Este é um simples parque de um bairro bem distante de Auckland – Nova Zelândia. Quando digo simples, é porque é mesmo. Fica entre algumas casas e não tem nada de “importante ou famoso”. Encantei-me com a beleza e me senti num conto de fadas quando o conheci (acredito que, como todo turista em um país novo; achamos tudo lindo). Se assim foi, por que o chamei de simples? É simples porque as pessoas passam por ele despercebidas e poucos param para caminhar e chegar na parte mais interna. Passam por ele para ir trabalhar, para fazer compras ou quaisquer outras atividades rotineiras, mas não param para desfrutá-lo, pois ele não oferece muita coisa além de algumas frutas sazonais, um lindo riacho e um verde estonteante. Me peguei pensando no quanto a gente se acostuma com as coisas e o quanto o “costume” faz as coisas perderem o valor. Isso acontece conosco o tempo todo, quando algo se torna comum, perde a graça, infelizmente. Apesar da rotina ter o seu valor, o nosso mau uso dela a faz roubar o poder da simplicidade.
     As pessoas que vivem nas proximidades deste lugar nem lembram que ele existe. E não somos diferentes delas, também vivemos em um ativismo que não nos permite contemplar a real beleza das coisas ao nosso redor. Isso não se remete apenas à natureza (que por sinal, revela a grandeza de Deus - Rm 1:19-20) mas também no conjunto todo que chamamos de “viver”. As bênçãos que recebemos acabam se tornando nossos ídolos e os meios acabam se tornando o fim.
     Diante disso, gostaria de chamar a sua e a minha atenção para isso. Será que estamos vivendo ou apenas existindo? Será que estamos vendo ou enxergando? Será que estamos ouvindo ou escutando? Para onde estamos indo e o que temos feito com os nossos dias?
     A reflexão de hoje é para nos levar a valorizar o que Deus tem feito à nossa volta, por mais simples e comum que pareça ser: nossa família, nosso trabalho, nossos amigos, nossos estudos, as oportunidades diárias que nos surgem e até mesmo os processos, que muitas vezes, parecem ser longos. É para nos levar a dar mais atenção para aquilo que supostamente perdeu o valor, pois nisto há muito mais significado do que se espera, acredite. G.K Chesterton sabiamente disse: "A coisa mais extraordinária do mundo é um homem comum, uma mulher comum e seus filhos comuns". Em um trecho de seu sermão Membresia, presente em seu livro O peso da Glória, C.S Lewis relata também um pouco sobre isso: “...não há nada mais prazeroso na vida do que ver uma família rindo junta ao redor da mesa de jantar...”. Isso é simples, mas é valioso. Incrível como nos perdemos nas idas e vindas da vida.
     Contudo, o que não se pode perder é a certeza de que Deus está sempre lá e deseja nos mostrar algo através disso. Ele sempre se revela, seja na natureza, nos relacionamentos, nos acontecimentos ou no simples respirar. Gosto de pensar que às vezes, Deus é um arquiteto de coisas simples que, ao serem vasculhadas acham-se grandes tesouros e quando somadas se transformam em grandes construções. Grandes coisas são feitas de pequenas partes ainda mais pequenas. Não subestime o valor da simplicidade. A beleza mora aí.

Que nossos olhos sejam abertos para os Seus feitos!
Abra a Porta e Nayara Kívilla
Enviado por Abra a Porta em 27/11/2020
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