A NATUREZA DA LIBERDADE HUMANA

A NATUREZA DA LIBERDADE HUMANA

Em Adão e Eva, a desobediência ao mandamento de Deus é um ato de livre escolha da parte deles. Por ter deixado a inocência no momento do início da história humana, por eles, a humanidade inteira tornou-se responsável por seus pecados, passando a viver num mundo por eles organizado segundo o que recebera de Deus parte da criatividade antes exclusiva de Deus. Assim, todos nós somos dotados dessa capacidade em fazer nossas escolhas, sabendo que em cada uma delas, será sempre nossa a responsabilidade pelos erros e acertos – não temos como fugir, estamos sempre fazendo nossas escolhas.

A natureza da liberdade humana é ainda mais desenvolvida na história de Caim e Abel. Sendo Caim um agricultor, se encheu de inveja ao ver que sua oferta havia sido rejeitada, enquanto a oferta de seu irmão Abel que era pastor, foi do agrado de Deus. Sabedor de que o impulso para pecar podia ser dominado, Caim sucumbe a ele e mata Abel. Ao ser confrontado por Deus, ainda mente e nega em saber da morte do irmão (sou acaso guarda do meu irmão?). Foi condenado a vagar perpetuamente pela terra que lavrara, Caim, o primeiro assassino, indica quão pequeno é o poder do homem sobre seu ciúme e paixão.

Consequentemente, dá-se a entender que a humanidade vai sempre degenerando (toda a imaginação de seus corações só está continuamente voltada para o mal). Nesse aspecto o cenário para a narrativa de um dilúvio universal, traz a memória de uma humanidade decaída. Numa cronologia de acontecimentos desde os primórdios, não é difícil de entender por que, vezes por outra a humanidade é sacudida, e mesmo assim, a inteligência humana parece sempre voltar para si mesma, sempre julgando ser supremos senhores de todas as coisas. As eras são contadas em que o investimento humano sofre as derrocadas. No entanto, o equilíbrio de existência é mantido por uma multidão que está sempre procurando fazer melhores escolhas, e bem assim sabendo compreender que o conceito de liberdade impõe um aprisionamento do homem em face à sua fragilidade – “a minha liberdade é minha prisão”.

Via de regra, não é difícil de ser constatado que em qualquer esfera da vida em sociedade, o mal está sempre se fazendo presente – é o que mente, é o que quer levar vantagem, é o desonesto, é o que julga ser melhor, é o que subtrai do seu irmão, é o que tem língua dobre, é o que sabe fazer o bem a o outro, mas não faz, é o que não divide, é o que não tem compaixão, é o que explora o seu próximo, é o não cumpre o dever de sua função ou faz de qualquer jeito, e centenas de outras maldades que são manifestas em todos os dias. Tanto é que, vez por outra quando surge a história de uma pessoa honesta, todos nós celebramos, de tão incomum nesses dias – é o gari que encontrou trinta mil reais e que sabia que não era dele, procurou a polícia para que desse o destino legal. Assim, o que era para ser coisa normal passou a ser um fenômeno. Na década de oitenta, quando de um passeio pelos Estados Unidos em companhia do nosso amigo Deni de Almeida, organizador do grupo. Distraído pelo show e beleza dos esquilos numa praça de Miami, acabei esquecendo o meu equipamento fotográfico no banco do jardim. Ao chegar ao hotel é que dei conta, voltando correndo, lá encontrei o meu equipamento. De outra feita foi na Grécia, após ter tomado café num bar junto com os amigos, um deles esqueceu a carteira com passaporte e seus dólares, só deu falta quando estava prestes a embarcar num cruzeiro. Pegou um taxi, e lá estava guardada a sua carteira e passaporte. Tudo virou história, pois que muito raramente coisas assim quando acontecem é para espanto de todos nós.

Por nossas escolhas e pelo uso de nossa liberdade, cada um de nós constrói a sua história, cada um de nós deixa o seu legado. Porém, o que nos deixa perplexos, é quando temos consciência de nossos erros pelo que fazemos ou deixamos de fazer. O apóstolo Pedro já afirmara em tempos do nascimento da Igreja – “o mundo jaz no maligno”. O mal se faz presentes em todas as esferas da vida. Assim, em nossas orações, estamos sempre pedindo a Deus que nos livre do mal e das tentações, e que nos ajude a fazer as escolhas certas, que nos dê sabedoria para usarmos a nossa liberdade com responsabilidade, pois que por estas coisas prestaremos contas a Deus.