APOSTILA DE GÊNESIS – LIÇÃO 5 – CAIM E ABEL
Deus permite que alguns equívocos nos aconteçam, como o de Caim, o primogênito de Adão e Eva, imaginar que poderia ser o Messias – O Salvador do Mundo. Deus não perde oportunidade e até nos equívocos nos ensina sobre o Plano da Salvação.
Em Gênesis 3:15, que é considerado como o proto-evangelho, ou o prenuncio e resumo do Evangelho, ou o pequeno Evangelho, na hora do julgamento da serpente, Deus diz que um homem pisaria na cabeça da serpente e a serpente lhe morderia o calcanhar.
Se perguntássemos para Adão e Eva no Jardim do Éden, se eles sabiam o que era pecado, eles poderiam responder que não sabiam o que era o pecado como explicado por Paulo, tão detalhadamente em Romanos, ou segundo a Teologia Sistemática, mas saberia ainda assim dizer que pecado era comer do fruto da árvore que estava no meio do Jardim, que Deus disse que não era para comer. O que não sabiam é que existia uma outra árvore e foi por essa outra árvore que foram expulsos.
Expulsos do Jardim, Adão e Eva tiveram um filho, Caim e com certeza os seus pais lhe falaram exaustivamente sobre como era o jardim, a presença de Deus, dos anjos e dos animais que vivem no Jardim, assim como a vida ali era mais fácil de se viver, e que ainda existia uma profecia que dizia que o filho de Eva, portanto Caim, pisaria na serpente, isto é, a derrotaria e a ordem seria restabelecida do caos.
Mas com certeza absoluta Caim cresceu imaginando que ele era o salvador do mundo, o que significa a palavra Messias. Algo iria acontecer que daria condições para Caim ser o salvador. Mas os anos passaram e Adão e Eva um dia tiveram outro filho: Abel. Uma pulga instala-se atrás da orelha de Caim, mas enquanto o jovem Abel era pequeno, não causava tanto perigo. Porém um dia Abel fez algo que chamou a atenção de Deus e Deus dá testemunho dele, dizendo que aceitou a sua pessoa e a sua oferta. Caim imediatamente também quis ofertar, mas nem a sua pessoa e nem a sua oferta foram aceitas.
Isso culminou que com inveja, raiva e frustração de não ser o Messias, ele acabasse matando o irmão Abel. E ai ele fugiu dos familiares e de Deus, quer dizer, ele agora não tinha mais que dar satisfações a ninguém e poderia expor completamente o pecado dentro de si.
O CULTO DE ABEL APONTAVA PARA A ERA DA GRAÇA
Todas as vezes em que formos ler, estudar ou ensinar o Antigo Testamento, nós devemos ter em mente o Novo Testamento e seus ensinos, mas além disso existem outras ciências que podem nos ajudar a entender melhor a Bíblia e o que Deus quer falar conosco. Existe uma maneira pouco usual de se observar a história de Caim e Abel, onde o irmão mais velho acabou matando o irmão mais novo. Eu não sei se você já ouviu aquela idéia que diz que existem dois lobos dentro da gente, um completamente bom e o outro completamente mau; pensar em Caim e Abel é pensar que o homem (a mulher também), o ser-humano, tem dentro de si dois homens, um bom e o outro mau. Temos dentro de nós, vivendo em desarmonia, o nosso Caim e o nosso Abel. Um, por ter os motivos errados, peca e o outro por ter os motivos corretos, acerta. Na questão do lobo bom e o lobo mau, surge a pergunta: Quem é o mais forte e a resposta é: Aquele que você mais alimenta. Da mesma maneira quem estamos alimentando, o nosso Caim ou o nosso Abel?
E essa questão de termos um lobo bom e um lobo mau dentro de nós, o Novo Testamento resume dizendo que temos um Velho Homem do Pecado e um Novo Homem em Cristo; nós temos um velho Adão (o pecado) e um novo Adão (um santo). Portanto, Caim e Abel tipificam com exatidão o lobo mau e o lobo bom em nós; o pior e o melhor, a quem nós damos mais alimento, é o mais forte, o que predomina.
