MEU TESTEMUNHO CRISTÃO

18 de abril de 1982, o dia mais importante da minha vida. Há exatamente trinta e oito anos, o Senhor Deus usou de grande misericórdia comigo, curou minha cegueira espiritual e me recebeu com festa em Sua Casa. Conto um pouco a seguir.

Oito dias antes, quando Neide e eu estávamos no sétimo ano de casamento e com apenas dois filhos (hoje temos cinco), na manhã ensolarada de um sábado, passeando com meu irmão no belíssimo centro de Curitiba, percebi um grupo de jovens casais e suas crianças, cantando músicas harmoniosas ao som de um violão bem tocado. Nos intervalos entre as músicas, eles apresentavam peças teatrais com mensagens cristãs, de uma maneira gentil e encantadora, ao ponto de – sob protestos do meu irmão – atraírem-me tanto que nada faria com que eu perdesse aquele singelo e maravilhoso espetáculo. Fui tão tocado pelas mensagens que convidei alguns dos casais e seus filhos para jantarem em minha casa, convite que foi aceito. Minha mulher Neide preparou um strogonoff, e eu abri uma garrafa de vinho para abrilhantar o encontro. Ao final, após uma agradabilíssima e interessante conversa, eu me sentia muito feliz e disse que para ter a vida e a alegria deles, seria capaz de largar tudo imediatamente. Um jovem me rebateu, dizendo que eu não precisava largar tudo, bastava deixar Jesus entrar em minha casa, que eu acharia o que procurava. “Mas como faço para deixar Jesus entrar em minha casa?”, perguntei. Ele respondeu: “Simples! Se Ele está batendo, abra a porta!”. Ele estava, sim, batendo, e eu não queria perder aquela oportunidade. Sugeri então que fizessem uma oração comigo e com a minha esposa, pedindo a Jesus que entrasse em nossa casa. Ele entrou, e nunca mais as coisas foram as mesmas! Já no outro dia eu me sentia diferente, aquela falta de amor com minha família desapareceu, eu sabia que estava em novidade de vida, uma coisa impressionante! Bateu saudades dos meus irmãos e da minha mãe. Ao mesmo tempo, sentia urgente necessidade de purificação dos pecados, que ainda estavam lá a me perturbar. Conversei na ocasião com um padre e com um pastor, que me orientaram melhor. Por volta da meia noite do sábado seguinte, em minha casa, convencido pelo Espírito Santo, ajoelhei-me em profunda reverência e pedi que Jesus me purificasse de todo pecado e impureza, juntamente com minha mulher. Nesse momento o Senhor concedeu-me uma experiência fantástica: tive uma visão de Jesus Cristo na cruz, e cada pecado grave que cometi vinha à minha mente e era tragado pela força da cruz, como um enorme aspirador que sugava tudo em volta. Meus pecados vinham à lembrança e eram imediatamente sugados por Jesus. Neide acompanhava tudo sem palavras, e sem saber o que ocorria comigo contou-me que uma parenta próxima havia praticado o horrível crime do aborto. No mesmo instante vislumbrei aquele gravíssimo pecado sendo sugado pela força do sacrifício de Jesus. Em seguida, senti uma paz tão grande que talvez somente volte a senti-la no Reino de Deus. Quando levantei da cama no domingo, 18 de abril de 1982, o primeiro domingo depois da Páscoa, o chamado domingo da misericórdia, eu era um homem novo, me sentia assim como Adão, recém-criado. Até os meus movimentos mais simples se revestiam de uma grandiosidade tão grande que eu só sabia agradecer e louvar a Deus. A natureza se transformou naquele dia, as flores brilhavam e as árvores vibravam de alegria. Tentei ler o evangelho de João, mas só consegui ouvir o som do crepitar de chamas e um coral de anjos recitando a primeira parte da “Ave-Maria”. Em uma explosão de alegria, peguei meu filho pela mão e saímos para passear e apreciar como nunca a beleza da natureza em festa. Durante a missa, que eu não participava há muito tempo, Deus me deu a graça de enxergar no momento do “Pai Nosso”, o sacerdote revestido de luminosidade e majestade, como se fosse o próprio Jesus no meio da Igreja. No restante do dia aconteceram muitas outras bênçãos, que se Deus permitir contarei em ocasião oportuna.

Foi assim que tudo começou. Nesses trinta e oito anos, lutas, vitórias, quedas, muita desconstrução, muito crescimento. Engatinho, aprendo, peço perdão, paro de pecar, peco de novo, peço perdão de novo. Cresço, caminho, empaco, caminho de novo. Vejo a mão de Deus me abençoando, corrigindo, protegendo e conduzindo. Aguardo esperançoso o fim da grandiosa obra que um dia o Senhor Deus Criador de Céu e da Terra começou em minha vida, e que certamente há de concluir.

(Marco Esmanhotto)