APOSTILA DE HOMILÉTICA
INTRODUÇÃO
Texto bíblico: 2 Timóteo 4.1-2 - Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente:
Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina.
O que á homilética?
É um estudo cuja arte é a pregação, e que busca como resultado o preparo de um sermão bem elaborado e apresentado.
1 – PREGAÇÃO
A Pregação
De maneira simples, é falar um sermão.
O Objeto da Pregação
O objeto da pregação é a Palavra de Deus. Toda pregação precisa ser bíblica.
Pregação é a comunicação ou transmissão oral da verdade divina com a finalidade de persuadir os ouvintes. Pregar é anunciar a salvação de Deus em Jesus Cristo.
A base da mensagem ou o seu fundamento é a Palavra de Deus, a verdade divina que precisa ser proclamada, pregada e não discutida.
A mensagem é o Evangelho (a boa notícia) em sua plenitude: a salvação e os princípios do Reino de Deus.
A Eficácia da Pregação
A eficácia da pregação depende principalmente da obra do Espírito, que ocorre em três instâncias: na preparação do sermão, na entrega da mensagem e na recepção da mensagem por ocasião da pregação.
A eficácia da pregação depende da capacitação do Espírito para a tarefa (2 Co 3.5-6). É o Espírito Santo quem confere poder à pregação (1 Co 2.4-5 e 1 Ts 1.5).
A eficácia da pregação depende da ação iluminadora do Espírito Santo na preparação do sermão e da unção do Espírito na entrega da mensagem.
2 – O PREGADOR
O Agente da Pregação
A palavra grega correspondente a pregador é “keryx” – arauto. A palavra “kerygma” designa proclamação ou anúncio do Reino de Deus. Portanto o pregador é aquele que anuncia o Evangelho de Cristo. O pregador é o arauto, a voz de Deus para os homens.
A Eficácia da Pregação Com Relação ao Pregador
Se o Espírito Santo não assistir o pregador no seu labor exegético, o resultado do seu trabalho será insuficiente, por maior que seja o seu conhecimento e por mais diligente que seja o seu trabalho.
Diante disso o pregador deve:
• Consagrar-se – Preparar-se para a pregação do Evangelho é dever sagrado. Para isso o pregador deve dedicar-se ao máximo, para que possa alcançar os melhores resultados. Separar tempo para reflexão, oração e jejum sempre que possível.
• Estudar a mensagem – Uma das maiores tragédias nos púlpitos de nossas igrejas é a má preparação dos pregadores, especialmente daqueles que, além de não estudarem, deixam de se dedicar à pregação. Sua mensagem, é desorganizada, sem nexo, perdida em uma Bíblia tão grande, perfeita e boa, deixando o público ouvinte carente de compreensão da Palavra de Deus.
As Qualidades do Bom Pregador
Para que a verdade divina seja transmitida com resultados é necessário para o pregador:
Ter comunhão com Deus, Ser cheio do Espírito, Ter certeza de seu chamado, Ter vida de oração, Ser ele mesmo – Nada de imitação, Deve conhecer profundamente a palavra de Deus, Ser culto, pop (o pregador deve sempre ler, revistas, livros, jornais, além de assistir pelo menos uma vez por semana um resumo das principais noticias do momento). È necessário não conhecer apenas teologia, mas ter conhecimento em outras áreas como: psicologia, filosofia, sociologia, direito, geografia, história, etc.
Conhecer o povo a quem está pregando. - Estar atento a necessidade da comunidade na escolha e transmissão da mensagem. Humildade. Ser corajoso – Não deve ter medo de pregar a Palavra de Deus. Deve crer sempre que Deus o capacitará em qualquer situação.
Desejo de sempre melhorar – Corrija-se, procure melhorar, dedique-se aos estudos seculares e teológicos, busque melhorar na arte da homilia a cada dia. Ouça outros pregadores.
Ativismo: Um problema que faz que muitos bons pregadores no principio fiquem medianos e ruins com o tempo é o ativismo. Algumas Igrejas vêem que a pessoa é pregadora e já quer lhe dar um cargo que o desvia do foco que era a pregação. Em muitos casos a Igreja não deveria dar cargo nenhum às pessoas.
