APOCALIPSE LIÇÃO 7 O TESTEMUNHO DA IGREJA

PRIMEIRA PARTE - O ANJO COM O LIVRINHO NA MÃO

Um hiato é quando há uma interrupção numa série de acontecimentos. Entre as séries de juízos, há hiatos entre o sexto juízo e o sétimo, enfatizando então o ultimo juízo, como o mais grave.

O Comentário Exegético de Grant R. Osborne gastou 14 páginas para explicar o cap. 10 de Apocalipse, que é dividido em duas partes. A primeira parte enfoca a soberania de Deus e a segunda parte enfoca o testemunho profético da igreja. Essa passagem é a transição da Tribulação para a Grande Tribulação, um período de sete anos (conforme entenderam em Daniel), dividido em 3.5 anos. O assunto do livrinho é a igreja na Tribulação e o agora iminente martírio na Grande Tribulação.

Dois temas têm tremendas implicações para a igreja atual. A soberania absoluta de Deus é uma vez mais o tema principal, especialmente em 10.1-7. A descrição do anjo forte tem o propósito de causar reverência e adoração, já que cada detalhe corresponde à descrição de Deus no AT e de Cristo no capítulo 1. Os sete trovões retomam a imagem do Sinai e do juramento de juízo de Deus no salmo 29. João claramente pretende advertir aqueles que estão resistindo a Deus. Como eles poderiam pensar que são capazes de ficar em pé diante do Senhor do universo?

Por meio da interação com Daniel 12.4-9 em Apocalipse 10.5-7, o leitor torna-se consciente da revelação progressiva, pela qual Deus deu a conhecer seu plano para o final dos tempos. Nem Ezequiel nem Daniel compreenderam as implicações (1Pe 1.10,11), mas agora, por meio de João, Deus revelou que o escaton (fim do mundo) está próximo. Os eventos que levarão a história humana ao fim agora estão claros para aqueles que têm ouvidos para ouvir (2.7,11,17 etc.) e os santos devem estar cientes da seriedade do assunto. Deus é, de fato, soberano sobre seu mundo criado, e o “anjo forte” demonstra seu domínio ao colocar seus pés sobre o mar e sobre a terra como representante de Deus e de Cristo. Quando ele jura que “não haveria mais demora”, o leitor é surpreendido pelo súbito, rápido, e pelo poder da afirmação. O momento para o qual toda a Bíblia tem apontado — o evento pelo qual o povo de Deus vem esperando por milênios — chegou.

O segundo tema é um testemunho profético da igreja. Deus ordena a João que reencene o comissionamento de Ezequiel (Ez 2.8—3.3), e o resultado deve ser o mesmo que o do ministério de Ezequiel, a doçura da obediência e o amargor da rejeição e do sofrimento. A igreja é chamada ao mesmo ministério de pregação do arrependimento e do juízo a uma geração que deu às costas a Deus. Tal trabalho implicará perseguição e até mesmo martírio (o estômago amargo), mas Deus deu a seu povo o privilégio da proclamação de sua Palavra (doce à boca) e isso é suficiente.

Ap. 10.1-4 – O ANJO COM O LIVRINHO NA MÃO - Esse anjo poderoso tem características de Cristo, ou a sua mensagem. Ele tinha na sua mão um livrinho aberto, que deve ser entendido como a mensagem para a igreja (cap. 11). O pé direito sobre o e o esquerdo sobre a terra é uma atitude do conquistador declarando que a terra e o mar são meus. Ele deu um alto grito, como um leão, portanto com profundidade. O grito não tinha só volume, mas profundidade, ou seja, o grito ecoava dentro da pessoa que o ouvisse. Ao o anjo forte clamar, João ouviu sete trovões que falaram uma mensagem, que foi selada por uma voz do céu, com mais autoridade que os trovões.

Esse é realmente um enigma, o que os sete trovões falaram e foi proibido de ser revelado? Será que era uma quarta série de juízos que foram cancelados por Deus? Ou será que tipificavam um conjunto genérico de todos os juízos? Esse assunto me lembra Mateus 24.22, onde se fala que Deus abreviaria esses dias, senão ninguém seria salvo.

Ap. 10.5-11 – A MENSAGEM PARA A IGREJA – Há dois níveis de sentido aqui. Primeiro, quando João come o rolo, isso significa que a revelação foi transmitida a ele (como ocorre com Ezequiel) e indica seu próprio chamado para profetizar. Ao mesmo tempo, em segundo lugar, a mensagem diz respeito ao papel da igreja no “mistério de Deus”, que logo será consumado; ele será “amargo” porque envolve muito sofrimento e ao mesmo tempo será “doce”, porque a igreja emergirá triunfante. “Foi a respeito dessa salvação que os profetas que falaram da graça destinada a vocês investigaram e examinaram.” 1 Pedro 1:10

A PALAVRA DOCE AO PALADAR E AMARGA NO ESTÔMAGO – Assim como foi dito a Ezequiel (Ez 2.8—3.3) e a João, a igreja deve “comer” o livro. A idéia é estudar, compreender, interpretar as Escrituras. Devemos sermos mestres na Palavra, com um amplo conhecimento da Bíblia. É sobre nós que está a responsabilidade de ensinar a igreja e o mundo, a respeito de Deus. Primeiro ensinamos os que vão ensinar e depois eles devem cumprir o IDE de Jesus que não é só evangelizar, mas também, doutrinar os que serão salvos. A maior palavra que podemos pregar é ensinar os que serão salvos. A doutrina é maior do que o evangelismo. No evangelismo as pessoas podem responder sim ou não ao chamado. A doutrina é para os já salvos. Entretanto, essa boa nova para salvação, a maior palavra que o universo já ouviu, tem um sentido de amargor, perseguição, sofrimento. As duas coisas juntas nos falam da vitória mediante o sofrimento.

