Povos Indígenas: originários autênticos
Padre Geovane Saraiva*
Demos um "viva" ao dia 19 de abril e um "viva" aos povos indígenas, com sua cultura e, neles, o meio ambiente e nossos biomas! Diante dessa data alusiva e pertinente, Auristela Leite, nossa querida paroquiana, despertou-me para uma reflexão, indo além do antropológico, do cultural e do religioso: de olhar nossos irmãos pela ótica da fé. Cabe a nós aprendermos, paradoxalmente, o legado dos povos originários, no seu amor pela terra, obra da criação de Deus: bela e fecunda. A única saída é vê-la como nossa mãe e casa muito amada, que, mesmo ante gemidos e dores, nossa origem foi e é seu ventre, e nosso alimento provém de seus sagrados seios.
Importa muito pensar e valorizar os brasileiros, nos seus ancestrais e originários autênticos. Nossos indígenas não têm nada de selvageria, ambição e acúmulo, e sim uma convivência boa, saudável e harmoniosa, com o devido respeito à casa comum, ao ecossistema, à vida no seu todo. Para que o nosso mundo seja mais ecológico, que se tenha sempre em vista uma prática verdadeiramente mais coerente com a nossa fé, no cumprimento da vontade de Deus, levando-se em conta a acolhida da sabedoria dos povos indígenas, no seu cuidado sentimental a favor do bem comum.
Não podemos jamais nos esquecer do ensinamento basilar dessa gente originária, esse povo sendo acolhido com carinho, também compreendido em vista do bem maior, mas no comprometimento de que a vida deve ser vivida como dom e graça, no que ela nos tem ensinado, e a temos como aquilo de mais precioso de se viver bem neste mundo, sem nada desperdiçar. Nossa esperança no Deus dos povos indígenas é de que Ele jamais irá se calar, na injustiça e no silêncio, diante da realidade da floresta e de seus habitantes.
A sua alimentação e seus costumes, no nosso clima tropical, são uma riqueza ilimitada e uma gigantesca herança. Pensemos no valor que herdamos dos povos originários, nos alimentos, tais como: mandioca, milho, canjica, frutos do mar, guaraná, palmito, pamonha, tapioca, beiju, cuscuz de milho, não deixando de fora redes, jangadas, canoas, armadilhas de caça e pesca, instrumentos musicais, dentre tantos outros.
Que Deus acolha o esforço e a preocupação da criatura humana, na sua sincera e autêntica oração, a serviço de um Deus que a fez participante de sua vida divina, imensa e superior, no que se refere ao dom maravilhoso da vida no seu todo! Digamos "sim" aos povos indígenas e "sim" à vida! Amém!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).