A ESPADA DE PEDRO E A LEI DO CARMA
(…) no instante em que Jesus foi preso, um dos seus discípulos puxou da espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha. Então Jesus disse: “Mete no seu lugar a tua espada, porque quem pela espada fere, pela espada será ferido” (Mateus 26:52) [1].
Conclusões:
1. Revelação da Lei de causa e efeito;
2. Cada um paga na exata proporção do que deve;
3. Todo delito desencadeia a necessidade de uma reparação;
4. O sofrimento é uma das formas de resgate;
5. A dor representa um ato de justiça de Deus;
6. Explicação para os sofrimentos trazidos do berço, sem causa nesta existência.
A) Revelação da Lei de causa e efeito: todo padecimento que causamos a outrem, traz, como consequência, para nós, uma dor semelhante àquela que levamos ao próximo. Não há exceção. Ao dizer “quem” pela espada fere, Jesus está claramente revelando que todos nós estamos sujeitos a essa lei.
Vê-se, assim, que todo sofredor de hoje, cuja causa do sofrimento (pecado) não se encontra nesta vida, tem sua dor causada por erros cometidos em vidas anteriores. Em outras palavras só parece pela espada, quem pela espada feriu. O pecado é a causa e o sofrimento o efeito.
B) Cada um paga na exata proporção do que deve: agora vamos nos deter na palavra “espada”. Jesus a utilizou porque foi através deste instrumento que houve a ação do seu discípulo, cortando a orelha do soldado. No entanto, ao relacionar o mal praticado pela espada, com a reparação advinda também pela espada, Jesus deixou claro o entendimento de que cada um paga na exata proporção do que deve.
Cada um é punido naquilo que pecou. Não é o instrumento material em si que proporciona o resgate. A espada simboliza o tipo de dor causada ao próximo. Por exemplo: o pai que abandona seus filhos, numa outra existência poderá nascer num lar onde se veja privado da presença do seu genitor.
Queremos dizer outra coisa para você: é com relação à extensão da dor, o tamanho do sofrimento. Segundo a conceituação evangélica, os homens que não forem salvos irão para o inferno. Lá todos sofrerão “igualmente” as mesmas dores, pouco importando que tipo de dor tenha causado ao próximo. Medite sobre isso. O ensino de Jesus, aqui evidenciado na figura da “espada”, é contrário a essa interpretação evangélica.
C) Todo delito desencadeia a necessidade de uma reparação: agora é a vez de irmos buscar a palavra “será”. Quem pela espada fere, pela espada será ferido. Jesus empregou o verbo no futuro, numa confirmação de que erro algum passa em vão. A dor advinda do erro praticado agora, somente surgirá amanhã. O infrator, cedo ou tarde, será chamado ao resgate. Dizemos resgate porque, conforme explicamos atrás, o sofrimento não pode ser em vão.
D) O sofrimento é uma das formas de resgate: conforme já vimos, o sofrimento tem um fim útil. O enfermo está reparando, através da dor, erros cometidos no passado. Estar ferido hoje significa que ferimos alguém outrora.
E) A dor representa um ato de justiça de Deus: se eu feri pela espada, é justo que eu repare meu erro, sendo por ela ferido. Injusto, inglório, desmerecido e inaceitável, seria eu ferir pela espada e ter meus pecados esquecidos sem resgate, como pregam os irmãos evangélicos.
Segundo a Doutrina que professam, nossos pecados são resgatados ao aceitarmos Jesus como salvador. Quanta ilusão! Perceberiam o engano em que se encontram. Se refletissem naquilo que nos diz a Bíblia, nas palavras de Jesus: “Quem pela espada fere, pela espada perecerá”. Ou seja, errou… Paga!
F) Explicação para os sofrimentos trazidos do berço, sem causa nesta existência: ao ditar o ensinamento, Jesus está expondo, também, a razão dos sofrimentos trazidos do berço. Se alguém já nasce com o estigma do sofrimento é que, necessariamente, feriu outrem. Como este erro não pode ter sido praticado estando o Espírito no ventre da mãe fica claro que errou antes do nascimento. Logo, numa existência anterior. Daí dizermos que só perece pela espada, quem pela espada feriu.
Extraído do livro “O Espiritismo à Luz da Bíblia Sagrada”
Autor: Melcíades José de Brito
Editora DPL, P.41 – 43
[1] O discípulo foi Pedro e o servo do sacerdote chamava-se Malco (João 18:1 – 13)