SEGUNDA PARTE - AS DUAS TESTEMUNHAS

A IGREJA É REPRESENTADA PELO SANTUÁRIO DE DEUS SENDO MEDIDO (AP 11:1-2)

Há aqui uma clara separação entre o povo de Deus e o mundo ímpio (11:1-2). Esse santuário simboliza a igreja verdadeira. Se o santuário é real ou não, não sabemos, pode ser apenas uma visão, um simbolismo. É necessário compreender que não existe salvação fora de Cristo. Não podemos ler Israel em Apocalipse, sendo salvo e se tornando um outro povo salvo. Israel é feito de pessoas que receberam o pecado original, assim como o resto do mundo. Essa medição tem o significado de apartar o povo de Deus, para estar completamente seguro e protegido, dos gentios que permanecem na sua impiedade, e vão perseguir a igreja e adorar o anticristo. Os santos vão sofrer severamente, mas nunca perecerão, serão protegidos do juízo final. Mas, os membros da igreja que amam o mundo, estarão sem essa proteção.

O tempo da medição, nos parece remeter a perseguição do mundo durante todo o período da igreja, da primeira à segunda vinda de Cristo. Obviamente, na medida que o tempo avança para o fim, essa perseguição torna-se mais forte.

No livro de Apocalipse esse tempo representa: o tempo em que a cidade santa é oprimida (11:2), o tempo em que as duas testemunhas executam o seu testemunho (11:3), a mulher celestial, a igreja, será preservada no deserto (12:6,14), e o tempo que a besta tem permissão para exercer sua autoridade (13:5).2 Esse é o período que Satanás exerce o seu poder no mundo, especialmente nos últimos dias, com a atuação do anticristo.

A IGREJA É REPRESENTADA PELAS DUAS TESTEMUNHAS (AP 11:3-14)

João agora vê dois homens que chama de duas testemunhas. Alguns enxergam características de Moisés e Elias, ou a Lei e os Profetas, O Antigo e o Novo Testamentos, as 12 tribos e os 12 apóstolos, outros entendem que elas falam do testemunho da igreja. Essas duas testemunhas são a igreja, em Apocalipse e por extensão em todos os tempos. O povo de Deus é chamado em Apocalipse de: doze tribos, sete candeeiros, sete espíritos de Deus, reis e sacerdotes, noiva do Cordeiro, Jerusalém celeste. Agora é chamado de santuário de Deus e também de duas testemunhas.

Duas testemunhas era o método usado por Cristo para o testemunho ao mundo (Lc 10:1). Uma questão só recebia validade pelo testemunho de duas pessoas. Essas duas testemunhas falam da igreja como uma poderosa agência missionária durante toda a época evangélica presente. Quando o mundo rejeita a mensagem da igreja, ele se expõe ao juízo de Deus. Somos perfumes de vida para a vida e aroma de morte para a morte (2 Co 2:16).

CINCO FATOS SOBRE A IGREJA DA TRIBULAÇÃO

1º A igreja será indestrutível até cumprir a sua missão (11:7). - A igreja é provada, mas, não desamparada. As testemunhas são preservadas até concluírem o seu testemunho. E é preciso dizer que a meta da igreja não é só ganhar almas, mas os que a rejeitam já são julgados. (João 12.48; 3.18) O evangelho pregado exige uma resposta positiva.

2 A igreja será perseguida e em alguns casos sofrerá a morte. Isso sempre ocorreu, mas será muito grave a perseguição contra a igreja da Tribulação.

3º A vitória do mundo sobre a igreja será passageira e enganosa (11:7-11). Uma parte da igreja da Tribulação será perseguida e martirizada. Não se darão ao trabalho nem de enterrar os cadáveres. A grande cidade, onde foi crucificado Jesus é Jerusalém, agora chamada de Sodoma e Egito, as duas cidades símbolos do pecado. Mas em certo sentido essa cidade cheia de pecado é o mundo hostil a Deus. As pessoas querem visitar Israel, mas ela já está corrompida pelo pecado e ficará mais a medida que os dias avançam.

4º A vinda de Cristo - Figuradamente, os 3,5 dias que o mundo do anticristo vai comemorar, da morte da igreja, significam o período da Grande Tribulação, onde ficarão tão felizes pela morte dos crentes, que enviarão presentes uns aos outros, comemorando. Mas no final dos 3,5 dias um sopro de vida da parte de Deus vai ressuscitar a igreja. O mundo vai ver e vai ficar aterrorizada, pois essa igreja é poderosa em atos e palavras, cheia de dons e poder. E então o mundo vai ouvir uma voz vinda do céu: “Subam para cá.” se referindo à igreja. E eles subiram ao céu numa nuvem. Aqui temos o arrebatamento, no final da Tribulação. Houve então, na mesma hora um forte terremoto.

5º Em quinto lugar, o terror indescritível dos ímpios (11:13-14). A alegria do mundo transforma-se rapidamente em grande temor. A terra está tremendo. E o mesmo quadro de Apocalipse 6:12. O terremoto aqui também precede o juízo final. Os ímpios são cobertos de

terror. Eles dão glória a Deus, reconhecendo o poder de Deus, mas não se convertem. O mundo consegue na Tribulação encher a medida total de pecado e fica inapelável a sua defesa.

Amém

Fique na paz

BIBLIOGRAFIA

- HERNANDES DIAS LOPES – COMENTÁRIO APOCALIPSE

- COMENTÁRIO EXEGÉTICO APOCALIPSE – GRANT R. OSBORNE