A prova estreita do amor que floresce em obras em prol de vidas.
Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. Disse-lhes Jesus: Tenho vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? (João 10:31-32). Estes versículos fazem parte de uma passagem que se estende até o versículo trinta e nove. Onde os ortodoxos queriam executar Jesus porque Ele afirmava ser o que Ele é: Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. (João 10:33). E em sua defesa Jesus faz uma declaração que assusta o povo da época e até hoje poucos de nós a entendemos.
Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses? (João 10:34). Jesus citou o versículo de um salmo em sua defesa: Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. (Slm 82:6). Os ortodoxos queriam apedrejar Jesus sob o pretexto de blasfêmia. E, é bom que saibamos que eles estavam sob o jugo de Roma, e não podiam impor a pena capital. Mas, mais uma vez aqueles que deveriam conhecer a missão de Jesus deixavam de lado as escrituras para satisfazer o seu orgulho religioso. Uma coisa é certa a vida sempre perde quando o orgulho religioso toma o lugar do estudo da palavra.
O salmo citado servia de hino, como podemos ver ao estudá-lo com afinco. E isso entenderemos ao estudar as escrituras, estudar e não somente ler. Segundo os historiadores este era entoado no templo pelos levitas, no terceiro dia de cada semana. Aparentemente, o salmo também era empregado na liturgia do Ano Novo e provavelmente em outras ocasiões nas quais Deus deveria ser exaltado acima de outros deuses. E aqui cabe ressaltar Jesus cita um versículo dentro de um contexto e com contexto.
O texto que Jesus citou do Velho Testamento caiu como uma bomba na mente daqueles homens que supunham conhecer as Escrituras antigas. Eles nunca tinham prestado atenção em alguns pontos fundamentais que estavam implícitos neste texto. O salmo citado acima é uma advertência contra os juízes injustos. É uma advertência àquelas pessoas a quem foi confiado a função de juízes e de líderes para que cessem em suas práticas injustas e defendam os pobres e os inocentes. E ainda hoje assim o é, todo Cristão tem o dever de cuidar de proteger e defender aquele que necessita e fazendo isso é mão de Deus agindo na terra, ou seja, é o imperfeito fazendo a obra do perfeito que é Deus.
E Jesus vai além, e os convida a passar por uma prova estreita quando Ele diz: Disse-lhes Jesus: Tenho vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço, e não me credes, crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai. (João 10:32; 37-38). Parafraseando o que Jesus disse: Não lhes peço, que aceitem minhas palavras, mas sim lhes peço é que aceitem minhas obras. É bem verdade que qualquer um pode discutir a respeito das palavras; mas não há nenhuma discussão a respeito das obras. Pode-se pôr em dúvida o que alguém fala; mas quando se enfrenta as obras dessa mesma pessoa não há lugar para dúvida. Jesus é o mestre perfeito porque jamais ficou só nas palavras, Ele edificou seus ensinamentos com atos e atitudes, ou seja, obras.
E ao fazer isso pôs por terra todo os argumentos dos ortodoxos: Nesse ponto, procuravam, outra vez, prendê-lo; mas ele se livrou das suas mãos. (João 10:39). E todos os seus discípulos deveriam e devem ser capazes de passar por essa prova. A tragédia da Igreja é que são poucos aqueles que podem fazê-lo, e menos ainda aqueles que podem convidar a outros a passar por ela. Que neste dia olhemos para nós mesmos com o intuito de sabermos se passamos por esta prova estreita. Será que o nosso olhar é um olhar de Cristo? o nosso abraçar é um abraçar de Cristo? E o nosso amar ao próximo é um amar em Cristo? Caso seja negativa a resposta, oremos ao Espírito Santo e Ele nos ajudará a passarmos pela prova estreita. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações
(Molivars).