Amados e consolados, para amar e consolar.

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que também sejamos capazes de consolar os que passam por qualquer tribulação, por intermédio da consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus. Porquanto, da mesma maneira como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, igualmente por meio de Cristo transborda a nossa consolação. (2Co 1:3-5). Nesta passagem Paulo disserta sobre algumas características do Senhor nosso Pai. Que deve ser refletido na vida de um Cristão.

É bem certo que exegeticamente, Paulo aqui se refere as tribulações que adivinha da opção de se professar os ensinamentos de Jesus na época, mas nada impede de trazermos a mesma perseverança, e a orientação de consolarmos os irmãos, neste tempo difícil no qual vivemos hoje.

Quando estudamos com afinco esta passagem que se estende até o versículo sete, vemos que por trás dela há um protótipo da vida cristã. Paulo escreve a seus amigos em Corinto como alguém que conhece a tribulação e seu rigor naqueles que a sofrem. Paulo utiliza uma palavra significativa para aflição (θλιψις thlipsis). Segundo os linguistas esta palavra descreve sempre a pressão física real sobre o ser humano. Como se houvesse um peso oprimindo o peito, dificultando a respiração, ou seja, a vida.

Ser Cristão não é ter uma vida de facilidades, pois Jesus nos alertou sobre a cruz que devemos carregar e para termos bom ânimo nas aflições. E a força que nos capacita a sair vitorioso nas tribulações, reside na paciência. A palavra grega que se utiliza (υπομονη hupomone), ela se caracteriza pela força do temperamento que não sucumbe facilmente sob o sofrimento.

Ou seja, hupomone não é a aceitação simples e resignada dos problemas e provas: é um triunfo e uma vitória. Descreve o espírito que, não só pode aceitar o sofrimento, mas também pode triunfar sobre ele. Assim como o metal que se purifica com o fogo, o Cristão pode sair melhor e mais forte de seus dias de provas. O cristão é o atleta de Deus cujos músculos espirituais se fortificam com a disciplina do treinamento nas dificuldades. E a sua academia é a vida terrena, pois é aqui que aprendemos a praticar o amor até que venha a eternidade.

Mas se faz bem saber que não estamos sozinhos para enfrentar as provas e exercer essa paciência. O consolo de Deus chega a nós. Paulo repete o substantivo consolação e o verbo consolar nada menos que nove vezes nesta passagem. Mas a verdade que reside aqui é que estas tribulações servem para nos capacitar e nos treinar na consolação de outrem.

O resultado supremo de tudo isso é que em Cristo obtemos a capacidade para consolar a outros que estão atravessando pela aflição. Pois aquele que é perdoado deve tornar-se perdoador; aquele que é amado deve tornar-se praticante do amor; aquele que é consolado e entende o valor da consolação deve tornar-se consolador.

O resultado supremo é que o amor que nos banha todos os dias capacita-nos, mesmo na dor a consolar a outros que estão atravessando pela aflição. Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.

(Molivars).

Molivars
Enviado por Molivars em 29/04/2020
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