O egoísmo tem gerenciado o mundo, inclusive àqueles que se denominam cristãos, estes desenvolveram um vício especial: a egolatria. Parece pesado afirmar tudo isso, mas é justamente o sentimento que brota quando percebemos o grande abismo para o qual nos dirigimos como se fosse um caminho seguro. Um tour em redes sociais, quinze minutos de uma conversa informal ou um discurso preparado, e em todas essas situações percebemos que o ‘pecado original’ é latente. Tem muito cacique pra pouco índio, muito presidente pra pouco funcionário, tem muitos deuses para pouca Criação. Dois movimentos predominam no comportamento de uma grande maioria: autoafirmação e supervalorização. Pelo primeiro, todos querem se apresentar como o ser mais independente, aquele em que ninguém manda, mesmo que no fundo seja a criatura mais insegura, o que importa é a aparência da convicção. Pelo segundo, todos querem se sobrepor, não pelo mérito pessoal, pelo esforço, mas pela redução do outro, nivela o valor por baixo porque não tem coragem de arriscar amadurecer. Ver tudo isso entre cristãos é o que mais dilacera o coração. Pensar que aqueles que deveriam ser luz no mundo e sal na terra, aqueles que deveriam dar testemunho são na verdade os primeiros a apagar o ensinamento de Cristo. O ódio disseminado entre aqueles que professam a sua fé em Jesus é o maior contratestemunho para um mundo que já não acredita em unidade. Infelizmente a maioria não quer unidade para que as pessoas possam se encontrar com Deus, querem unificação, através da qual apenas o ego doente de orgulho aparece. Todo mundo tem algo a falar, uma ideia a defender e outra a atacar, mas infelizmente, ninguém tem tempo para ouvir, para acolher, para se fazer presente na vida das pessoas. Redes sociais formam doutores, juízes ou pitbulls que vociferam ‘suas verdades’ ao mundo virtual, mas que tremem nas bases se tiverem que olhar os olhos de alguém por mais de cinco segundos. Na tentativa de se afirmar e se mostrar superior o ser humano se perde de Deus – a humanidade só pode ser afirmada verdadeiramente em sua relação com o Criador, que redime o que foi ferido pelo pecado no sangue do Filho; a humanidade só pode ser superior quando se reconhecer submetida a Deus – mas, o Deus ‘self-service’ que a maioria diz adorar na verdade é um ego imaturo com uma roupa de época.
Jesus, falando de si mesmo como presença do Reino dos Céus entre nós, afirmou: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.” (Mt 11,25). De fato, é impossível aos grandes e sábios daquele e do nosso tempo reconhecerem a presença de Deus, o ego inflado se torna um espelho e esses grandes só conseguem ver o próprio umbigo. Não é por maldade que o Reino está escondido dos sábios e entendidos, talvez, eles não queiram ver, talvez a exigência real do Reino seja árdua demais para egos obesos.Mas nunca seremos decepcionados em nossa esperança: ainda há pequeninos neste mundo. Ainda há pessoas que transmitem a força da presença, que conservam valores mesmo na contramão da correnteza. E ainda que os pequeninos estejam submetidos ao mar de sofrimento que a corja de hipócritas gera, o amor de Deus os sustenta. Esses pequeninos, ‘sementes de mostarda’, ‘pitadas de fermento’, frágeis e insignificantes aos olhos de uma sociedade assoberbada carregam em si a potência de Deus. É por causa daqueles que ainda insistem em imitar Jesus na prática e na dor que ainda podemos usar a palavra ‘esperança’.
Que esse desabafo me ajude, nos ajude a olhar para nossa limitação, esvaziar nossa vida do orgulho que atrai, e por fim, fazer da vida um martírio, o sentido mais radical do testemunho para que através de nós Cristo brilhe no mundo.
Jesus, falando de si mesmo como presença do Reino dos Céus entre nós, afirmou: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.” (Mt 11,25). De fato, é impossível aos grandes e sábios daquele e do nosso tempo reconhecerem a presença de Deus, o ego inflado se torna um espelho e esses grandes só conseguem ver o próprio umbigo. Não é por maldade que o Reino está escondido dos sábios e entendidos, talvez, eles não queiram ver, talvez a exigência real do Reino seja árdua demais para egos obesos.Mas nunca seremos decepcionados em nossa esperança: ainda há pequeninos neste mundo. Ainda há pessoas que transmitem a força da presença, que conservam valores mesmo na contramão da correnteza. E ainda que os pequeninos estejam submetidos ao mar de sofrimento que a corja de hipócritas gera, o amor de Deus os sustenta. Esses pequeninos, ‘sementes de mostarda’, ‘pitadas de fermento’, frágeis e insignificantes aos olhos de uma sociedade assoberbada carregam em si a potência de Deus. É por causa daqueles que ainda insistem em imitar Jesus na prática e na dor que ainda podemos usar a palavra ‘esperança’.
Que esse desabafo me ajude, nos ajude a olhar para nossa limitação, esvaziar nossa vida do orgulho que atrai, e por fim, fazer da vida um martírio, o sentido mais radical do testemunho para que através de nós Cristo brilhe no mundo.