APOCALIPSE 4 “A VISÃO DIANTE DO TRONO”
INTRODUÇÃO
Depois das visões na terra (cap. 1-3), João agora teve visões no céu (cap 4-5). Primeiro ele foi chamado escrever (1.11), agora foi chamado para ver as coisas que iriam acontecer (4.1). A partir de então, até o restante do livro, João tem visões no céu, das coisas que iriam acontecer na terra. Assim como os capítulos introdutórios de Apocalipse 1,2 e 3, devem ser lidos juntos e se auto-interpretam, devemos ler os cap. 4 e 5 juntos. Esses dois capítulos são também uma introdução, para o que virá a partir de Apocalipse 6. O cap. 1 é uma introdução. Os cap. 2 e 3 são introdução. E os cap. 4 e 5 são também introdução. Apocalipse só começa mesmo é a partir do cap 6.
Uma das maiores dificuldades de estudar Apocalipse é justamente que o apóstolo João está dentro do Reino de Deus, interpretando o material. No Reino, o tempo corre diferente e a compreensão não é de baixo para cima, mas de cima para baixo, de quem ordena e acontece. O céu está em festa, em contraste absoluto do fim do mundo acontecendo na terra. Chegou a hora de Deus e o Cordeiro julgarem os impios.
Devemos ser extremamente humildes em estudar Apocalipse, pois é um livro profético de uma dificil interpretação. Talvez ajude olharmos Apocalipse com olhos de criança, ou de novos-convertidos. Devemos deixar de lado nossos pré-conceitos, ou pré ensinos, que aprendemos por ai e focar no que a Bíblia diz.
O CÉU
Apocalipse suscita muitas perguntas que gostariamosde saber. Uma delas é sobre o céu.
Onde está o céu? - Compreendemos que o céu está num lugar incomunicável para o ser-humano, o nosso destino é a terra. (João 8:21-23). Na verdade não é o céu que está num lugar, mas o universo que está no céu. Uma analogia (semelhança entre coisas diferentes) é entender o nosso universo como uma gaveta no céu.
Como a Bíblia descreve o céu? - Como um castelo medieval. Tem sala do trono, um rei, os suditos, a sala de armas dos soldados que são os anjos. A unica coisa que vemos do céu em Apocalipse, que é o livro que mais ensina sobre o céu, é a sala do trono. O céu é mais do que sala do trono, ou tudo é sala do trono?
O que é o céu? – É onde Deus está e se manifesta. Entendemos Deus onipresente, mas ele só se manifesta quando o buscamos.
1- A VISÃO DA SALA DO TRONO — DEUS E O CORDEIRO NO CÉU (4.1—5.14)
O tema unificador desses capítulos é certamente o “trono”. Os capítulos 4—5 constituem “duas cenas proximamente relacionadas em uma visão unificada do trono de Deus”. Embora, em 1.11, João receba a ordem para “escrever” e para enviar a mensagem às sete igrejas, em 4.1, ele é chamado para “subir” ao céu e ver o que está para acontecer. Quando chega, vê um “trono no céu”, que domina a cena dos dois capítulos seguintes, na verdade, do resto do livro. No capítulo 4, a soberania e a majestade de Deus são centrais, e a adoração predomina. No capítulo 5, o Cordeiro torna-se o foco das atenções e fica em pé “no centro do trono” (NVI, 5.6). A adoração (5.9,12) é agora dirigida a ele, e a cena final de culto celebra a unidade das duas figuras (5.13,14). Além disso, os hinos, em progressão, iniciam com os seres viventes (4.8), depois são entoados pelos anciãos (4.10,11), por ambos os grupos (5.8,9), pelas miríades de anjos (5.11,12) e por “todas as criaturas” (5.13). A progressão é impressionante e impactante: primeiro, em grupos e, finalmente, como o maior coral já reunido, todas as criaturas se unem em adoração a Deus. As duas cenas são combinadas no quadro da sala do trono, que norteia o restante do livro e prepara o leitor para os acontecimentos que o seguem.
O capítulo 4 celebra o Deus da criação e o capítulo 5, o Deus da redenção. Primeiro, Deus está assentado em esplendor no seu trono, bem acima dos insignificantes governantes terrenos, obviamente no controle deste mundo e de sua história. Como se declara em 1.4,8, ele é aquele “que é, que era e que há de vir”. Somente ele é o “Senhor Deus, o Todo-Poderoso” (4.8) e “nosso Senhor e Deus” (4.11). Somente ele “criou todas as coisas” e lhes deu vida (4.11). Segundo, apenas Deus e o Cordeiro são “dignos”, porque Deus é o “criador” (4.1) e o Cordeiro “venceu” (5.2-5), e sua vitória foi alcançada por sua morte sacrificial como o “Cordeiro morto” (5.6,9,12). O Pai e o Filho são retratados como um não somente pelo tema do trono, como também pela unidade da criação e da redenção. E importante observar que a vitória do Cordeiro e sua exaltação a uma posição de autoridade não ocorrem no final do livro, mas já foram alcançadas na cruz. Mesmo aqui, isso é celebrado e não simplesmente proclamado. A vitória foi conquistada na cruz, e a escatologia (as ultimas coisas) é o resultado final dessa vitória que já ocorreu. Portanto, a cruz (o Cordeiro morto) vence e “pode oferecer à existência humana o sentido cósmico que esta demanda. A cruz provê a justificação da criação na história”.