Pregando com Propósito
Qual é o alvo da pregação? O alvo da pregação é salvar ou é edificar os ouvintes. Conforme o propósito de sua mensagem ela será:
a) Evangelística – apelo para salvação. Busca a salvação dos não-regenerados.
b) Doutrinária – edificação do corpo de Cristo que é a Igreja. Instruir a igreja.
c) Confortadora/devocional – busca imprimir força, fé, graça e consolo aos corações turbados.
d) Ética – busca o aperfeiçoamento da conduta cristã.
e) Missionária – busca despertar novos apaixonados por missões.
f) Pastoral – busca levar orientação a igreja em momentos específicos.
Variando sua mensagem: O pregador deve manter um equilíbrio, não caindo em extremos, isto é, só pregando um tipo de mensagem e esquecendo-se do outro. O pregador tem que SAR da sua zona de conforto e se arriscar a pregar mensagens que comumente não o faz.
Pregando com Postura
A postura do pregador, à frente do trabalho, tem muita importância. A sua linguagem, os seus métodos também. Nunca se deve pregar sem estar preparado intelectualmente, moralmente e espiritualmente. Nada de improvisações.
O que falamos no púlpito marca de tal modo a vida dos ouvintes que o pregador tanto pode ajudar na restauração de vidas ou prejudicar os que atravessam crises e precisam de todo carinho e brandura.
Deus mudou minha palavra
Temos cada vez mais ouvido essa conversa. Deus pode mudar a palavra? Pode, é dele. Porém se a pessoa é convidada com antecedência para pregar em algum lugar, ela deve se preparar em oração para santificação pessoal, para Deus abençoar os ouvintes e para Deus cumprir o seu propósito nessa pregação, seguido do estudo sério da palavra. O Espírito Santo vai colocar então no seu coração o que falar. Ai o pregador vai para o culto, acontece alguma coisa e dizem que Deus mudou a palavra. Será que o acontecimento do culto pegou Deus de surpresa? Deus não sabia os fatos que aconteceriam no culto?
Quando falam isso no culto: “Deus mudou minha palavra agora”, eu já penso logo que o pregador não estudou direito a palavra, já presto menor atenção a ele e não espero uma grande mensagem daí. Além de que fico com a impressão que ele não sabia exatamente o que pregar, não tinha certeza, o que é o mesmo que não tinha palavra e é movido por acontecimentos que podem direcioná-lo a algum lugar. Isso cheira a despreparo. Pois se você orou, estudou, leu, buscou, entendeu a necessidade da Igreja, se encheu do Espírito em casa, Deus confirmou algumas vezes em lágrimas a mensagem, então você vai convicto que é aquela palavra que a Igreja precisa ouvir.
Além de que eu fico a pensar que Deus não pode ficar mudando as mensagens todo dia e a toda hora, pois se assim fosse, que adiantaria o preparo anterior?
O Pregador e as Formas de Comunicação
Pregar o Evangelho é comunicar as boas novas ao mundo. É ensinar as verdades divinas através da comunicação. E comunicação é o resultado da interação de três elementos básicos: emissor, mensagem e receptor.
Para se comunicar o pregador pode fazer uso de diversos veículos de comunicação e também de uma variedade de modos ou métodos de comunicação.
a. Comunicação Sonora - falando
b. Comunicação Visual – com slides
c. Comunicação Olfativa – com perfumes
d. Comunicação Gustativa – com alimentos
e. Comunicação Táctil – com objetos
3 – DESENVOLVENDO UM BOM SERMÃO
Oração Fundamento Imprescindível Para o Pregador
Como Começar e Terminar um Sermão?
No que se refere a pregação no púlpito, podemos começar e terminar com uma oração rápida. Na hora de pregar não é a hora de orar. Pregação não é culto de oração. Se a Igreja orou pela palavra e o pregador, quando ele pega o microfone não precisa orar de novo, a na ser que Deus mande especifico e ainda assim é rápido.
Tenho notado em algumas igrejas uma tendência ruim, de que no fim da mensagem fazem orações longas chamando o povo para ir à frente do púlpito. Isso entra no que denunciamos como “Truques do Evangelho”.
