Eram aproximadamente 05h00. Não dormi direito. Vaguei pela casa buscando o meu sono. Não veio. Eram tantas preocupações (algumas bobas na verdade) que deixei a ansiedade tomar conta da minha paz. Abri a porta do quintal em busca de algo que não sabia direito que procurava. Estava um vento tão gelado que pude sentir a pele arrepiar. O céu estava cinza, parecia que refletia o meu estado de espírito. Ch(orei). O tempo lá fora parecia tão fechado quanto aqui dentro. O meu coração se contorcia de culpa e dor por não estar conseguindo me ajudar, nem me entender. “Quando isso vai passar?”, pensei. Passado alguns minutos um feixe de luz incidiu sobre meu rosto. As nuvens se locomoviam como se estivessem se retirando e anunciando a próxima atração. Cada vez mais e mais luzes cobriam o céu, um espetáculo de cores anunciava um novo dia. Enquanto observava cada detalhe, orava baixinho com sinceridade: “Ó Senhor, quão fraca é minha força e tão frágil é meu vigor, minha esperança já estava se esvaindo por completo, mas em tua obra divina confio para me conduzir ao caminho da fé, graças dou por sua paciência onde repousa minha confiança, mesmo tão fraca, encontro força na tua graça, me ajude a cada dia não esquecer que minha vida está segura em tuas mãos”. Agora o vento não era mais tão gelado assim. Meu coração se aquecia na esperança de que tempos fechados não duram para sempre. Deus me deu o entendimento de que as trevas que se colocam em nossos dias em alguns momentos e os pintam de cinza não tem o poder de resistir à luz que vem dEle, elas apenas antecedem o grande espetáculo que estar por vir, planejado pelo nosso Criador. Permiti que naquele momento a luz que vinha dEle invadisse o meu coração e aquecesse a minha alma, preenchendo o meu ser de sentimentos bons e confiança nos seus caminhos. Nos primeiros raios de sol daquele dia, a dor de mim fugia, e ao contemplar teu esplendor não quis nada mais além de agradecer pelo teu amor e cuidado capaz de curar uma alma aflita, um tamanho tesouro que eu tinha o privilegio de ter comigo, me senti tão abençoada, minha alma estava em paz e eu sabia que tinha um Deus cuidando de mim. Desde então, sempre que sinto tamanha agonia, contemplo a Tua obra e lembro: “Quão grandes são, ó Senhor, as tuas obras! Quão profundos são os teus pensamentos!” (Salmos 92.5).
     Vejam bem, seus pensamentos são profundos! Quando pensamos em respostas para nossos problemas, a nossa mente limitada e egoísta só pensa no nosso “eu”, mas, quando Deus pensa na resposta para o nosso problema, Ele vai além, muito além! Além de confortar minha alma naquele dia com seu show de criatividade no céu, confrontou meu ser me fazendo pensar em outras dores, e eu finalmente tinha cansado. Ó Senhor, cansei de me importar com meus problemas bobos e perder meu sono por vãs preocupações, cansei de dá espaço a um egoísmo que me tira a paz. Há tantas dores no mundo, dores de um povo perdido, que não respira teu ar, que está sufocando em um mar de mentiras, falsidade e injustiça. Como vivem afinal quem não te conhece? De onde vem à força daqueles que não sabem que seu poder se aperfeiçoa na fraqueza? Como são consolados aqueles que não sabem que o Senhor prometeu enxugar dos nossos olhos toda lágrima? Como descansam aqueles que não sabem que há repouso em Ti? Faz-me um instrumento de informação sobre Ti e teu Reino, sim Senhor, como Davi contarei das tuas grandezas e maravilhas. Troco meus pensamentos ansiosos pelo teu sopro de paz. Troco minhas preocupações bobas pelas preocupações por um povo doente que não conhece tua palavra. Troco meu medo por tua coragem. E assim, enfim, entrego minha vida em busca do contentamento na contemplação de tuas grandes obras.
Abra a Porta e Débora Thamyres
Enviado por Abra a Porta em 08/03/2021
Código do texto: T7201294
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.