Dia Mundial da Água
Padre Geovane Saraiva*
No aviso de Deus, de concluir uma aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, todos são convidados, de coração aberto, a renovarem essa aliança, que é a promessa de Deus. Renovar a aliança significa, evidentemente, seguir os passos de Cristo, na doação generosa e na oferta da própria vida, aliança esta imprimida no interior, nas entranhas e no coração da criatura humana, pela renovação espiritual do batismo, mas na alegoria dos consequentes feitos do grão de trigo, ao morrer e desaparecer; germinar, crescer e produzir muitos e bons frutos.
Na nova aliança está a maior prova de amor e fidelidade do Filho, na sua incondicional obediência ao Pai. O que se quer de Deus para todos é a graça da sua renovação espiritual, como fonte de água viva a saciar a sede da humanidade, que, conforme as palavras do Papa Francisco, “para nós, crentes, a irmã água não é uma mercadoria, é um símbolo universal e é fonte de vida e saúde”. Segundo dados da ONU, 40% da população mundial não têm acesso à água. A comemoração do Dia Mundial da Água (22 de março) bem que nos ajuda a perceber a magnitude dos desafios de toda natureza.
Considera-se o relacionamento humano, com a pandemia a fragilizar o mundo, mesmo todo interligado, como muros de separações. Com todas as facilidades e meios modernos de aproximação do mundo hodierno, temos o maior e mais grave de todos os males em questão, pelo drama polarizante no conflituoso convívio, com negativas repercussões globais, em meio ao que existe de mais malévolo e deplorável: obscurantismo, insciência e negacionismo.
Um louvor de gratidão pela irmã água, criatura de Deus, que, segundo Francisco de Assis, nos ajuda a recordar as inúmeras vezes em que nos foi solicitado o obsequioso gesto de lavar nossas mãos, mais ainda agora como medida preventiva contra a Covid-19. Muito oportuno e conveniente pensar em todos aqueles, por ser a irmã água uma mercadoria preciosa e distante do alcance de um número incontável de pessoas, sem poder abrir suas torneiras para lavar as mãos e o corpo, isso porque nem elas mesmas a possuem, tornando um sonho muito remoto, aquele mesmo sonho elementar que aqui no Brasil já se escutou no passado: “Água e saneamento básico para todos”.
Água é essencial à vida e sem ela a criatura humana não pode jamais subsistir, o gado e todos animais se extinguem, os campos se transformam em áridos desertos, num sinal e símbolo da morte. Portanto, comemorar o Dia Mundial da Água, na restauradora compreensão de que água para todos pode mudar a vida e a própria história, significa dizer que a vida pede coragem, com respostas que venham em socorro e favoreçam a humanidade no seu todo. Esse é o grande e maior desafio.
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).