Somos educados em uma cultura que intensifica em nosso imaginário como as coisas aqui devem ser feitas apenas se nos fazem felizes. Raramente somos preparados para a realidade de que em algum momento da nossa existência iremos quebrar, e ser feliz transcende viver apenas para o que nos agrada. A palavra de ordem em nossos dias diante das fragilidades que a vida nos impõe é a resiliência, e boa parte dos que utilizam essa palavra em seu discurso não se dão conta que ser resiliente é em certo sentido uma ilusão que gera sensação de controle sobre as circunstâncias. Circunstâncias essas que o homem não pode jamais controlar, ainda que tente.
     Na batalha temporária e transitória em que estamos inseridos, e mesmo tendo Deus ao nosso lado, não é prerrogativa para definir se sairemos ou não como vencedores dessas circunstâncias já que não fomos feitos para essa realidade.
     Em a Última Batalha fica profundamente claro que o mal aparentemente sobrepõe o bem. É de longe a mais sombria de todas as batalhas já vivenciadas em Nárnia.
     Percebemos no enredo que a mentira parece está acima da verdade, e que o engano compensa quando nossos olhos estão fixos apenas nessa realidade aparente e transitória.
     Desde a queda no Éden que evidencia uma tragédia explícita para a humanidade. O homem antigo e moderno em toda a história busca e faz a tentativa de se colocar como protagonista e até mesmo deseja ser o centro do mundo em alguns casos com o uso da força física.
     Não é diferente em a última batalha. O sagaz macaco Manhoso busca instrumentalizar o ignorante burro Confuso para se passar por um "leão domesticado" pretendendo trazer para si uma sensação de controle capaz de firmar alianças até mesmo com aqueles que são declaradamente inimigos de Aslam "que definitivamente não é um Leão domesticado", e isso é feito de forma confortável por Manhoso que abre mão de viver na verdade para viver no engano que desagrada o Grande Aslam. Fazendo tudo isso com a intensão de ter poder e reinar sobre todos.
     Em Nárnia diz o Rei Tirian: "dissipem-se as trevas da mentira e brilhe a luz da verdade"! Tirian traz para luz a forma como os remanescentes devem se portar diante das tragédias que estão rondando Nárnia e que se manifestará em breve.
     O ponto central de a Última Batalha reside na confusão que ocorre nos últimos dias para os Narnianos e todos os seus moradores. Ao nos conduzir por meio da imaginação para esse cenário cheio de aventuras e riqueza de detalhes, percebemos Jill e Eustáquio respondendo ao chamado de Aslam por meio do clamor de Tirian para intervir em seu socorro e no auxílio dos narnianos que agora são manipulados através do medo a acreditar em tudo que Manhoso os diz, compreendemos que mesmo permitindo o caos, Aslam permanece rigorosamente no controle de todas as coisas.
     Neste dramático e caótico cenário que Nárnia está vivendo que o criativo escritor C.S.Lewis traz a tona a apostasia presente nos últimos dias deste lado da vida. Dias estes em que muitos se levantarão dizendo ser o Cristo e enganará até mesmo os próprios eleitos. Fica claro na derrota dos Narnianos que "...aquele que perder a sua vida a achará." Conforme diz Mateus 16.25
     Quando parecia que o fim de tudo seria determinando pela derrota sofrida as portas do estábulo, era na verdade o início de uma nova época de paz e plenitude eterna.
     Por mais que seja desanimador viajar pela última batalha com os olhos fixos apenas no aspecto trágico que é descrito, é animador quando percebemos que a batalha aqui já foi vencida por Aslam através do seu sacrifício e sua ressurreição.
     É na clareza do novo céu e nova terra que eles são envolvidos na realidade de uma vida eterna sem dor, sem tristeza, sem choro e onde toda lágrima será removida de seus olhos. Quando os portões eternais são abertos ao som de trombetas e o encontro triunfal finalmente é anunciado, o rever irmãos, amigos e familia que partiram antes deles traz a segurança que este é o momento para começar a viver de verdade, em verdade e para a verdade, na Luz, com Aslam, para sempre.
     Ao chegar em "um mundo dentro de outro mundo, uma Nárnia dentro de uma outra Nárnia, eles percebem a satisfação de ter vivido cada momento em função de Aslam, em obediência as suas ordens.
     A antifragilidade dos Narnianos nos prova em a última batalha que por mais que os últimos dias se mostrem desafiadores, dias em que foram quebrados pelo inimigo, a vitória em Aslam sempre será certa. Não importa quanto o mal "prospere" o bem sempre vencerá.
     Esse conceito de antifragilidade é vital para combater a ilusão da resiliência, seremos quebrados, porém nas mãos certas, nas mãos de Cristo.
     Todos aqueles Narnianos morreram, morreram para viver, e viver para sempre com Aslam.O mal definitivamente foi exterminado e agora a única realidade que existe é a nova Pátria onde o próprio Senhor de Nárnia preparou para todo aquele que o ama. Aslam tem outro nome em nosso mundo: Cristo!
     A palavra de ordem que o Leão, gentil, sussurra para nós nesses dias é: "Amado, não fora o teu anseio por mim, não terias aspirado tão intensamente, nem por tanto tempo. Pois todos encontram o que realmente procuram."
     Quando toda a esperança se dissipa, é necessário trilhar apenas o Caminho do Amor, Cristo é esse Amor. Que possamos ouvir o sussurro de Cristo: "Quem sentir sede venha, e todos quantos desejarem, venham e recebam de graça a água da vida!" Ap. 22.17 p.b
     Por fim, finalmente é o começo do Capítulo Um da Grande História que ninguém na terra jamais leu: "a história que continua eternamente e na qual cada capítulo é muito melhor que o anterior."
Que em nossa última batalha aqui possamos combater mantendo firme a Viva Esperança no Autor e Consumador da nossa fé: Cristo Jesus.
Abra a Porta e Osvaldo Santos
Enviado por Abra a Porta em 06/01/2021
Reeditado em 06/01/2021
Código do texto: T7153134
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