Abel, o segundo filho de Adão e Eva não tinha pretensões de ser o Messias e diferente do irmão que era lavrador da Terra, um agricultor, portanto um trabalho muito digno, ele cuidava de animais, um trabalho também muito bom. Num certo dia Abel fez um gesto que ecoa na eternidade até hoje: ele matou um bezerro e o ofertou a Deus. Abel realizou o primeiro culto do mundo.
A partir de agora vemos uma nova ordem surgir, pois a antiga ordem passara. Enquanto que Caim vivia do passado, onde com certeza seus pais lhe falaram de um tempo em que viviam no Jardim do Éden e Deus lhes vinha ao encontro na viração do dia, todos os dias, Abel fez diferente e assumiu, com seu gesto, que era tempo de buscar a Deus, pois Deus já não estava tão acessível como outrora. O homem perdera a comunicação fácil, fluente, com Deus e agora precisavam buscá-lo e implorar o seu favor.
O gesto de Abel foi fantástico, ele matou um animal e ofertou a Deus, um animal inocente morria pelo homem pecador. Seu gesto aponta diretamente para Cristo e a Cruz, aonde desde Gênesis 3.15, vamos entendendo que Deus provia para si uma satisfação para a absolvição do pecado do homem.
Abel apontou para um novo tempo. Abel apontou para a Era da Graça, o Novo Testamento, pois o que fez foi pela fé, portanto falou de Graça, de salvação. Abel foi inspirado pelo Espírito Santo, pois o homem nada pode fazer em prol da sua salvação. A salvação sempre vem de cima, de Deus e nunca parte da vontade terrena do homem. Qualquer ato que envolva salvação partiu de Deus e cabe a nós responder afirmativamente ao nosso chamado.
No primeiro culto do mundo, na primeira vez em que invoca-se a divindade (o que acabou sendo copiado por Satanás à exaustão), Abel ofereceu um presente a Deus, ou uma oferta, ou ainda, o dizimo. Dízimo é um negócio tão complicado que aquele que ofereceu o primeiro dízimo no Antigo Testamento morreu e no Novo ao se falar sobre a coleta, Ananias e Safira também morreram.
Os acertos de Abel mostram os erros de Caim. Abel, inspirado por Deus e pela fé, sacrificou um animal inocente e o ofertou a Deus. Esse gesto aponta diretamente para a Cruz de Cristo. E se Abel aponta para a Cruz, aponta para o Novo Testamento, que é a Dispensação da Graça. Ou seja, Abel apontou para o futuro, ultrapassando em muito, não só de forma temporal, a Dispensação da Lei que tinha o Sistema Sacrificial como coração.
Sempre surge a pergunta por que Deus aceitou a oferta de Abel e não aceitou a oferta de Caim. É preciso entender que Caim como um lavrador, tinha um trabalho bastante árduo a realizar ao preparar a terra, plantar e colher. De certa maneira o que Caim apresentou representa o esforço humano. A idéia de Caim era ofertar a Deus para que Ele olhasse do Céu e o aceitasse e não ao seu irmão. Ele ofertou com os motivos errados. Caim ofertou querendo superar a oferta do outro e não porque estava interessado em ofertar algo a Deus. Seus motivos eram egoístas, pois ele queria algo de Deus, portanto seu ato não foi movido pela fé, não foi inspirado, mas motivado pela ganância. E isso explica porque tanta gente dá o dizimo e nada recebe: Deus não pode ser comprado e não se vende por um coração motivado pelo pecado ganancioso.
Deus por outro lado recebe a oferta de Abel que demonstra dependência de Deus. De alguma maneira a aceitação da oferta de Abel foi patente, pois todos viram e ouviram. A oferta correta trás a aceitação da parte de Deus.
Abel não queria ser líder de nada e nem dominar ninguém. Abel não ofertou para os outros verem, mas movido pelo Espírito Santo. Abel mostrou um caminho melhor de se cultuar a Deus: pela fé e não por obras e não pelo seguir um Sistema Sacrificial, apenas, que não podia salvar, mas pela Graça, pela inspiração, pela revelação do Espírito Santo. O culto de Abel apontou diretamente para a Era da Graça.
Amém
Fique na paz.