Espírito de Sabedoria e de Revelação
"Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação" (Efésios 1.17)
Nessa passagem, Paulo expõe que orava pelos efésios para que Deus lhes concedesse espírito de sabedoria e de revelação através do conhecimento Dele (ou seja, do relacionamento com Deus), para que, conforme o versículo seguinte, eles conhecessem a esperança para a qual Deus nos chamou, as riquezas da gloriosa herança Dele nos santos e a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos. Não era um espírito de sabedoria para administrar bens, ou um espírito de revelação para saber coisas sobre a vida dos outros que eles não saberiam de outra forma, mas para entender o que Cristo é para nós agora e para sempre.
Deus não é, para Paulo, incognoscível. O conhecimento de Deus, ao contrário, é o meio pelo qual nós recebemos sabedoria e revelação. Esse conhecimento é a vida eterna (Jo 17.3). Aqui não se trata daquele conhecimento inicial do Senhor quando uma pessoa é salva e seus olhos são abertos para compreenderem a verdade, já que os Efésios já conheciam a Deus dessa forma. É um conhecimento mais profundo, progressivo, que crescerá infinitamente por toda a eternidade. Isso significa que nós, que já temos algum conhecimento de Deus hoje, precisamos buscar conhecê-lo ainda mais.
Essa oração de Paulo, registrada a partir de Efésios 1.16, é, segundo ele, alimentada por ele saber sobre a fé no Senhor Jesus que os efésios tinham (Ef 1.15). Isso significa que esse conhecimento mais profundo de Deus é um desenvolvimento esperado da fé. Se nós cremos, devemos conhecer mais e mais ao Senhor, já que, conforme o versículo 19, a incomparável grandeza do poder de Deus opera naqueles que crêem. Por outro lado, a manutenção dessa fé depende do desenvolvimento desse conhecimento.
Watchman Nee (1980), em um livro, registrou o testemunho de alguém que era um cristão há 22 anos, mas nos dois primeiros precisou fazer um grande esforço para acreditar. Se perguntassem se ele estava salvo, ele realmente estava salvo. Ele sabia que estava. Ele sabia que tinha a vida eterna. Entretanto, se perguntassem se ele acreditava em Deus, ele respondia que acreditava enfatizando bastante a palavra "acreditar", como se isso fosse necessário para forçar sua própria mente a acreditar que acreditava, como se ele precisasse fazer um grande esforço para realmente crer em Deus. A razão disso, segundo o testemunho, era que ele não conhecia a Deus adequadamente. Ele precisava de evidências externas para manter sua fé. Mas depois desse período inicial, ele já não precisava de ajuda mental, porque conhecia a Deus. O conhecimento verdadeiro alimenta a fé.
Isso significa que se você tem dificuldades em crer, se a fé lhe parece algo fraco ou que precisa de muito esforço para ser mantida, uma alternativa além de simplesmente pedir a Deus por mais fé - que é uma oração perfeitamente válida - é orar para Deus se manifestar a você, para que você O conheça mais profundamente, e nesse conhecimento Ele te dê o espírito de sabedoria e de revelação, para que você experimente a sobreexcelente grandeza do seu poder em nós, os que cremos.
cf. NEE, Watchman. The Spirit of Wisdom and Revelation. Christian Fellowship Publishers, 1980. Disponível em: <http://www.thechurchincupertino.net/Watchman_Nee/Books/The%20Spirit%20of%20Wisdom%20and%20Revelation.pdf>