CIÊNCIA E RELIGIÃO - CONFUTANDO FELIPE AQUINO

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Em seu livro “Para entender a Inquisição”, o radialista Felipe Aquino, católico reacionário e negacionista, escreve o seguinte: «Por que é que o desenvolvimento ocorreu somente em área cristã, e não fora desta? Por que, hoje ainda, dos dez países mais evoluídos e ricos do mundo nove são de tradição cristã? [...]: há na mensagem cristã alguma coisa que leva os germens do desenvolvimento e do progresso». Ele afirma também que o ambiente católico, rigidamente controlado pela Santa Inquisição, representou um contexto ideal, se não o único possível, para o desenvolvimento do pensamento científico.

Ao longo desse artigo iremos confutar, com argumentos sólidos e bem fundamentados, as teses de Aquino mostrando que não apenas a Igreja não favoreceu o crescimento científico e cultural da Europa Medieval e Moderna, mas o obstaculou de forma considerável.

Antes de tudo é falso afirmar que a Ciência foi monopólio do mundo ocidental cristão porque sabemos que, pelo menos até o final do século XIII a tecnologia chinesa estava bem mais progredida que a nossa. Bem naquele século, o matemático Qin Jiushao descobriu um método de resolução de equações que não foi encontrado no Ocidente até o século XVII, quando Isaac Newton criou uma abordagem muito semelhante. Sempre a respeito da realidade chinesa, o historiador francês Paul Hazard (1878-1944) comprovou que os Jesuítas enviados para evangelizar a China se depararam com uma civilização grandiosa, pacífica, culturalmente rica, mas ateia e impermeável à revelação. A constatação que existia uma civilização não baseada na metafísica cristã representava a prova que podia haver uma moral sem religião.

Outrossim, é interessante observar que a matemática na Índia e na Pérsia foram muito mais avançadas daquela da Europa cristã até o final do século XVII. O matemático persa Al-Khwarizmi (IX século), que foi também astrônomo e geógrafo, é tido como sendo o fundador da álgebra, crédito que compartilha com Diofanto; de seu nome vem a palavra algoritmo. O matemático indiano Pingala (século III a.C.) apresentou a primeira descrição conhecida de um sistema numérico binário, do triângulo de Pascal e as ideias básicas dos números de Fibonacci.

Outra falsidade contida no livro de Aquino é a afirmação que a Ciência europeia nasceu entre o fim da Idade Média e a Era Moderna. O Prof. Lucio Russo, cientista e escritor italiano, em seu livro “La Rivoluzione Dimenticata” (A Revolução Esquecida) de 2007, demonstra como a Ciência surgiu nas cidades da Grécia e do Mediterrâneo Oriental durante o Helenismo (323-146 a.C.), uma época de regra erroneamente considerada de decadência, se comparada com a fase clássica da civilização grega. Durante o Helenísmo foram obtidos grandes resultados na matemática, na óptica, na hidráulica, na pneumática, na astronomia, na tecnologia e na medicina. Para isso basta lembrar nomes como Euclides, considerado o “pai da geometria” e autor do famoso livro “Os Elementos”, o texto didático mais utilizado de todos os tempos, segundo somente à Bíblia como número de cópias vendidas. Não menos importante foi Arquimedes, um dos maiores gênios da humanidade, fundador da hidrostática e da física. Descobridor do método matemático da exaustão, Arquimedes teve uma importância decisiva no surgimento da ciência moderna, tendo influenciado, entre outros, Galileu Galilei, Christiaan Huygens e Isaac Newton.

Outro nome importante é o de Erófilo que, junto com Erasístrato, fundou a famosa Escola de Medicina de Alexandria onde, entre outras coisas, estudou o cérebro, reconhecendo tal órgão como o centro do sistema nervoso e da inteligência.

Lembramos também Eratóstenes, o primeiro geômetra a medir a circunferência da terra com um erro de apenas 300 quilômetros.

É oportuno citar Aristarcos de Samos, o primeiro cientista a propor que a Terra gira em torno do Sol (sistema heliocêntrico) e que a Terra possui movimento de rotação. Aristarco também procurou calcular o diâmetro da Lua em relação ao da Terra, baseando-se na sombra projetada pelo nosso planeta durante um eclipse lunar, concluindo que a Lua tinha um diâmetro três vezes menor que o da Terra, sendo o valor correto de 3,7 vezes.

Nem podemos esquecer de Hiparco, que introduziu o conceito de grandeza, associado ao brilho aparente (e não às dimensões) das estrelas. Ele chamou as estrelas mais luminosas de “primeira grandeza”, prosseguindo até às menos brilhantes, no limite da visibilidade humana, de “sexta grandeza”, sendo essa classificação ainda usada pela moderna astronomia.

