Saber sem sabedoria apaga a vida e o amor.
Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. (Tiago 3:13-14). Estes versículos fazem parte da passagem em que Tiago faz uma suave dissertação sobre a sabedoria advinda do alto.
Aqui é como se Tiago voltasse ao início do capítulo. Parafraseando o que ele disse fica mais ou menos assim:
"Se alguém de vocês que deseja ser um verdadeiro sábio ou um verdadeiro mestre? Então que viva uma vida de autêntica benignidade mostrando assim a todos que a bondade faz morada em seu ser, e que ela controla o seu coração. Porque se você padecer de um fanático sentir será dominado pela ambição pessoal, e não importa se você estiver cheio de boas intensões, no final de tudo a arrogância, o tornará infiel à verdade que você pretende ensinar".
Nos versículos acima Tiago faz uso de duas palavras interessantes. O termo que Tiago usa para expressar a ideia de ciúmes é zelos (ζηλος) que no grego é uma palavra muito significativa. Frequentemente significa a nobre rivalidade que uma pessoa experimenta frente à grandeza e à bondade. Mas há uma linha divisória muito sutil entre a rivalidade que nos leva a querer ser bom como a bondade, e a perniciosidade da inveja ou do ciúme.
O outro vocábulo usado por Tiago eritheia (εριθεια), originalmente não era uma palavra que tinha mau significado. Pois ela significava um pagamento, e se referia às mulheres da servidão. Logo veio a significar a remuneração de qualquer trabalho. Depois chegou a significar qualquer tipo de ação ou atitude que visava exclusivamente obter algum benefício. Com a deterioração da palavra ela chegou ao terreno da política e significou a egoísta ambição de quem se preocupa unicamente consigo mesmo e nada mais, ou seja, a atitude daquele que está disposto a intrigar e tramar utilizando toda classe de meios para o benefício de sua própria economia.
Aqui vemos como o coração de uma pessoa pode deixar-se corromper pelo falso saber, e o torto conhecer. E então vemos a diferença entre o saber e a sabedoria. Pois devemos entender que o saber sem sabedoria nos levará a julgar, a sermos intolerantes, promovermos a culpa e a condenar. Pois o saber sem sabedoria baliza-se somente em diplomas de mestres e doutorados e assim por diante.
Mas quando o saber se banha na viva água da sabedoria, ele usa o conhecer para tolerar, para perdoar, para confortar, para amar e ser misericordioso. Pois a sabedoria sempre tem como base e como ética os ensinamento de Deus. Que cada um de nós pergunte a si mesmo: “O meu saber tem ou não a ver com a sabedoria do amor de Deus?” Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.
(Molivars).