Pisque seus olhos! Nesse abrir e fechar de olhos percebemos a brevidade de nossa jornada. É sabido que o tempo não espera ninguém, a vida é cíclica e nos ensina constantemente que em instantes tudo chega ao fim, sonhos são interrompidos e planos se frustram.
     Interessante que ao nascer já encaramos a dura realidade do processo de falecimento, e isso se dar lentamente dia após dia. Somos seres para a morte, onde toda essa tentativa de autoproteção exagerada se esvai em segundos. Na realidade da morte que age por autorização divina nos encontramos desprevenidos, morrendo de qualquer jeito. Desaprendemos a morrer de tanto viver, e por esse motivo investimos boa parte do nosso tempo preocupados em como viver, como planejar e como sonhar.
     Na tomada de consciência percebemos que o tempo passou e não desfrutamos de Deus, do nosso próximo, das coisas criadas e até de nós mesmo. Não investimos tempo para nos conhecer a partir da essência e referência máxima que é o próprio Deus. Neste instante, nesse abrir e fechar de olhos estamos morrendo, e talvez não seja de tanto viver. Há muito pra viver, há muita vida lá fora, vida aqui dentro e uma Vida que transcende nossas superficialidades. Afinal, Deus plantou em nossa mente as centelhas da eternidade.
     Enquanto escrevo, recordo o funeral de meu pai José, ali diante de seu corpo frio e pálido, de uma matéria corruptível pude perceber na observação e reflexão que ele estava vivendo de verdade a partir daquele ponto, pois tinha voltado para Cristo, a sua real origem. Quem morre de tanto viver não perde de vista o encanto de um dia comum, quem morre de tanto viver ama sem esperar nada em troca, quem morre de tanto viver sabe que o real sentido da vida encontra-se no ver Jesus face a face onde a angústia cessará definitivamente. Aperfeiçoar esse anseio nos motiva a cumprir os propósitos dEle nesse lado da vida.
     Morrer de tanto viver vai exigir de nós um abraço demorado, uma carta ao amigo distante, um afeto carregado de consolo e silêncio com aquele que se encontra em luto, dor e sofrimento. Sonhos gritam por realizações, planos clamam por execução e pessoas gemem por amar e serem amadas.
    Morrer de tanto viver nos devolve para Deus que nos criou e nos posiciona nesse tempo como alguém que talvez não tenha nada a oferecer no momento, mas que dar de si como um sacrifício para morrer de tanto viver.
     Todos os méritos, ganhos e lucros dessa jornada são como um nada diante da eternidade que se apresenta na essência daquEle que de fato morreu de tanto viver: o Cristo que não viveu para si, mas para servir e da à vida por nós, esse é o exemplo que devemos seguir.
"... que meu nome morra com meu corpo, e que o de Cristo permaneça em tudo."
Na possibilidade de ter meu nome numa pedra que eu possa ouvir a voz que diz: causa da morte: VIDA. Eis aqui alguém que morreu de tanto viver.
Por que não morrer de tanto viver hoje?
 
 
 
Abra a Porta e Osvaldo Santos
Enviado por Abra a Porta em 19/08/2020
Reeditado em 19/08/2020
Código do texto: T7040122
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