Departamentalizações Cristãs
Deus não criou instituições departamentalizadas como as Igrejas atuais são constituídas, Judas registrou que os apóstolos previram que zombadores surgiriam provocando divisões ( Judas 1:19), o que as atuais “ igrejas” almejam é uma guerra entre elas, dividindo a humanidade, o que para mim é uma grande antítese levada pelo ódio e a ignorância, visto que a palavra igreja em grego [ekklesía] significa “ reunião”, mais e mais seitas surgem propondo divisões e ramificações, igrejas dão origem a outras e a outras espalhando-se no mundo como uma metástase, um câncer que não faz bem e que corrói os órgãos internos, constituindo um problema e não uma solução, escolas de hipocrisia e de falso moralismo que pouco ou nada ajudam para o bem-estar social.
Então um cristianismo sem igreja é possível? Não, quando compreendermos o que de fato é uma igreja. Em Colossenses 1:19-21 vemos que foi do agrado de Deus Pai que Cristo fosse a cabeça do corpo que é a Igreja, sendo Jesus o princípio supremo sobre os que ressuscitam dos mortos, ele foi o primeiro de tudo, a plenitude de tudo habitou em Jesus Cristo, e através Dele todas as coisas foram reconciliadas, o seu sangue vertido na cruz veio para que vivêssemos em paz com todas as coisas no céu e na terra. Em 1 Coríntios 12:12 vemos que os diferentes membros da Igreja de Cristo são parte de um mesmo corpo, há um só mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2:5), de modo que não necessitamos de intermediadores porque temos livre acesso ao Pai (Efésios 3:12).
Quando o cristianismo chegou às colônias gregas e romanas, houve um sincretismo religioso, cada cidade-estado tinha o seu padroeiro, um deus, representado por um ídolo, Éfeso por exemplo, onde Paulo pregou, era à época de Paulo uma das maiores cidades da província da Ásia, perto do Mar Egeu, no I século havia cerca de 250.000 ou 500.000 habitantes em Éfeso, o que em termos de Brasil, seria considerado uma média cidade, mas na época uma metrópole, a padroeira e deusa da cidade era Ártemis ou Diana para os romanos, considerada a deusa da caça e do meio-ambiente.
As imagens de veneração, que são referências para os católicos e não objetos de adoração, nada mais são do que um vestígio do sincretismo religioso com os cultos greco-romanos, mas muitas das primeiras igrejas cristãs tinham imagens e pinturas que eram utilizadas como referência e para a catequização dos primeiros cristãos, e a própria Bíblia não é radical na iconoclastia, o mesmo Deus que ordenou o não fazer imagens de deuses e corpos celestes, ordenou a Moisés que fizesse uma serpente e colocasse numa haste, havia imagens de querubins nos templos e imagens de palmeiras também, então há objetos de referência, mas a idolatria só ocorre com objetos de adoração, quando a imagem é adorada isso é idolatria.
A Igreja sempre engloba um coletivo de pessoas, não uma só, uma só é chamada de crente ou santo, a igreja não era um edifício físico como capela, catedral, salão ou o que quer que seja, a Igreja é o corpo de fiéis de uma determinada cidade, Jesus disse “ Onde estiver dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18:20), hoje há uma busca por números, líderes religiosos lutam por números ou frequência, mas esquecem-se de pastorear o rebanho, parece até que nunca ouviram a parábola da ovelha desgarrada, eles não se importam simplesmente com o bem-estar das almas, mas com o bem-estar dos bolsos.
Paulo viajava confirmando as igrejas ( Atos 15:41), ele se preocupava com as almas que lhe foram confiadas, as Igrejas Primitivas tinham anciãos, ou presbíteros, os presbíteros também recebiam o nome de episkopos ou supervisores, é dessa palavra que surgiu a designação bispo, também os presbíteros eram didaskalos (professores) e também poimen (pastor), João, em suas epístolas se identifica como o presbítero, e Paulo instruiu Tito a designar presbíteros em cada cidade (Tito 1:4-7), portanto, não são cargos diferentes, mas termos sinônimos, de maneira tal que tanto faz um termo ou outro.
Já no que diz respeito ao termo diácono, do grego diakonos que traduzido significa servo, ministro, atendente, evangelistas e pregadores (I Coríntios 3:5 e Efésios 6:21), é uma função que admite homens e mulheres (Romanos 16:1), não há uma hierarquia na Igreja, em Lucas 22 o Salvador forneceu instruções de amor, zelo, humildade e gentileza e admoestou-os a não se assemelharem aos gentios, a Igreja se hierarquizou em Roma mais do que se cristianizou, tornou-se departamentalizada, criando cargos superiores e inferiores, de modo que muitas igrejas também seguiram essa grande heresia, isso suscitou orgulho, porque os líderes religiosos passaram a se comparar a partir daí, gerando grande discórdia e cismas.