá Escrita (Pentateuco) e a “Torá Oral”, "sendo entendimentos e interpretações reduzidos apenas mais tarde à escrita, e que Moisés transmitiu a Torá Escrita e Oral ao povo. Dentre os sábios mais destacados desta corrente encontramos Maimônides. Nascido em Córdoba, império almorávida (atual Espanha) na véspera da Páscoa em 1138, trabalhou como rabino , médico e filósofo em Marrocos e Egito. Ele morreu no Egito em 12 de dezembro de 1204, de onde seu corpo foi levado para a Baixa Galiléia e enterrado em Tiberíades. Ele é quem escreve “Os Treze Princípios de Fé Judaica” que são uma das declarações mais claras e concisas da crença judaica. São, de fato, sua pedra fundamental. Maimônides foi o maior codificador e filósofo na História Judaica. Também conhecido como Rambam (Rabenu Moshe ben Maimon), Maimônides estudou a totalidade da literatura judaica sagrada e codificou os princípios do judaísmo. O Povo Judeu aceitou esses princípios como a crença clara e inequívoca do judaísmo. São uma codificação de toda a fé judaica a partir dos estudos e da guarda da Torá e dos Tanach. Na verdade uma profissão de fé baseada, inclusive nos cumprimentos das profecias. É justamente neste documento que podemos encontrar a maior das suscitações sobre a esperança messiânica do povo judeu explícita no décimo segundo princípio:

“Creio com plena fé na vinda de Mashiach. Mesmo que demore, esperarei por sua vinda a cada dia”.

A crença na vinda do Mashiach é um dos princípios fundamentais do judaísmo. Infelizmente, esse conceito criou muitas divisões e disputas entre indivíduos, nações e religiões. Cada pessoa e cada grupo religioso têm direito a ter suas próprias opiniões, inclusive sobre a identidade do Messias, sobre quando ele virá e sobre o que ocorrerá na Era Messiânica.

No entanto, é importante observar o seguinte: o judaísmo apresentou ao mundo o conceito do Mashiach. Portanto, se buscamos conhecer objetivamente o assunto, temos que procurar em sua fonte original.

Segundo o judaísmo, para que um homem seja o Messias, é necessário que preencha as seguintes condições: seus pais precisam ter sido judeus e ele precisa ser descendente da Casa de David. Portanto, o Messias e todos os seus antepassados paternos têm que pertencer à tribo de Yehudá. Um Cohen ou Levi, por exemplo, não pode ser o Messias.

O Mashiach será um grande líder e um profeta, um Tzadik e um Sábio que irá seguir meticulosamente a Torá Escrita e a Torá Oral. Ele irá liderar todos os judeus de volta ao caminho do judaísmo e fortalecerá o cumprimento de suas leis.

Além de possuir tais qualidades, há certas coisas que o Messias precisa fazer para comprovar ser quem é. Precisa construir o Templo Sagrado de Jerusalém e reunir todos os judeus que vivem na Diáspora e levá-los à Terra de Israel. Ele, então trará uma era de paz para todo o mundo. Liderará este mundo à sua perfeição e levará todos os seres humanos – judeus ou não – a servirem a D’us em unidade.

Na Era Messiânica, não haverá idolatria, roubo nem injustiça. Não haverá guerras nem fome. A inveja e a competição deixarão de existir, pois todas as coisas boas abundarão e todos os tipos de delícias serão comuns como o pó da terra. A principal ocupação da humanidade será conhecer D’us. Nas palavras do profeta Isaías: “… porque a Terra estará repleta do conhecimento do Eterno, como as águas cobrem o mar” (Isaías, 11:9). (História dos judeus no Egito § Domínio árabe - 641 a 1250).

Assim sendo, parece-nos que já temos uma boa base para entendermos como se dá a esperança messiânica que acaba por desaguar no Cristo e no Cristianismo.

Trecho do livro: "O Último Messias Solar"

AUTOR: ZEZINHO FRANÇA

Zezinho França
Enviado por Zezinho França em 30/04/2021
Código do texto: T7245112
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