Se o pregador quer ser sério, então ele deve se preparar para pregar. Na hora da mensagem não cabem coisas como cantar vários hinos, ficar profetizando ao invés de pregar, ficar falando em línguas o tempo todo, ficar revelando todo mundo. Hora de pregar é hora de passar a mensagem que Deus deu ao seu povo. Muita gente consegue com testemunhos, gritarias, e outros truques enganar o povo de que tem mensagem, sendo que na verdade não o tem.
No que se refere a construção do sermão antes de ser pregado, devemos começar, prosseguir e terminar com oração. Entretanto, orar não substitui ler e estudar a Bíblia.
Três Passos Iniciais Para se Desenvolver um Bom Sermão
Cada sermão será diferente do outro. Varia de acordo com os objetivos da mensagem e o material à disposição.
A primeira coisa é saber o que se quer pregar. Muitos sobem no púlpito sem saber o que realmente querem falar para a comunidade. Numa aula recente eu dizia que se formos chamados a pregar em um lugar onde nunca fomos, deveríamos antes ir a um dia nessa igreja, para sentir o ambiente, perceber a Igreja e suas necessidades e só depois ir pregar.
O pregador precisa-se conhecer a realidade da Igreja e seu contexto social. Me lembro aqui, que um pastor amigo foi convidado a pregar numa Igreja e acabou falando que era contra as campanhas. Só depois é que ele percebeu que fora chamado para pregar numa campanha.
O pregador tem que saber o tema a abordar. Deixar para descobrir no culto o que vai pregar é falta de preparo.
A segunda coisa é analisar o texto bíblico que será tomado como base para a pregação. O texto deveria ser o sermão. O tema é retirado do texto e não o contrário.
A terceira coisa é desenvolver o sermão.
Deve-se ter em mãos bons materiais para estudos aprofundados. Exemplos: Bíblias de estudos, comentários bíblicos, livros que abordam o tema proposto, Internet. Porém, o pregador deve ser alguém que já conhece a Bíblia. Hoje em dia temos muitas pessoas querendo ser pregadores sem nunca terem lido a Bíblia. Como é que se fala de um livro que não se conhece?
A Bíblia Fundamento Imprescindível Para o Sermão
A Bíblia é o ponto de partida de um sermão. É ela a única fonte autêntica e infalível de revelação de Deus ao homem. É dela que sai a idéia bem fundamentada para o sermão, pois contém mensagem para todos os homens, de todos os níveis sociais, culturais e étnicos, bem como para qualquer de suas necessidades. De seu texto extrai o pregador seu sermão.
A variação do sermão, as várias maneiras de expor as idéias, devem contemplar todos na Igreja. O ideal é que uma única mensagem conseguisse falar com todos de uma vez, mas sabemos ser isso bem difícil. Num culto temos gente não crente, novos convertidos, crentes que estão começando, alguns já são obreiros iniciantes, os diáconos, alguns são mais avançados: os líderes, os professores de Escola Bíblica, e outros são mestres: os evangelistas, os presbíteros, e os pastores.
Devemos tomar cuidado par a nossa palavra não ser só para novo-convertido, ou só para crentes medianos, que é o que mais acontece. Os irmãos mais velhos e mais experientes, na maioria das vezes não recebem a palavra, pois não é direcionada a eles.
Outras áreas que fundamentam um bom sermão
As necessidades da congregação – sua realidade e necessidades.
A inspiração inesperada – uma palavra gerada de modo sobrenatural pelo próprio Deus, mas que deve ter base bíblica.
A experiência pessoal do pregador – ajuda a dar crédito na mensagem. Porém testemunhos não são mensagem. Cuidado ao exagerar seu testemunho. Em lugares que 90% do sermão é testemunho pessoal. Isso não é e nunca foi uma mensagem homilética.
Um planejamento ou plano de trabalho dá direção da igreja. Por exemplo um Congresso Pastoral, ou um Congresso dos Jovens, ou um Culto das Mulheres, ou um evento com tema específico.
No começo do ano em muitas de nossas igrejas temos algo parecido com 12 dias de culto para 12 meses do ano. Em geral esses 12 dias tem um tema. Um pastor de alto impacto vai detectar que se ele direcionar os pregadores no seu tema, a igreja vai receber melhor. Por exemplo: Se o tema for A igreja no Brasil, a igreja pode direcionar os pregadores a que um fale sobre as religiões no Brasil, o outro sobre a sociedade, o outro sobre o cristianismo e assim por diante. Já vi darem o mesmo versículo para todo mundo e todos os dias as pessoas falarem a mesma coisa, o que poderia ser evitado facilmente.