Ctesíbio foi o primeiro engenheiro da história que inventou uma série de aparelhos. Pelo seu trabalho sobre a elasticidade do ar Ctesíbio é chamado “pai da pneumática”, isto é, o emprego do ar comprimido como meio auxiliar de trabalho.

Ultimo, mas não último, os matemáticos de época helenística conheciam a notação posicional dos números, a trigonometria plana e esférica, o zero e o conceito de infinito.

Dadas essas premissas, por qual motivo a Ciência não se desenvolveu ainda mais nos séculos sucessivos? As respostas são mais de uma, e vamos considerá-las em ordem cronológica.

Antes de tudo, os centros mais importantes do Mediterrâneo oriental foram progressivamente conquistados e/ou destruídos pelos Romanos, como a cidade de Siracusa na qual Arquimedes foi morto (212 a.C.) por um soldado de Roma. O prof. Russo sublinha que os Romanos do III e II século a. C. ainda não eram come os dos tempos de Augusto, cultos leitores de Virgílio e de Ovídio, mas pessoas muito mais rústicas que viviam numa sociedade pré-científica. O avanço do domínio romano foi um duro golpe para uma Ciência ainda limitada a poucas pessoas, numa época em que não havia livros impressos no papel enquanto os de papiro eram caros, raros e facilmente perecíveis. Além disso, a partir de 145 a.C. Ptolomeu VII Eupátor desencadeou uma perseguição contra a culta classe grega de Alexandria, o centro mais significativo da cultura helenística. Enfim, no ano 30 a.C. o Egito foi conquistado pelos Romanos: a situação se estabilizou e a cultura científica teve a possibilidade de se reerguer vagarosamente, embora de forma bem menos expressiva com relação à época anterior.

Nessa segunda e última fase se destacam cientistas como Cláudio Ptolomeu, lembrado pelos seus trabalhos em matemática, astronomia, geografia e cartografia.

Heron de Alexandria, especialmente conhecido pela fórmula que leva seu nome e se aplica ao cálculo da área do triângulo, ficou famoso por inventar um mecanismo para provar a pressão do ar sobre os corpos, que ficou para a história como o primeiro motor a vapor. Enfim, Diofanto, considerado por muitos como "o pai da álgebra" (junto com Al-Khwarizmi); diferente de seus antepassados, que nos procedimentos de resoluções de problemas utilizavam excessivamente descrições através de palavras sem recorrer a símbolos para representar as incógnitas, Diofanto introduziu no cenário da matemática um novo modo de pensar tendo por base uma abreviação simbólica das quantidades desconhecidas, que é o método atual para escrever as equações.

Teão de Alexandria (pai de Hipácia) notabilizou-se por produzir, em 390 d.C., uma versão mais elaborada da obra "Os Elementos", de Euclides, que sobreviveu até os dias atuais.

Na primeira metade do IV século da nossa era, ocorreu um fato que, em breve, teria acarretado a perda do saber acumulado durante um milênio. O imperador Constantino I deu aos cristãos liberdade de culto e, no final do mesmo século, o imperador Teodósio proibiu todas as outras práticas religiosas desencadeando uma verdadeira “caça aos pagãos” que resultou, além de perseguições, torturas e mortes, na destruição capilar e generalizada de todas as bibliotecas (como a de Alexandria que continha 700.000 livros) seja públicas que particulares. O terror atingiu o clímax quando, em março de 415, a famosa cientista Hipácia foi esfolada e queimada viva em Alexandria. Seus colegas filósofos alexandrinos não demoraram muito para fugir do Império procurando segurança na Pérsia e até na Índia.

Enquanto isso, entre o IV e o V século, com um furor nunca registrado antes, incalculáveis obras de arte foram aniquiladas e os trabalhos dos filósofos censurados; seus livros se tornaram material de combustão para as fogueiras que, com sua sinistra luz, iluminavam dia e noite as cidades de todo o Império Romano. Os poucos livros que escaparam desse triste fim foram oportunamente “reciclados”, ou seja, a pergamena foi raspada e reescrita (palimpsestos). A reutilização do suporte de escrita conduziu à perda de inúmeros textos antigos, desde normas jurídicas em desuso até obras de pensadores e cientistas gregos pré-cristãos. Um dos casos mais famosos é o do palimpsesto de Arquimedes, apagado rudimentarmente e usado para escrever salmos e orações de um convento. Muitos dos resultados obtidos por Arquimedes foram redescobertos pelos matemáticos até 500 anos depois, dando pé à discussão do estado de avanço no qual estaria a civilização atual se este manuscrito tivesse permanecido ao alcance dos sábios meio século antes do seu desaparecimento.

