Que cresça a esperança

Padre Geovane Saraiva*

Natal solidário, sim, mas diante de crianças e adultos que passam por sofrimentos, dores e privações. A fome não saciada – e suas consequências – avança com força em nossos dias. Que nasça a esperança nos neurônios – atrofiados, desiludidos e desenganados – dessas crianças, adultos e idosos! Que nasça a esperança, dom maior, naquele espírito caritativo e transformador de Dom Helder, de que “um mundo melhor é possível”! Um Natal com consolação e fecundidade nos corações de homens e mulheres de boa vontade, cada dia com alimento partilhado em todas as mesas, num basta à desnutrição. Que nos agarremos ao absoluto de Deus, ao seu amor terno e afável, querendo sensibilizar corações!

Quanto mais ativa e dinâmica parecer a caminhada da Igreja, mais e mais contemplativa deveria se revelar ao mundo, favorecendo, evidentemente, a vida humana em seu todo, sobretudo na precariedade dos vulneráveis, dos que vivem em situação de rua e dos que passam por angústias de toda sorte e natureza, como no compromisso tão evidente de Dom Helder Câmara: o de um mundo melhor e mais inclusivo.

Este mundo benevolente e humanitário quer consistir mesmo na mais acentuada expressão, de tal modo concreto, que possa se manifestar e revelar, indispensavelmente, na luta contra o maior, mais ardiloso e astuto de todos os males e escândalos de nossa sociedade e mesmo da Igreja nos nossos tempos hodiernos: a abismal e antagônica ruptura que tende a persistir entre os empobrecidos e os que vivem na opulência.

Jamais prescindir da bondade de Deus. Ele mesmo quer que sejamos compassivos e voltados à contemplação do mistério da realidade da vida, ao nos revelar algo concreto, o qual nos desafia, na esperança, a palmilhar o verdadeiro caminho: o de conduzir os homens a Deus, mas na combinação harmônica do mesmo Deus que quer sempre mais se estabelecer entre os homens. Eis o desafio do Natal!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

Geovane Saraiva
Enviado por Geovane Saraiva em 08/11/2020
Reeditado em 08/11/2020
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