O Que é Texto Bíblico?
Texto Bíblico são as palavras bíblicas usadas pelo orador, tornando-as base do seu sermão. Pode ser uma frase (Deus é amor. Jesus chorou, etc.), um versículo, um capitulo, uma parágrafo, ou um livro da Bíblia.
O Valor do Texto Bíblico
Na leitura bíblica, assumimos o compromisso com a explanação do texto citado. O ouvinte fica frustrado quando ouve a leitura do texto bíblico e constata que ele não foi nada mais que um pretexto. Isso é enganar o ouvinte e o ouvinte não recebera a mensagem, por melhor que ela seja, se ele acreditar que foi enganado pelo pregador. Ninguém mandou o pregador ler aquele texto, ninguém o obrigou a isso, mas se ele o fizer, ele tem obrigação então de explanar o texto, falar sobre o texto, ou falar baseado nele.
Para o pregador o texto:
a) Dá-lhe garantia e autoridade;
b) Leva-o à oração e pesquisa para descobrir o seu significado.
Para o ouvinte o texto:
a) Desperta o seu interesse na Bíblia;
b) Ajuda-o na compreensão da mensagem e dá-lhe crescimento espiritual.
Como Escolher o Texto Bíblico?
a) De acordo com o objetivo do sermão;
b) Que seja claro;
c) Curto – textos longos tornam a leitura enfadonha. Pode-se selecionar uma parte menor para leitura, e os outros detalhes da história ficam para serem narrados ao longo da mensagem. A não ser que a pessoa vá pregar um capítulo inteiro, não é necessário ler o capítulo inteiro, mas sabemos que o povo não está lendo Bíblia e alguns termos devem ser evitados como vou ler a parte b do versículo. Não digo para ler todo o capítulo, se ele for longo demais, mas se ele for razoável, leia-o todo. O Salmo 119 tem 176 versículos. Impossível ler numa única mensagem. Porém tem vários capítulos com divisões claras. Leia o que você vai usar e só, de preferência.
d) Em geral positivo e não negativo;
e) Não desprezar os muitos conhecidos (Bartimeu, Zaqueu, Filho Pródigo, etc.) O problema do texto muito conhecido é falar a mesma coisa de todo mundo. Como tenho ensinado, procure no texto o que ninguém está vendo, ou pregando. Surpreenda o ouvinte com um texto conhecido, porém com uma roupagem nova, uma mensagem nova, diferente, no texto conhecido. Na verdade a Bíblia toda é conhecida, o que o pregador deve fazer é adaptar para o seu tempo a mensagem.
Contemporanizar a mensagem
Nenhum pregador vai repetir mensagem alguma se ele atualizar a sua mensagem para os últimos acontecimentos. Um pregador que lê, sempre vai ter coisas novas a dizer. O material do pregador é a palavra, os livros, os estudos. Um pregador é um leitor que adquiriu tanto conhecimento que ele precisa falar um pouco do que tem na mente. Desconfio de gente que se diz pregador e não gosta de ler.
Sempre digo que todas as gerações precisam reaprender a ler a Bíblia e a pregar essa mesma Bíblia. Quais são as respostas que são exigidas para hoje? Esse é o objeto de sua pregação. O pregador deve ser a resposta para o seu tempo.
Como Interpretar o texto?
a) De acordo com o sentido geral da Bíblia (lembre-se a Bíblia interpreta a si mesma);
b) De acordo com o seu contexto;
c) Encarando o sentido gramatical, lógico, histórico e figurado.
Textos adaptados durante a construção da mensagem:
Diz-se que mais da metade das mensagens pregadas em nossos púlpitos são adaptados. Trata-se do aproveitamento das idéias e pensamentos alheios não literais, porém modificados ou aperfeiçoados pelo pregador, no preparo do sermão. Isto é comum no mundo cientifico. O pregador deve, na medida do possível citar as fontes consultadas.
