As Religiões

Que religião quer dizer religar, todos sabem, más a religião que muitos ensinam e outros entendem como a busca do homem por uma re-ligação com Deus, não passa de uma ingênua interpretação.

A incoerência dessa afirmação está na total impossibilidade do homem, em alguma época, haver se desligado do seu criador, visto que o nosso espírito é uma parte da chama divina e imanente ao homem desde a sua criação.

Portanto, afirmar que o homem deve se re-ligar á Deus, por meio da religião é uma falsa verdade que leva a nossa consciência a uma tentativa de obter benefícios ou afastar as forças maléficas através de rituais solenes e complicados.

As crenças e o misticismo existem desde tempos imemoriais, as muitas lendas e mitos antigos tratam da religiosidade dos povos, dos feitos e dos poderes das suas divindades.

Toda religião começa num mito, visão ou revelação, a partir do mito se cria um deus e para cultuar esse deus se cria uma religião, para formar essa religião se cria uma teologia e para explicar a teologia se cria uma doutrina. Essa doutrina, por sua vez, cria o dogma que deve ser aceito sem contestações.

Antes da escrita, o que existia eram rituais de tradições e costumes místicos, que não tinham ainda uma estrutura clerical, aos quais se pudessem chamar de religião.

O culto aos astros, mortos, deuses e ídolos, foi dando origem aos dogmas, que em conjunto com os códigos morais e de leis, iriam mais tarde, com o aparecimento da escrita, ser compilados em livros, de onde começariam surgir às organizações religiosas, pois a fé é anterior, e a religião é posterior ao livro.

Na Antiguidade, ciência, filosofia e religião eram a mesma coisa, mas a ciência sempre radical nos questionamentos das verdades religiosas, além de separar a religião da filosofia, obrigou também a se fazer a distinção entre religião e teologia.

Depois que se divorciou da ciência, a religião teve que se apoiar em si mesma e se sustentar apenas em suas doutrinas, dogmas e credos, mesmo que, na maioria das vezes, fosse por imposição a ferro e fogo sobre os fiéis e infiéis.

Embora todos os segmentos religiosos se autodenominem de religião, a rigor, religião é só aquela que tem o seu próprio deus, sua própria revelação, sua teologia, sua doutrina e seu próprio dogma.

Dentro desta concepção, só podem ser consideradas como religiões, o hinduísmo de Brahma, a hebraica de Yavéh, o cristianismo de Jesus e o islamismo de Alá.

Péra ai, péra aí, e o budismo, católicos, evangélicos e espiritistas, como ficam? Calma, calma como dissemos só existem quatro religiões, mas como religião não quer dizer um agrupamento de pessoas, essas religiões vieram a dar origem a grupos de pessoas denominadas igrejas, seitas ou facções que com denominações e doutrinas diferentes tem seguidores em todo o mundo.

Mas antes de continuar, devemos explicar que a filosofia define seita como parte ou escola. Dessa forma, entre outras, do Hinduísmo saíram às seitas do budismo, zoroastrismo e bramanismo. Da Hebraica saíram às seitas judaicas, israelitas e essênios. Do Islamismo saíram às seitas dos siks, xiitas e sunitas e do Cristianismo saíram às seitas católica, evangélicos e o espiritismo.

Assim, podemos dizer que todas as seitas que se pautam pelo Alcorão são da religião islâmica, as que seguem o Novo Testamento pertencem à religião cristã, as que se orientam pela Tanakh pertencem à religião hebraica e os seguidores do Bhagavad-gita são da religião hinduísta.

É evidente que existem muitos segmentos religiosos de razoável expressão como o budismo, zoroastrismo, bramanismo, mórmons e o próprio espiritismo que mesmo sendo conhecidos de longo tempo, como religiões, faltam–lhes conteúdo para dar sustentação ou base teológica.

De qualquer forma, essas seitas, ordens, facções ou igrejas representam a manifestação da crença em uma religião por meio de preceitos éticos, aceitação de dogmas, prática de rituais, obediência aos chefes religiosos e às normas de cada congregação.

Segundo os registros históricos a religião mais antiga é o hinduísmo que se formou a partir da mística, mitológica e ampla doutrina védica existente há mais de quatro mil anos a.C.

Trazido pelos árias que invadiram a Índia por volta do século XIX a.C. o vedismo se difundiu rapidamente pelas terras orientais e com o nome de hinduísmo deu origem ao brahmanismo, budismo, hare-krishna e outras.

Curiosamente o vedismo já fazia referência à ressurreição ou reencarnação, céu, inferno, diabo, salvação, Adão, dilúvio, Noé, trindade divina, magia, oráculos e a vinda de um salvador, o que nos leva a entender que todas as demais religiões têm suas raízes ou sofreram forte influência do veda-hinduismo.

Na Babilônia, Pérsia e Assíria o hinduísmo originou o zoroastrismo cujos postulados teriam influenciado tanto a hebraica quanto o cristianismo e o islamismo.

Na Grécia as antigas crenças são uma mescla de hinduísmo e mitologia com uma suposta realidade. Dos seus oráculos além de algumas ruínas de templos só ficaram as lendas dos cruzamentos de deuses com humanos que originaram os semideuses, que assim como nasceram também desapareceram.