2 – O DEUS DA CRIAÇÃO (cap 4)
1-3 A primeira coisa que João ve ao subir ao céu é Deus sentado no seu trono (governo e julgamento). Uma das ênfases principais no livro, contrapõe o “trono de Deus” ao “trono”
de Satanás (16.10). Em todo o Novo Testamento, o trono de Deus aparece somente aqui, o que compara Apocalipse com os escritos dos profetas do AT.João escolhe um linguajar profético para descrever Deus. Ele tem a aparência de pedras preciosas brilhantes. João viu Deus como luz. Um arcoíris está ao redor do trono (o que nos lembra a aliança dele com Noé, em Gênesis 9.13-17). Mas o arcoíris está ao redor do trono e não acima, o que é incomum. Todas as cores devem nos fazer entender que a glória que envolve Deus em seu trono.
4-5 – Vinte e quatro anciãos. Será que eram 12 tribos significando o AT e 12 apóstolos significando o NT? Se é isso, significam esses anciãos a igreja. Relampagos, vozes e trovões, falam de teofania, ou quando Deus se manifesta entrando na história humana. (vide o Sinai tremendo, em Êx.) As sete lampadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus ,são sete manifestações do Espírito Santo na igreja. (Isaías 11.2) Os sete espírito são a igreja diante de Deus.
6-9 – O mar de vidro fala de um Reino transparente, que não tem partes escondidas, escuras, trevas. Havia proximo ao trono quatro seres com muitos olhos, que significa vigilancia constante. Pareciam com um leão, um boi, um homem e uma águia. Não era um homem, era um ser. Os primeiros pais da igreja associam esses seres com os evangelhos. Há a segunda possibilidade que esses seres indiquem a totalidade da criação. Indicando o que é mais nobre, mais forte, mais sábio e mais ágil na criação de Deus. Esses quatro seres viventes combinam os querubins de Ezequiel 1 e 10 com os serafins de Isaías 6.27.
8-11 - Esses seres adoram dia e note sem cessar. Quando o fazem os anciãos se ajoelham e adoram a Deus no seu trono, retirando suas coroas, reconhecendo que Deus é rei sobre eles.
APLICAÇÃO
A igreja no céu já descobriu que Deus é soberano e dirige a história humana. Devemos nos prostar em adoração e reconhecimento de falência, que dependemos de Deus. Reconhecemos nossa falência financeira, emocional, pessoal, ministerial, familiar. Quanto mais rapido compreendermos que sem Deus não podemos nada, mas que devemos buscar a Deus e confiar, mais rapido ele pode nos ajudar, prosperar, salvar e nos mudar. A compreensão da soberania de Deus sobre sua criatura vai redundar em adoração. Quando compreendemos a bondade de Deus para suas criaturas, nós adoramos.
3 – O DEUS DA REDENÇÃO (cap 5)
5.1-6 - O LIVRO SELADO. O cap 5 de Apocalipse é claramente dividido em duas partes. Um anjo forte perguntou, mas em todo o céu e a terra não havia ninguém digno de abrir um rolo, um livro selado, com sete selos, que estava na mão de Deus. João entrou num choro espiritual muito forte, pois ninguém era digno de abrir o livro e nem de olhar para ele. O livro precisava ser aberto, para inaugurar as ultimas coisas, o fim, o julgamento que redundaria na vitória do povo de Deus e de Cristo.
7-12 – ADORAÇÃO - Um ancião disse a João, não chore eis o Leão da tribo de Judá, Cristo. Que venceu para abrir o livro. Mas João olhando viu um cordeiro morto, sacrificado. O céu enxerga Cristo como leão, vitórioso. A terra enxerga Cristo como sacrificado, como derrotado. João viu um cordeiro com sete chifres (governos) e sete olhos (ve tudo), que são os espírito de Deus (igreja) enviados a terra (para evangelizar). O cordeiro era digino e pegou o livro da mão de Deus. Quando o fez, uma adoração irrompeu em festa no céu. Agora chegou a hora do julgamento e da vitória.
Primeiro os seres viventes adoraram, depois os 24 anciãos, muitos anjos, milhares de milhares, milhões de milhões, depois todas as criaturas no céu, na terra, no mar adoraram.
TEOLOGIA – O leão da tribo de judá, nos remete ao cargo politico de rei de Israel. O cordeiro sacrificado nos lembra a Páscoa e a cruz, onde um inocente morreu, em propiciação (pagar o preço), de forma substitutiva (morreu no nosso lugar) e participativa (morremos nele).
APLICAÇÃO – Como vemos a Cristo? Um leão que veio para nos dar a vitória e nele confiamos, e nele vivemos em vitória? Ou enxergamos um cordeiro sacrificado, um coitado morrendo na cruz, como é retratado na cruz católica: um cruisto coitado, derrotado? O céu estava em festa: o cordeiro é o Leão da tribo de Judá, que pode abrir o livro e o fim vai começar. Adoramos, pois o fim do maligno, do injusto, do ladrão, dosdemônios, do pecado, de Satanás chegou. Mais um pouquinho e novos céus e novas terras vão surgir em nossas vidas. Jesus derrotou Satanás na cruz. O que se louva não é o cordeiro que ainda vai ser sacrificado, ele já foi, adoramos o Leão que está de pé. Apocalipse mostra Cristo entronizado (cap 1 e 5).
BIBLIOGRAFIA
Comentário Exegético e Apocalipse – Grant R. Osborne
Apocalipse internet - Gary Fisher