ÊXODO – LIÇÃO 4 – A PÁSCOA (refeito)
A PÁSCOA O MAIOR EVENTO DA IGREJA
A Páscoa é uma celebração da tradição do cristianismo e relembra-nos os últimos atos da vida de Jesus Cristo. Essa festa surgiu sob influência de uma celebração judaica, chamada Pessach, que significa passagem, quando da saída de Israel do Egito, que acontece, aproximadamente, no mesmo período. A Páscoa ocorre como lembrança da prisão, crucificação, morte e ressurreição de Cristo. A Páscoa é a ressignificação do Pessach judaico. É a celebração mais importante do calendário religioso do cristianismo.
A Igreja Católica criou na Idade Média a Quaresma, que é um período de 40 dias, que precede a Semana Santa, ou a semana da crucificação e ressurreição de Cristo. A Quaresma é marcada por penitências, como missas, jejuns, evidenciando a procura por santificação pessoal à medida que a Páscoa aproxima-se. Então Quaresma são 40 dias de busca pela santidade, fator requerido na semana santa. Entretanto, antes da Quaresma é exercitado o Carnaval, que é um período de liberdade total, durante alguns dias, antes de entrar na Quaresma. O Carnaval são alguns dias de total farra, bebedeira, sexo livre, violência, antes de iniciar a Quaresma, época de busca de santidade. Na quinta-feira santa é relembrada a ultima ceia. Na sexta-feira santa é relembrado que Cristo foi crucificado e morreu. Em geral nesse dia não se come carne, em respeito à morte de Cristo. O Sábado é o sábado de aleluia, que se fala do corpo de Cristo, no santo sepulcro. No domingo de Páscoa é relembrado que ele ressuscitou e está vivo até hoje. Aqui pode-se trocar presentes e também temos o grande almoço de Páscoa. A Páscoa é um tempo esperado pelas crianças com muita vontade, pois é tempo de ganhar ovos de chocolate.
As pessoas sempre têm uma grande dúvida a respeito de como é determinada a data em que se comemora a Páscoa. A resposta dessa pergunta está no século IV d.C., quando foi realizado o Concílio de Niceia, no ano de 325. Durante esse concílio, as autoridades da Igreja Católica estabeleceram que a Páscoa seria comemorada no primeiro domingo após a lua cheia que acontece após o equinócio (tempo em que os dias e noites tem durações iguais) de primavera (no Hemisfério Norte). Sendo assim, a Páscoa cristã é comemorada durante o período que fica entre 22 de março e 25 de abril.
I - A PRIMEIRA PÁSCOA (EX 12.1-51) – LIBERTAÇÃO DA ESCRAVIDÃO DO PECADO.
1. Páscoa – Havia a necessidade de um ato profético, para sair do Egito e ir de encontro à Terra Prometida, ou sair da velha vida e entrar num outro nível espiritual. A Páscoa é esse ato profético. Ato profético são ações e símbolos que apontam para realidades espirituais e tem impacto no mundo físico. A Bíblia é cheia deles, mas apesar de bíblicos devem ser usados com muita prudência, para não escandalizar. Eu até diria não use, mas se usar use os atos já descritos na Bíblia. Existem muitos abusos que nos causam no mínimo estranheza: rosa ungida, beber um copo de água, vários obreiros varrendo a igreja ao mesmo tempo, significando limpeza do pecado. Mas eu já pratiquei vários atos proféticos, como ungir a casa, a carteira, a despensa, ou quando me mudei para essa região vim algumas vezes pelas ruas do bairro e orei pedindo a Deus que um dia morasse onde moro hoje.
2. Primeiro dia do ano judaico (Ex 12.2) – É tão claro que Deus mudou algo, que para marcar a data ele mandou zerar o calendário e começar de novo.
3. Um cordeiro para cada casa. (Ex 12.3) Se um cordeiro for muito para uma família pequena, deve dividi-lo. Isso nos fala do lindo ato de repartir com o próximo.