No Egito e Roma a adoração do sol, oriunda do zoroastrismo, foi a crença dominante por muito tempo. Nas Américas os deuses das crenças pré-incaicas dos astecas, maias, peles vermelhas e povos indígenas da Amazônia também apresentam forte influência das crenças egípcias e se confundem com rituais de invocação e de adoração aos mortos e a Grande mãe terra.

A hebraica tem inicio nas terras da Palestina com a chegada do patriarca Abraão que veio de Ur na Caldeia. Os descendentes de Abraão, que era seguidor do zoroastrismo, assimilaram parte das crenças babilônicas, egípcias e cananeias e juntamente com resquícios zoroástriscos, herdados do patriarca, formaram a tanakh seu livro sagrado.

O cristianismo começa a se formar com os cristãos primitivos chamados de gnósticos e posteriormente com as pregações do apóstolo Paulo a partir do ano 100 da era cristã. Com base nos Evangelhos de São Lucas, Marcos, Mateus e João. Outros arautos como Orígenes, Arius, Santo Agostinho, Clemente e São Jerônimo consolidaram a doutrina cristã.

O Islamismo surge com Maomé por volta do ano 600 da era cristã e tem sua base nos ensinamentos do alcorão. Suas facções fundamentalistas matam e morrem em defesa da sua fé. Seus lideres religiosos denominados Aiatolás, detém tanto o poder religioso quanto o poder civil.

Organizada e reconhecida pelo imperador Constantino no Concílio de Nicéia em 325 d.C. a Igreja Católica Apostólica Romana é considerada a mãe das igrejas cristãs.

Pelo grande número de adeptos e praticantes, terreiros, casas espíritas e tendas espalhadas por todo o solo brasileiro, temos que reconhecer a força e a consolidada posição do Espiritismo, do Candomblé e da Umbanda entre as maiores seitas praticadas no Brasil.

As seitas religiosas modernas ou contemporâneas que estão surgindo, na verdade não são novas, mas sim, desmembramentos das já existentes. Isso porque a evolução inexorável continua a fragmentar credos, alterar costumes e fazendo surgir novos conceitos e práticas religiosas.

Foi assim nas culturas primitivas, ocasionou cismas nas religiões do oriente e do ocidente, passou pelo cristianismo nascente, e provocou a reforma protestante.

Como não existe religião sem dogmas e mistérios, podemos afirmar que são exatamente nesses pontos que as religiões e crenças se aproximam. Por exemplo, um dogma comum em quase todas é que o homem se separou de Deus pelo cometimento do pecado original e agora a re-ligação depende da sua conduta nesta terra para poder merecer voltar ao paraíso.

De qualquer forma, somos forçados a reconhecer que o deus que os homens criaram, bem como as leis, ditas divinas, estão longe de serem as ideais. Por exemplo, não podemos negar que sempre houve uma tentação em cada religião, incluindo o cristianismo, de acabar com as outras religiões, com os seus seguidores e com as doutrinas consideradas heréticas.

Em nome de Deus, as guerras religiosas, trucidaram milhões de pessoas. Os cruzados cristãos tinham certeza que matando os muçulmanos, a quem chamavam de mouros, estavam defendendo o reino de Cristo.

Os inquisidores pensavam estar servindo a Deus ao queimar ou mergulhar os “hereges” ainda com vida em óleo fervente.

Os reformadores protestantes acreditavam que estavam promovendo a causa da religião, enforcando os católicos. Quando os católicos chegaram ao poder fizeram o mesmo com os protestantes.

O Apartheid durou muito tempo na África do Sul, porque a Igreja Reformada holandesa acreditava que a segregação racial era um comando divino, e os membros dessa igreja que questionaram essa doutrina foram excomungados.

Ainda hoje, embora o fanatismo não seja o motivo principal, ele tem uma grande influência no fomento e na manutenção das guerras religiosas em todo o mundo.

São judeus contra muçulmanos, muçulmanos contra judeus, católicos contra protestantes, protestantes contra católicos e protestantes e católicos contra os espiritistas, sobrando alguns estilhaços para os demais credos e seitas, cada um defendendo as suas pretensas verdades.

Mesmo dentro do cristianismo, existem diferenças profundas de doutrinas, teologia, liturgia e até na forma de ver deus. Entre o catolicismo e protestantismo essa divergência é notória, visto que cada um trata do mesmo tema, mas de forma diferente.

Para começar os católicos tem uma bíblia e os protestantes têm outra, os católicos têm um ritual que chamam de liturgia que é rica em detalhes e simbolismos e o protestante ortodoxo, de modo geral, só utiliza a bíblia e a palavra.

Já, os neopentecostais e alguns evangélicos progressistas, além do uso de velas, cruzes, incensos, sal, água, adereços e objetos ungidos, introduziram em seus cultos os rituais de exorcismo ou de libertação que foram copiados do espiritismo, inclusive usando em suas sessões de descarrego, as roupas brancas que são próprias da Umbanda e do Candomblé.

Por falar em espiritismo, cumpre esclarecer que embora o cristianismo seja um só, o protestantismo, catolicismo, espiritismo, divinismo e santo daime, que também seguem a religião cristã, são completamente diferentes entre si. O mesmo ocorre entre o Candomblé e a Umbanda que não se pode compará-las ao kardecismo.

Assim, cada religião ou seita, acomoda pessoas com espíritos de uma faixa evolutiva, e quanto mais atrasados forem os espíritos, mais fanático será o povo.

Jhon Macker
Enviado por Jhon Macker em 21/05/2020
Reeditado em 21/05/2020
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