Por conta do mau uso da fé alheia, dízimo não!
É notório que, após a passagem de Cristo aqui na terra é inviável a devolução dos dízimos voltados à “manutenção” de templos religiosos, porque Cristo pregava em sua vida missionária, o amor e a caridade entre as pessoas. Logo, a caridade é um processo que deve ser voltado às pessoas, em especial, às mais necessitadas e não a templos e líderes religiosos.
Cristo, em sua vida missionária narrada pelos apóstolos evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João nas escrituras sagradas da bíblia, relata que a forma mais eficaz de agradar a Deus é por meio do amor, que em algumas traduções vem a ser definido como “caridade”. Na passagem bíblica em que Cristo se revolta no Templo de Jerusalém, ele diz: “não façam da casa de meu Pai uma casa de negócios” (Jo 2, 16). Essa passagem nos faz refletir muito sobre os templos de hoje e a necessidade de dizimar.
Na história do ocidente pós Cristo e o processo de evangelização, são narrados fatos que deixam explícitos o expressivo poderio conquistado pela igreja católica (que tinha controle sobre os livros sagrados), poderio este adquirido através da boa fé e desprovimento de conhecimento dos fiéis, que, de forma quase irracional, doavam parcelas ou praticamente tudo do que tinham para líderes religiosos mal intencionados da época.
Atualmente no Brasil, há líderes religiosos que, por conta da falta de conhecimento, da religiosidade, da “teologia da prosperidade” e da boa fé dos fiéis, agem de má fé para construírem patrimônios para si, em alguns casos patrimônios bilionários, tais como o do pastor Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus, o qual é dono um patrimônio de “meros” US$ 950 milhões, o que, convertido a valores de cotações atuais, é um patrimônio de R$ 3,5 bilhões (dados da revista Forbes). Segundo a revista, a qual traz a lista dos pastores mais ricos do Brasil, há ainda a presença do pastor Valdomiro Santiago da Igreja Mundial do Poder de Deus, que é dono do patrimônio de US$ 220 milhões (em cotações atuais R$ 822 milhões), o pastor Silas Malafaia da Assembleia de Deus, de patrimônio de US$ 150 milhões (em cotações atuais R$ 561 milhões) e Romildo Ribeiro Soares, mais conhecido Missionário R. R. Soares da Igreja Internacional da Graça de Deus tem patrimônio de US$ 125 milhões (em cotações atuais R$ 467 milhões). Todos estes líderes religiosos são contrários ao que Cristo pregava, que era a partilha e comunhão com os mais necessitados e não o acúmulo de riquezas em seu santo nome.
Por isso fiéis que desejem doar donativos às instituições de religiosas devem levar em conta a caridade (o que Cristo pregava, partilha e o amor). No Brasil, como exemplo e em exceção e contrária ao acúmulo de bens e propagadora do verdadeiro amor e mensagem de Cristo, a falecida Irmã Dulce, mais conhecida como Dulce dos pobres, dedicou toda sua vida aos mais pobres e necessitados na Bahia. Hoje existem várias obras sociais e instituições de caridade no Brasil que levam o nome de Irmã Dulce, devido os seus grandes gestos de amor, durante sua vida. Esse exemplo é o que deve ser levado em consideração quando se diz respeito à doação (não o dízimo “ou décima parte do salário”) para instituições religiosas. Se não há caridade, não há Cristo, não há evangelho.
REFERÊNCIAS:
ANTUNES, Anderson. The Richest Pastors In Brazil. Forbes: 17 jan. de 2013. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/andersonantunes/2013/01/17/the-richest-pastors-in-brazil/#6f7c225e5b1e Acesso em: 14 de jul. de 2019.
Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_pastores_evangélicos_mais_ricos_do_Brasil(Forbes) Acesso em: 14 de jul. de 2019.
BÍBLIA. Português. BÍBLIA PASTORAL. João. Cap. 2. São Paulo: Editora Paulus, 2014.