A REENCARNAÇÃO DO PROFETA ELIAS PARTE II
Nossos irmãos, adeptos das denominações tradicionais do cristianismo, refutam a ideia da reencarnação do profeta Elias como João Batista utilizando três principais objeções:
1 - Em (João 1: 21) João Batista declarou que não era Elias.
A negativa de João Batista é perfeitamente compreensível e explicável não trazendo nenhuma contradição com o ensino espírita. Quando reencarnamos o véu do esquecimento encobre as lembranças das nossas vivências passadas. Embora existam casos documentados de pessoas que conseguem lembrar-se das suas encarnações anteriores, esses eventos ainda são muito poucos.
João parece que não tinha essa memória integral da sua vida pretérita, por isso, negou ser Elias. Todavia, isso não significa que não havia uma intuição, uma reminiscência de seu passado e da missão que deveria desempenhar como precursor do Messias, e isso fica claro quando ele mesmo afirma no versículo 23 do mesmo capítulo: “Eu sou a voz que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías”.
Apesar de João não se recordar de sua existência como Elias o Senhor Jesus sabia dessa sua vida pregressa e forneceu várias evidências aos seus seguidores (Ver nosso artigo anterior: A reencarnação do profeta Elias parte I).
2 - Se João Batista fosse Elias, no momento da transfiguração de Cristo teriam aparecido Moisés e João (que já era morto) e não Moisés e Elias.
A objeção acima é comumente utilizada na tentativa de encontrar incoerências na questão 150b de “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec, Nessa pergunta, o codificador faz a seguinte indagação os espíritos superiores:
P – “Não tendo mais seu corpo material, como a alma constata a sua individualidade?”
E os espíritos responderam:
R – Ela tem ainda um fluido que lhe é próprio, tomado da atmosfera de seu planeta e que representa a aparência de sua ultima encarnação: seu períspirito.
Utilizando essa resposta dos espíritos a Kardec, os religiosos tradicionais tentam respaldar a opinião de que Elias e João não poderiam ser o mesmo espírito.
Todavia, na explicação dada pelos espíritos não se afirma que uma entidade espiritual só poderia apresentar-se exclusivamente com a aparência da sua ultima existência. O que é totalmente esclarecido em outra obra básica da codificação Kardequiana “A Gênese” capítulo XIV, item 14, onde diz:
“Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são o produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera.“
“É assim, por exemplo, que um Espírito se apresenta à vista de um encarnado, dotado da vista espiritual, sob as aparências que tinha em sua existência à época em que o tenha conhecido embora tenha tido várias encarnações após. Ele se apresenta com as vestes, os sinais externos, enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc., que tinha então; um decapitado apresentar-se-á sem a cabeça. Não é para dizer que tenha conservado tais aparências; não, certamente, porque, como Espírito, ele não é nem coxo, nem maneta, nem caolho, nem decapitado; mas seu pensamento se reportando à época em que era assim, seu perispírito toma instantaneamente as aparências que o deixa como tal, instantaneamente. Se, pois, ele tenha sido uma vez negro e outra vez branco, ele se apresentará como negro ou como branco, de acordo com a qual, das duas encarnações sob a que seja evocado e onde se reportará seu pensamento.”
Desse modo, Espíritos de evolução elevada podem com facilidade tomar a forma da reencarnação que melhor lhe convier ou agradar. Assim sendo, João Batista ao retornar ao plano espiritual preferiu apresentar-se a Jesus na forma de sua encarnação como Elias.
3 – Elias não Morreu:
Essa tradição de homens que eram arrebatados vivos ao céu era muito comum na antiguidade, tanto entre os hebreus quanto nas lendas dos povos politeístas, aonde heróis e semideuses iam fisicamente à morada dos deuses celestes ou ao submundo dos mortos.
Todavia, essas histórias de ascensões físicas ao céu vão de encontro ao que apóstolo Paulo afirmou:
“E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.” (1 Coríntios 15:48;50).
Em outras palavras, para se viver no ambiente espiritual faz-se necessário ser espírito e somente se pode sê-lo passando pela morte (Hebreus 12:22-23). Ou seja, Elias realmente morreu. Entretanto, a partir dos textos bíblicos podem-se inferir duas hipóteses para o modo como o profeta desencarnou:
Primeira hipótese – A carruagem com cavalos de fogo consumiu o corpo físico de Elias e então, revestido do corpo espiritual, ascendeu aos céus numa espécie de redemoinho restando-lhe somente a capa (2 Reis 2:11).
Pode-se apontar a capa intacta resgatada por Eliseu como inconciliável com uma possível destruição corporal do profeta, contudo, existe um fenômeno chamado na parapsicologia de combustão espontânea ou pirogenia, em que corpos foram encontrados carbonizados entre lençóis intactos. O que no espiritismo entra na categoria dos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos.
A sarça ardente pode ter aí a sua explicação, onde o anjo do Senhor utiliza-se desse fenômeno para chamar a atenção de Moisés (Êxodo 3:2-4). O próprio profeta Elias empregou esse recurso para consumir pelo fogo vários soldados do rei Acazias (2 Reis 1:9-12). Assim, Eliseu sendo profeta, também detinha o dom da vidência e, portanto, pôde observar o espírito de Elias se elevando ao mundo espiritual, julgando vê-lo fisicamente.
Segunda hipótese – Elias foi transportado fisicamente pelo turbilhão para outro local, distante de Israel e Judá ou nas proximidades dos assentamentos hebreus e de lá observando os acontecimentos, teria escrito uma carta dez anos depois do seu desaparecimento, para o rei Jeorão de Judá (2Crônicas 21:12). E certamente com o tempo morreu. A não ser que se admita que a mensagem fosse uma psicografia, aí valeria a primeira hipótese.