4. Macho de um ano, sem defeito. (Ex 12.5) A Páscoa judaica apontava para Cristo na cruz. Jesus foi à cruz, no nosso lugar, sem ter pecado algum. Aqui o pecado é visto como um defeito do ser-humano.
5. Pintem os batentes das portas com o sangue do cordeiro. (Ex 12.12-13) Aqui nós temos o simbolismo de “passar por cima”, ou de Deus não olhar para o pecador que está embaixo, pois senão seríamos destruídos, mas de Deus olhar para o sangue de Cristo, derramado por nós, que nos cobre e nos salva, da ira de Deus.
6. Comerão a carne assada no fogo. (Ex 12.8) Nos fala de aflição. Comam a Páscoa com ervas amargas, lembrança de dias ruins; e pão sem fermento, o fermento lembra o pecado – que uma vez começado (estartar = ligar; gatilho = algo que faz o pecado ser reativado) vai crescendo em quem dá lugar. A Páscoa deve nos lembrar dos dias ruins no pecado, onde as coisas sempre davam errado, pois operava em nós o principio de morte. Onde tocávamos morria, ou ficava estéril.
7. Comam vestidos, como se fossem viajar. (Ex 12.11) Comam com pressa, para sair do lugar da escravidão. Uma vez escravo, saia logo disso.
8. “Passarei sobre” (significado de Páscoa - Ex 12.12) a casa que tiver o sangue do cordeiro. A ira não será derramada na casa que Deus abençoar.
9. Memorial perpetuo, festa ao Senhor (Ex 12.14) – Lembrem-se sempre da libertação do Egito (da carne, do mundo, do pecado). Na Ceia, nós lembramos da saída da escravidão do pecado.
10. Durante sete dias vão comer pão sem fermento (Ex 12.15), significa que vão se consagrar, santificar.
11. E à meia-noite o Anjo-Destruidor (Satanás), passou matando os primogênitos de todas as famílias egípcias. Houve choro e dor em todas as casas egípcias. Mas assim como não houve geração de filhos na Arca de Noé, significando alegria, pois o mundo estava morrendo, no arraial dos israelitas o momento era de temor e tremor do Senhor. Eles sabiam muito bem, que só não havia choro e luto nos seus lares porque havia o sangue de um inocente na porta, que Deus recebeu como sacrifício por eles.
12. Eles pediram objetos de prata e ouro (Ex 12.36), que os egípcios lhes deram para que fossem embora. Esse dinheiro era o pagamento de todos os anos que serviram como escravos. Deus fez com que os egípcios lhes pagassem o preço da escravidão. A Bíblia diz que eles despojaram os egípcios, quer dizer, os deixaram pobres. O jogo virou, agora eram os israelitas que tinham o poder e o dinheiro. É aquele negócio, posso não ter poder nem dinheiro, mas sou amigo de quem tem.
13. Quando se completou 430 anos (Ex 12.40), o Senhor tirou os israelitas do Egito. O dia da nossa vitória já está decretado. Deus sabe quando será.
14. Nesse dia de Páscoa, Deus exigiu uma vigília para todo o povo. Eles passaram a noite sem dormir, alertas, sendo que no outro dia cedo saíram do Egito. Eles deveriam vigiar, pois os egípcios os culpavam por seus filhos terem morrido. Mas além da vigilância que devemos ter numa guerra, Jesus contou a parábola do servo vigilante, que esperava o seu Senhor chegar: "Estejam prontos para servir, e conservem acesas as suas candeias, como aqueles que esperam seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que, quando ele chegar e bater, possam abrir-lhe a porta imediatamente.” (Lucas 12:35,36; Mt 26.41) Os israelitas deveriam vigiar por dois motivos, (10 para não serem pegos de surpresa pelos egípcios de noite e (2) por Deus viria no dia seguinte, de manhã, para os libertar. Essa vigília nos fala da nossa espera pela volta de Cristo.
