DESOBSSEÇÃO E REGREÇÃO DE MEMÓRIA

Durante uma reunião mediúnica de desobsessão, o doutrinador muitas vezes se depara com entidades extremamente vingativas, encontrando grande dificuldade na evangelização desses irmãos sofredores.

Geralmente, esses espíritos foram vítimas de algozes cruéis em existências passadas, tendo conseguido encontrar os antigos desafetos já reencarnados, passando então a assedia-los por todos os meios possíveis em busca do ajuste de contas. Por isso, mostram-se irritados e arredios à influência evangelizadora do doutrinador alegando que os trabalhadores encarnados e desencarnados da instituição espírita estão atrapalhando os seus planos de vingança e protegendo o seu inimigo.

São atitudes perfeitamente compreensíveis, visto que, tanto ódio alimentado por anos ou séculos a fio não seria removido em alguns minutos de diálogo. Todavia, o contato fluídico com o médium, a mensagem edificante, o ambiente do centro espírita banhado pelos eflúvios benéficos do alto trazem benefícios evidentes a esses irmãos, propiciando aos poucos (pois a conversa pode se repetir durante varias sessões) uma mudança no seu modo de pensar e sentir tornando-os cada vez mais acessíveis ao evangelho de nosso senhor Jesus.

Entretanto, em alguns casos, a fixação mental nos acontecimentos do pretérito é tão forte que apenas a conversação e os passes não conseguem remover a ideia de vingança desses irmãos, uma vez que eles sentem-se injustiçados e acreditam ilusoriamente que somente encontrarão o descanso e a paz quando o seus antigos verdugos sofrerem como eles sofreram, não admitindo intromissões.

Nessas ocasiões, o doutrinador é intuído pelos mentores espirituais a sugestionar que a entidade rememore uma das encarnações anteriores àquela em que ele foi a vítima, a fim buscar os acontecimentos que desencadearam um resgate tão doloroso nas mãos do seu ou seus desafetos. A regressão é feita pelos mentores espirituais e o espírito necessitado passa a lembrar dos eventos diretamente dos arquivos guardados no seu subconsciente ou lhe é apresentado um quadro onde os episódios das suas vidas pregressas passam-lhe aos olhos como num filme.

Nesse momento os irmãos revoltados tomam consciência de que cometeram erros semelhantes no passado e que foi naquela encarnação de sofrimento que colheram os frutos de uma semeadura equivocada, percebendo que não foram vítimas inocentes. Conscientes de que necessitam retomar a sua caminhada evolutiva concordam em receber a ajuda dos espíritos do bem e são encaminhados às colônias de refazimento e aprendizado.

Esse fato pode, à primeira vista, parecer um círculo vicioso, onde uma pessoa sempre será o instrumento do resgate de outra. No entanto, não é sempre assim, ninguém nasce determinado a ser o algoz de outrem. O livre-arbítrio é conquista evolutiva inalienável do ser consciente e racional onde cada um escolhe o caminho que irá trilhar. Todavia, essa liberdade tem um preço e o seu mau uso traz consequências somente reparadas pelo esforço daquele que errou, seja através do amor ou pela dor. Assim, a lei universal de causa e efeito ou ação e reação sempre irá colocar no caminho de um algoz outro semelhante a ele, porquanto, pela lei de afinidade: semelhante atrai semelhante.

Todavia, as resoluções benfazejas conseguem romper esse círculo de tormento através do esquecimento do pretérito e o caminhar para o futuro. Essa é uma das missões do trabalho mediúnico de desobsessão, levar o esclarecimento, a felicidade, o amor e o perdão aos corações em desalinho pelo ódio e pela vingança, pois é da lei de Deus que seus filhos vivam em harmonia.