JESUS, ABRAÃO E A REENCARNAÇÃO
“Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. – Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão e nunca servimos a ninguém. Como dizes tu: Sereis livres? – Respondeu-lhes Jesus; Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. – ora, o servo não fica sempre em casa; o filho fica para sempre. – se, pois, o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8:31-36)¹
Jesus aproveitava todos os momentos de diálogo para deixar ensinamentos importantes, principalmente sobre as verdades morais que ele desenvolvia e exemplificava, bem como questões doutrinárias que ele sabia, não seriam compreendidas por todos como, por exemplo, a reencarnação. Às vezes Utilizava personagens da história Judaica como símbolos para suas explicações.
Na passagem acima, o Mestre divino exortava os judeus que o ouviam a tronarem-se livres pelo conhecimento da verdade. Todavia, não compreendendo o significado espiritual das palavras de Jesus, eles sentiram-se ofendidos acreditando que o mestre os ridicularizava, atribuindo-lhes a condição de servos ou escravos. Acreditavam que por serem descendência de Abraão e observadores rigorosos da Lei e das tradições tornavam-se “eleitos de Deus”. Embora estivessem sob o jugo de Roma.
Entretanto, o senhor Jesus, tentou explicar-lhes o sentido real da qualificação de cativos. Eles não eram servos por estarem sob o domínio romano ou pela não observação de alguma tradição. Eram servos das imperfeições morais que incitam ao erro (pecado). E conclui comparando-os aos filhos de Abraão: Ismael e Isaque.
Isaque era o filho legítimo de Abraão com Sara sua esposa, enquanto, Ismael era o filho do grande patriarca com uma escrava. Antes de Isaque nascer Sara não conseguia engravidar e Abraão seguindo a tradição da sua terra natal, a Mesopotâmia, dispôs de uma escrava para gerar um herdeiro. Assim aconteceu o nascimento de Ismael filho da escrava Hagar.
Acontece que, com o nascimento de Isaque seu meio irmão Ismael ficou em segundo plano na disputa pela herança e temendo uma contenda futura entre os irmãos, Abraão foi aconselhado pelos Espíritos do Senhor a expulsar a escrava e seu filho, com a promessa de que deste também sairia uma grande nação. Mesmo consternado o Patriarca bane mãe e filho do acampamento.
Jesus, aproveitando-se dessa história passa aos seus ouvintes um ensinamento moral e doutrinário, expondo para os que tinham ouvidos para ouvir a doutrina da reencarnação.
Assim, declarando: “Ora, o servo não fica sempre em casa;” falava da expulsão de Ismael da casa paterna, para não reclamar o direito a herança (Gênesis 21: 8-21). Do mesmo modo, os Judeus que ouviam a sua pregação, por não crerem na sua palavra e por não se arrependerem dos seus pecados, não eram filhos legítimos de Abraão (João 8:38,41,44), não podendo permanecer sempre na casa paterna, isto é, no mundo espiritual onde encontra-se o Patriarca, que os judeus acreditavam estava junto de Deus.
No contexto geral significa que todo aquele que ainda não se libertou totalmente das suas imperfeições, é escravo delas. Por esse motivo, não poderá permanecer sempre nas moradas espirituais, devendo retornar a matéria a fim de resgatar as suas dividas ou passar por provações a fim e limpar a sua consciência e melhorar-se pela reforma interior.
Dizendo: “o filho fica para sempre” mostrava que, assim como Isaque; Ele, Jesus, estava e sempre estará na casa paterna. Espírito livre e perfeito, não necessitando passar pelo processo reencarnatório (sua encarnação naquele momento deu-se apenas como missão não havendo nenhum débito ou necessidade de prova), permanecia em constante relação com Deus e com os planos espirituais mais elevados, mesmo estando voluntariamente, ligado a matéria.
Assim, a quem o filho (Jesus) libertar, quer dizer, seguir os seus ensinamentos, chegará um dia a perfeição, libertando-se da escravidão da matéria e não mais necessitando reencarnar, permanecendo definitivamente na vida espiritual, na eternidade. (Hebreus 12:1-9; 23)
Referencias:
[1] Bíblia Sagrada. João Ferreira de Almeida. Ed. 1995 São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.