II- JOSUÉ E A PRIMEIRA PÁSCOA NA TERRA PROMETIDA
A Bíblia é um livro de progressão. Devemos ler os seus textos, desde o começo, observando que na história, sempre haverá uma releitura do assunto. A Páscoa da saída do Egito é diferente da Páscoa para entrar na Terra Prometida. Assim como cada Páscoa no Ministério de Jesus nos trará novas perspectivas e visões.
1- A PREPARAÇÃO PARA A VITÓRIA (Josué 5.1-15)
a. A CIRCUNCISÃO - Os homens israelitas tinham um problema genético e necessitavam da circuncisão, que é um pequeno corte no corpo. Era uma questão de saúde. A circuncisão fala de derramamento de sangue. Os filhos dos que foram libertos do Egito, nascidos no deserto, não eram circuncidados. No inicio do cap. 5 foi feito isso. A circuncisão tem o significado de morte de si mesmo, para viver para Deus. Na Bíblia a circuncisão assume um papel teológico.
b. O TESTEMUNHO DO SANGUE – A Páscoa fala do inocente morto no lugar do pecador.
c. A PÁSCOA NA TERRA PROMETIDA (5.10-15) – Maná significa a palavra de Deus. Aquele Maná do deserto acabou e nunca mais iria voltar, mas o comer espigas novas indica que Deus iria mandar outro tipo de palavra, muito melhor, pois agora estavam na Terra Prometida. Essa seção indica O Novo Testamento. O Antigo Testamento é simbolismo que aponta para o Novo Testamento, que é superior.
d. SUBMISSÃO A CRISTO – Cristo apareceu a Josué e lhe mandou tirar as sandálias dos pés, como fez com Moisés (Josué 5.13-15), pois o lugar ficou santo pela presença de Cristo - isso indica submissão e obediência.
2- A BATALHA CONTRA JERICÓ
Ordens para a preparação do povo veio no cap. 5 de Josué. Vemos então a Páscoa como um ato profético, novamente. Agora no cap. 6 eles iriam batalhar contra um inimigo dificil: A cidade de Jericó, que tinha um muro famoso e intransponível. Cristo revelou que todos os israelitas, homens, mulheres e crianças, soldados ou mães, jovens e crianças deveriam todos, com os sacerdotes á frente, rodear toda a cidade de Jericó uma vez por dia, durante seis dias. No sétimo dia iriam rodear a cidade sete vezes e na ultima vez, quando acabasse deveriam fazer muito barulho. Quando assim o fizeram uma parte do muro caiu e os soldados israelitas entraram por ali e conquistaram a cidade.
III - A PRIMEIRA PÁSCOA DO MINISTÉRIO DE JESUS, OU A SANTIFICAÇÃO DO TEMPLO (JOÃO 2.13) – PÁSCOA NOS LEMBRA A NOSSA SANTIFICAÇÃO
O Evangelho de João concentra-se em expor as deficiências do judaísmo. O memorial sagrado da libertação da escravidão no Egito estava sendo menosprezado.
JESUS PASSOU DE ADORADOR A REFORMADOR (João 2.14-16) O Sinédrio permitia e provavelmente controlava, para seus próprios interesses financeiros, um comércio de animais para o sacrifício e o câmbio (troca de moedas). O que começou bom e pratico, com o tempo fez do pátio do Templo um grande mercado financeiro, sem espiritualidade alguma. Provavelmente as pessoas vinham com seus animais que eram tachados como impróprios, onde achavam algum defeito e o compravam por um preço baixo. Dando uma volta com o animal, pelos fundos, era provável até que revendessem o mesmo animal, por um preço maior, para quem o vendeu.
O pregador deve se ver como um reformador. Cada pregação deve reordenar o Evangelho que está sendo pregado. Devemos ser exemplos de pregação a outros, em excelência. Por isso devemos estudar e nunca parar de estudar a Palavra e trazer o melhor possível o ensino aos irmãos. Por isso não cabe qualquer palavra no púlpito. Uma pregação sem conteúdo é uma pregação perdida. Perdemos tempo precioso, numa batalha espiritual.