Seria culturalmente desonesto afirmar que a Igreja não fez nada para conservar os produtos culturais da Antiguidade e todos reconhecemos como, nos monastérios da Idade Média, os monges amanuenses dedicaram suas vidas a copiar os manuscritos dos séculos anteriores, obviamente apenas os que haviam escapado do vandalismo clerical. Além disso, os autores pagãos foram discriminados no sentido que suas obras não foram recopiadas com afinco e, destarte, apodreceram nos porões dos monastérios. Foi assim que, por exemplo, todos os trabalhos de Demócrito, um dos maiores filósofos gregos e pai do atomismo, foram perdidos junto com os de outros autores importantes. Foi comprovado que, de todos os textos científicos produzidos no Mundo Antigo, apenas 1-2% chegou até nós.

Além disso, ao longo da Idade Média, a Igreja utilizou a aritmética apenas para fins práticos como, por exemplo, calcular exatamente a data da Páscoa. Pelo resto, alegando que os humanos não podiam investigar a mente de Deus, qualquer estudo em campo teórico foi banido; os algarismos arábicos foram rejeitados, e um decreto florentino de 1299 exigia expressamente que os contadores continuassem usasando os números romanos em detrimento dos árabes, incomensuravelmente mais simples de serem manuseados.

Gostaria de perguntar a Felipe Aquino se nunca se deu conta que Ciência e Religião procederam por caminhos opostos e, durante mais de 1.500 anos, competiram entre elas para fornecer uma explicação racional do que acontece aos seres humanos. As explicações dadas pela Ciência mandaram o homem para a Lua, enquanto as da Religião mandaram Giordano Bruno (e nao apenas ele) para a fogureira. As explicações da medicina produziram os antibióticos que salvaram milhoes de vidas; as explicações do cristianismo produziram a “caça às bruxas” que tirou a vida de centenas de milhares de pessoas inocentes.

Como resultado de tanto fanatismo, um professor de medicina da Universidade de Bolonha, que costumava usar transplantes de pele em cirurgias plásticas, foi acusado de ofender a religião. Qualquer forma de anestesia foi proibida sob a alegação que se Deus desejava o nosso sofrimento e, portanto, tínhamos que aceitá-lo sem procurar amenizá-lo; inclusive, foi considerado melhor, em caso de gravidez ectópica, que a mulher grávida aceitasse a vontade de Deus e morresse, antes que se submeter a qualquer procedimento cirúrgico. Não é por acaso que, até não muitos anos atrás, os hospitais italianos, dominados pelos católicos, registravam o menor consumo de morfina de toda a Europa: o sofrimento, diziam os padres e as freiras, aproxima o paciente a Deus e serve também para purgar os pecados!

Inclusive, a Contrarreforma havia estabelecido que a Igreja fosse a única entidade autorizada a permitir a arte médica. Por isso, durante todo o século XVII, não houve algum avanço significativo tanto que, em muitos aspectos, as práticas médicas dos povos indígenas da América do Sul eram mais eficazes que as da Europa. Os índios realizavam trepanações e amputações, extirpavam tumores e usavam anestésicos; haviam desenvolvido próteses e usavam mandíbulas de formigas como grampos em suturas.

Diante desses fatos inegáveis, Felipe Aquino deveria explicar como o ambiente católico pode ser considerado ideal para desenvolvimento da Ciência se, além de processar e condenar Galileu Galilei, a Igreja reconheceu formalmente o heliocentrismo somente em 1820 com o aval de papa Pio VII.

E não é só isso…

É comprovado que, desde as suas origens, a Igreja sempre hostilizou a cultura, não apenas aquela “laica”, mas até aquela religiosa, entendida como livre acesso às Escrituras. Lembramos aos leitores que o Concilio de Toulouse de 1229 proibiu aos laicos a posse da Bíblia, e o de Terragona de 1234 decretou que as Bíblias traduzidas em vulgar fossem queimadas. As Escrituras, e qualquer análise crítica relativa a elas, foram reservadas aos clérigos e, ocasionalmente, a uns laicos (exclusivamente de sexo masculino), obviamente com a devida permissão do Papa. Consequentemente, toda a produção literária que não fosse dedicada aos elementos fundamentais da fé, foi considerada inútil e até nociva. Logo, papa Paulo IV (em 1559) resolveu emanar uma lista de todos os livros conhecidos que, mesmo de forma branda, dissentissem da religião católica. Esses textos foram reunidos no Index Livrorum Prohibitorum dos quais era proibida tanto a posse quanto a leitura; obras de cientistas, filósofos, enciclopedistas ou pensadores como Dante Alighieri, Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, Giordano Bruno, Nicolau Maquiavel, Erasmo de Roterdão, Baruch de Espinosa, John Locke, Berkeley, Denis Diderot, Blaise Pascal, Thomas Hobbes, René Descartes, Rousseau, Montesquieu, David Hume e Immanuel Kant sumiram das livrarias com grave efeito sobre o panorama cultural do mundo católico. Em particular, por muitos anos, em áreas tão diversas como Quebec, Portugal, Brasil ou Polônia, ficou muito difícil de encontrar cópias de livros banidos, especialmente fora das grandes cidades. É de acreditar que, no pensamento tresloucado de Aquino, este teria sido um sinal de progresso!

