Amor gentil e desinteressado
Padre Geovane Saraiva*
Confiemos e inspiremo-nos na afável bondade de Deus, que se estende de geração em geração. A partir da mais acabada confiança, que a vida seja percebida como dom e graça, dentro do projeto salvífico, que significa abraçar a missão e romper com o comodismo, na busca de encontrar novos caminhos, de vencer obstáculos e de ultrapassar barreiras. Devemos acolher o convite feito pelo próprio Deus: o de dar continuidade à sua missão, obedientes à sua irrecusável voz e indescritível mistério de amor. Esse amor, à luz da esperança cristã, não é sinônimo de ilusão, mas revela ideia de justiça e vida para todos, na vinda definitiva de Deus, convencendo-nos da plenitude do homem e do mundo, no mergulho e entrega nas mãos do Senhor.
Dentro do contexto da semana que antecede a Solenidade de Pentecostes, na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2020, com o tema “Gentileza gera Gentileza”, promovida mundialmente pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) acontece em períodos diferentes nos dois hemisférios. Pensemos que a gentileza é fruto da caridade, como nos ensina o apóstolo Paulo, a respeito da qual, sendo paciente e benigna, não é invejosa e nem se vangloria, não desrespeita, não busca seu interesse, não se é raivosa e não leva em conta o mal recebido, não se alegra com a injustiça, mas acolhe a verdade, antevendo a santidade, assimilada como dom, dentro do projeto de Deus, significando uma ruptura com o mal e com todos os seus frutos.
Deus convida todos, em tempo de pandemia – pelo testemunho e anúncio de cada seguidor de Jesus de Nazaré –, a prestar conta e dar razões de sua vida de esperança. Ele é amor, sendo, por isso mesmo, causa e razão de nossa vida, mas na alegre confiança de quem o descobriu, o reconheceu e o acolheu como seu tesouro mais precioso, capaz de satisfazer a existência humana. Que nossa resposta ao mistério da revelação de Deus na História, vindo ao mundo por meio de Maria – mulher simples e humilde –, nos ensine a verdadeira alegria, na doação generosa e no oferecimento da própria vida.
Como é conveniente pensar que somente através do amor – dom e graça –, acolhido e traduzido em lições de vida, depois transmitido aos irmãos, é o que é decisivo para determinar o valor e a importância de uma vida de doação! Sejamos convictos de que o que realizamos na fé e na esperança deixará sinais e marcas indeléveis. A herança maior que podemos deixar para as gerações vindouras está no constante esforço da vivência do Evangelho, pela nossa conduta ética, numa prática, que tem por base o amor desinteressado, com “gentileza gerando gentileza”. Amém!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).