Ouvidos abertos para ouvir e coração limpo para ver.

Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. (Apo 5:3-4). Aqui vemos o autor do livro da revelação chorando. Porque o ser humano a quem tudo foi revelado, não deu ouvido ao que lhe fora ensinado e por isso não podia nem de soslaio ver o rolo.

há uma tristeza profunda no coração de João, pois ele naquele momento soube que não havia em todo o universo alguém a quem Deus pudesse revelar os seus mistérios e dar a conhecer os seus propósitos. Isto é verdadeiramente triste. O mundo estava tão submergido em seu ego e em sua iniquidade que ninguém era digno de receber a voz de Deus.

Há muito tempo atrás o profeta Amós havia dito: “Certamente, o SENHOR Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7). Mas agora o mundo vivia numa situação trágica pois o lodo do sentir egoísta, havia submergido a humanidade na cegueira dos eitos, preceitos e dos preconceitos. E então não havia ninguém que fosse capaz de receber a visão profética. O mundo estava tão afastado de Deus que ninguém podia receber a mensagem do Criador.

Aqui nos é apresentada uma grande e desafiante verdade. Deus não pode entregar suas mensagens a humanidade se não houver mulheres ou homens capazes e dignos de recebê-los. Esta é a própria essência do problema da comunicação.

É o problema do mestre, uma professora ou um professor: não pode ensinar a menos que tenha alunos capazes de aprender. É o problema da pregadora ou pregador: não pode transmitir à congregação sua experiência da Palavra de Deus se esta não for capaz de ouvi-los. É o problema eterno do amor: o amor não pode dizer suas verdades, não pode revelar sua grandeza nem oferecer seus dons se não haver alguém capaz de receber e aceitar.

Ah quando entenderemos que o mundo necessita de mulheres e homens que se mantenham sensíveis à voz de Deus. Homens e mulheres que estejam sempre dispostos a ouvir: de mulheres e homens que não permitam o endurecimento de suas capacidades perceptivas no caminhar cotidiano da vida, que não cheguem a ser cegos às verdades espirituais; homens e mulheres que não permitam que as vozes diversas e excitantes deste mundo ensurdeçam a voz suave e tênue do amor de Deus.

É bom que entendamos que Deus tem uma mensagem para o mundo em cada geração; mas essa mensagem não chegará a seus destinatários a menos que haja alguém que seja capaz de recebê-lo. E cada dia de nossas vidas se faz o necessário mantermos os nossos ouvidos abertos a tais comunicações, pois se não nos esforçamos para fazê-lo, os murmúrios e os boatos maldosos do mundo, nos ensurdecerá para sempre.

Que o amor de Cristo Jesus seja sempre o árbitro de nossos corações.

(Molivars).