Era o inicio do ministério de Jesus e o primeiro grande ato publico foi purificar o Templo. Um fato que passa desapercebido por muitos é a expulsão dos animais do Templo, significando que em breve o sacrifício seria ultrapassado e desnecessário, pois o verdadeiro Cordeiro de Deus estava ali, na frente deles, para fazer o único e ultimo sacrifício a Deus pelos homens pecadores, num ato substitutivo e participativo (Rm 6.8-10).
IV - A SEGUNDA PÁSCOA NO MINISTÉRIO DE JESUS (JOÃO 6) - A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES – QUE INDICA PARTILHA
Essa é uma Páscoa deslocada, aparentemente tirada de seu contexto. De todas as Páscoas, essa pode ser a mais estranha delas. João 6 nos fala sobre a partilha dos pães no deserto. É a cena que a tradição das Igrejas costumou chamar de “milagre da multiplicação dos pães”, linguagem que o evangelho não usa. Nem chama de milagre. É um sinal que Jesus faz (ver v. 14). E menos ainda fala em multiplicação. O único verbo usado ali para a ação de Jesus é que ele “tomou os pães, deu graças e os repartiu” (v.11).
João faz questão de mostrar que quando todos os judeus subiam a Jerusalém para celebrar a Páscoa, Jesus vai para o deserto acompanhado duma multidão e ali a Páscoa dele consiste em “repartir o pão como sinal do que ele queria para o mundo todo”.
Jesus nos relembra a ideia de que um cordeiro, se fosse muito para uma família pequena, deveria ser repartido com outra família faminta. Os nossos irmãos católicos chamam isso de “Partilha do Pão”, que é um termo bem bonito e significativo. Cristo nos lembra que Páscoa é tempo de dividir e ajudar o próximo. Páscoa é todo dia, enquanto houver um faminto na Terra.
V - A TERCEIRA E ULTIMA PÁSCOA DE JESUS - Mat. 26:17; Mar. 14:14; Luc. 22:11; João 13:1.
LAVA-PÉS – O significado de Jesus ter lavado os pés dos discípulos ele mesmo nos diz. Eles estavam limpos, santos, mas o contato com o pó do mundo tirava essa santidade.
Paulo em 1 Coríntios 11:23,24, nos mostra que Jesus instituiu a Ceia, que é oriunda da Páscoa. Jesus deu um salto na Páscoa, elevando-a a outro nível. A nossa Páscoa, da Igreja, é a Ceia. O pão é servido primeiro, significando a encarnação de Cristo; o vinho por ultimo, significando sua morte. A Ceia ainda significa que a Velha Aliança acabou e a Nova Aliança chegou. Se existe um local para dizer que acabou o Velho Testamento, é aqui, na ultima Ceia de Cristo.
A Páscoa durava oito dias. O dia da Páscoa e os sete dias seguintes comendo pães asmos. Na sexta feira Jesus morreu na Cruz e ressuscitou no domingo. Páscoa fala de morte e ressurreição. A morte de Jesus é a substituição do homem pecador morrendo na Cruz. A ressurreição nos fala do nascimento de um novo homem, uma nova raça, santa e pura. Esse novo homem não é o Adão de antes do pecado, é o novo Adão em Cristo, depois da Cruz. Adão não sabia o que era o pecado, quando pecou, mas nós sabemos o que é viver uma vida na presença de Deus, depois do pecado, pois primeiro conhecemos o pecado. O Adão do Jardim não tinha consciência do que fazia, mas nós somos cristãos conscientes da nossa fé. Nós sabemos exatamente do horror do pecado que foi depositado na Cruz de Cristo. Jesus morreu em nós, carregando o nosso pecado, na Cruz, e nós ressuscitamos com Ele, na nova vida em Cristo. Somos novas criaturas pela fé.
A Páscoa elevou o homem de escravo do pecado a ser um novo homem, uma nova raça, um novo povo, um novo ser-humano, uma nova criação, pelo Novo Nascimento. (2 Cor 5.17).
Amém
BIBLIOGRAFIA: https://ceseep.org.br/mas-uma-pascoa-deslocada/, Moody