O índice foi abolido em 1966 pelo Papa Paulo VI, no entanto, o clero ainda emite um "admonitum", ou advertência sobre os riscos das obras. Isto aconteceu, por exemplo, com "O Código Da Vinci", de Dan Brown e com os livros do personagem Harry Potter, de J. K. Rowling, acusados (pasmem!) de promover a bruxaria entre as crianças.

As consequências do Índice, e da Contrarreforma, foram particularmente pesadas na Italia que, na época, tinha a editoria mais avançada da Europa. Muitas das conquistas científicas e intelectuais do Renascimento foram aniquiladas e a península italiana regrediu tanto a nível cultural como econômico.

Totalmente diferente, para não dizer oposta, foi a situação nas nações protestantes onde a leitura da Bíblia e a sua livre interpretação foram encorajadas constantemente. Uma primeira consequência positiva foi que a grande maioria da população aprendeu a ler (enquanto na Itália, Espanha e Portugal prevaleceu o analfabetismo); em segundo lugar, originou-se um espírito crítico que favoreceu o desenvolvimento da Ciência e da economia. É por esse motivo que os países da Europa e da América do Norte são muito mais desenvolvidos que os da Europa e da América do Sul.

Felipe Aquino, que tenta esconder o sol com a peneira, não pode negar que o Catolicismo contrastou a difusão da instrução e que todos os papas do século XIX se opuseram firmemente à instituição do ensino obrigatário. Papa Pio IX (1792-1878) chegou a declarar que a instrução obrigatória devia ser tida como uma “calamidade pública”. Quanto às Universidades que, de acordo com muitos apologistas teriam nascido na Alta idade Média sob a manta protetora da Igreja, é mister lembrar os seguintes fatos:

1) As primeiras Universidades da Europa surgiram em época grega e romana. A principal foi a Academia Platônica fundada pelo grande filósofo aproximadamente em 384 a.C. Depois de séculos de ensino ininterrupto, foi fechada pelo imperador cristão Justiniano em 529 d.C. Como resultado, um derradeiro grupo de sete filósofos liderados por Damásio (cujo irmão havia sido torturado pelos cristãos) tiveram que fugir do Império Bizantino e buscar amparo na corte do rei persa Cosroes.

2) A partir do século XI surgiram, em toda a Europa, várias Universidades, sendo a primeira a de Bolonha (1088) fundada não pela Igreja, mas por uma livre e laica organização de estudantes denominados Nationes.

3) É errado imaginar que nessas Universidades vigorasse o sistema moderno de liberdade de ensino e de pesquisa. As disciplinas eram limitadas à gramática, dialética e retórica (conjunto do Trívio) e à aritmética, geometria, astronomia e música (conjunto do Quadrívio). Tratava-se, basicamente, da repetição de noções velhas de mais de mil anos que deviam ser decoradas pelos alunos. Não era admitido confutar autores como Aristóteles e Tomás de Aquino, enquanto o estudo dos Atomistas gregos era considerado uma forma de heresia gravíssima. Também, nunca foram permitidos estudos de anatomia humana e nenhum avanço científico significativo foi alcançado durante mais de seis séculos consecutivos. Somente com o advento do Iluminismo e a perda de poder da Igreja Católica iniciou uma era de progresso que continuou ininterrupta até hoje.

Voltando à afirmação inicial de Felipe Aquino, deveríamos nos perguntar por que, apesar da opressão do Catolicismo, a Europa conseguiu alcançar novamente uma posição de destaque no panorama científico internacional. Isso se deve à coragem e ao amor pela verdade de incontáveis cientistas que, desafiando imensos perigos, continuaram secretamente a ler e estudar livros tidos como proibidos, executando experimentos que podiam resultar (e muitas vezes resultaram) na intervenção da Santa Inquisição e na queima na fogueira, como aconteceu com Giordano Bruno.

Foi graças à superioridade moral desses heróis desarmados que a Ciência conseguiu sobreviver e a se reerguer das cinzas, igual à fênix, reconquistando a primacia sobre o obscurantismo e a superstição religiosa.

NOTA: Também esse artigo foi adicionado ao meu E-livro intitulado: "Viagem ao centro do Cristianismo" que pode ser baixado na minha escrivaninha.

Richard Foxe
Enviado por Richard Foxe em 23/02/2021
Reeditado em 24/02/2021
Código do texto: T7191198
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