Os sete aís, e os sete tipos de religiosos. (Parte 4- o fiel mentalmente cego).

Ai de vós, guias cegos! Porque ensinais: ‘Se uma pessoa jurar pelo santuário, isso não tem significado; porém, se alguém jurar pelo ouro do santuário, fica obrigado a cumprir o que prometeu’. Tolos e cegos! Pois o que é mais importante: o ouro ou o santuário que santifica o ouro? (Mat 23:16-17). Dando continuidade do estudo do capítulo vinte e três do evangelho segundo Mateus, Nesta passagem que vai até o versículo vinte e dois do presente capítulo, Jesus nos admoesta sobre a cegueira mental que nos leva a um juramento que em suma se mostram falsos.

A palavra para cego no grego é tuphlos (τυφλος), que entre seus significados tem o de uma pessoa que é mentalmente cega. Se faz difícil conversar com alguém sobre suas crenças, e aqui cabe lembrar que crença é uma coisa e fé é outra totalmente diferente. Crença sempre carrega consigo um conjunto de superstições que geralmente se abala diante das tribulações da vida. Enquanto fé, pistis (πιστις), é a firme confiança no amor de Deus que banha todas as vidas, abastecendo-nos de bom ânimo diante das tribulações.

Em todo caso, a ciência da evasão se elaborou a um grau muito alto. É muito provável que nesta passagem Jesus apresente uma caricatura dos métodos legalistas do povo da época. Eles buscavam deturpar criando uma crença de que o juramento pelo ouro e pelas oferendas eram mais importantes que o templo e o altar. Ou seja, sutilmente eles tornavam sagrado aquilo que lhe importava. E isso ainda vemos acontecer nos tempos de hoje.

Mais uma vez se faz bem lembrar que o que aprendemos aqui é para o uso de uma mudança pessoal e jamais para julgar a outrem. Jamais devemos condenar a ciência de evasão que eles praticavam com um sentimento de superioridade. Porque se investigarmos a nós mesmos veremos que em algum momento de nossas vidas, tentamos fugir de uma obrigação, fazendo uso de algum tecnicismo, ou recorremos no sentido mais literal da Lei para evitar o que o espírito dessa mesma lei lhe dita com a maior clareza.

E por que Jesus fala sobre a cegueira mental? Jesus, partia do princípio de que os juramentos vão além do findar do som da palavra. Pois Deus ouve cada palavra que pronunciamos e vê cada um dos pensamentos secretos de nossos corações. De maneira que ouve as palavras e percebe todas as intenções.

E vemos isso quando Jesus no sermão do monte diz: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna (Mat 5:37). Em vista disso, o cristão deve evitar os juramentos e semelhantemente ignorar por completo a arte da evasão. A técnica da evasão pode funcionar muito bem dentro do mundo comum, pois nos faz parecer espertos, mas um Cristão deve se guiar pela inteligência e não pela esperteza. Pois a inteligência prima pelo amor, e a esperteza pelo ganho e nos cega mentalmente. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.

(Molivars).

Molivars
Enviado por Molivars em 07/12/2020
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