Isso aqui é muito importante. O pregador não deve inventar a roda de novo. Nós temos séculos de revelações escritos em livros. Para quem lê, estuda sério os textos bíblicos, consulta outros livros, lê teologias, devocionais e outros, ele sempre terá algo novo a dizer. Entretanto algo novo a dizer não deve desprezar os escritos dos grandes pregadores durantes os séculos. Dizer algo novo não é inventar uma nova doutrina, é pregar na doutrina que já está estabelecida.
CONSTRUINDO O SERMÃO
Divisões do Sermão
Um sermão bem organizado, dividido corretamente com linhas claras e definidas, é preferível a um que divague por toda a Bíblia, e aborde vários pontos teológicos. Para facilitar a exposição da mensagem, adotam-se divisões na construção do sermão.
Um sermão pode ser dividido da seguinte maneira:
Título, nome, ou tema do sermão
Texto biblico
Introdução.
Título 1
Subtítulo (s) 1 ligado ao Título 1
Título 2
Subtítulo (s) 2 ligado ao Título 2
Título 3
Subtítulo (s) 3 ligados ao Título 3
Conclusão
Aplicação
Tudo isso com Aplicação. A aplicação deve ser algo como: ouvi a mensagem e agora o que vou fazer? Ex. o pregador falou sobre oração, o ouvinte deve sair da Igreja com a vontade de orar.
Convencimento
A mensagem bíblica deve ainda convencer o ouvinte sobre a Bíblia. A pregação deve convencer a respeito de Cristo, do Evangelho, de Deus, de andar com o Espírito Santo. Muitas pregações são apenas falação, pois não estão dizendo nada com nada. A pregação deve converter o povo. A pregação deve conduzir o povo a um outro lugar, ele deve sair da sua zona de conforto. A pregação é também confronto. Mas confronto não é arrumar briga na igreja, mas mostrar biblicamente. E de forma educada, que o ouvinte na igreja não deve se amoldar a esse mundo.
Exemplo:
Título, Nome, ou tema: A benção apostólica
Texto bíblico: 2 Coríntios 13.13
Introdução: O que é a benção apostólica?
Título 1: A graça de nosso senhor Jesus Cristo
Subtítulo 1: a - Quem é Jesus? R. Filho de Deus
Subtítulo 2: b - O que é a graça? R. Tudo o que Deus faz para nos salvar
Subtítulo 3: c - O que é a graça de Jesus? R. Deus escolheu operara graça através de Jesus
Título 2: O amor de Deus
Subtítulo 1: a - Quem é Deus: R. O Criador
Subtítulo 2: b – O que é o amor? R. Grande afinidade com o outro.
Subtítulo 3: c – O que é o amor de Deus? R. E amor espiritual, acima do nosso entendimento.
Título 3: A comunhão do Espírito Santo
Subtítulo 1: a - Quem é o Espírito Santo? R. É Deus.
Subtítulo 2: b - O que é comunhão? R. É se comunicar com o outro, conviver com ele.
Subtítulo 3: c – O que é a comunhão do Espírito Santo? R. É uma comunhão sobrenatural entre os membros da igreja, onde nos sentimos família de Deus.
Conclusão: A Trindade opera em conjunto pelas pessoas. A graça de Jesus que nos salva precisa do amor de Deus, para causar comunhão do Espírito.
As Divisões do Sermão
Título, nome ou tema
É o nome do sermão.
Texto bíblico
O texto deve ser condizente com o que se vai pregar. A pregação bíblica é aquela que usa o texto para explanar os pontos do texto. Um tema é um assunto onde podem-se escolher textos bíblicos diferentes.
Introdução:
A) É a entrada do sermão – pode ser uma pergunta sobre o que se pretende responder durante a explanação do sermão;
B) O anúncio do que se pretende dizer;
C) É preparado com antecipação;
D) Apresentada com firmeza, segurança e clareza;
E) Breve e interessante;
F) A última parte do sermão a ser feito.
Transição:
Explicação do texto básico (pano de fundo do texto escolhido) e passagem para o tema.
Título 1 ou Primeira parte, Segunda Parte:
Deve ser o resultado do tema (assunto) que deseja falar.
Um título 1, 2, 3, ou partes, bem elaboradas atraí o ouvinte. É lamentável quando o título 1, 2, 3, ou partes, deixam de cumprir sua função e, em vez de anúncio adequado passa a servir tão-somente de chamariz, isso acontece quando a mensagem não corresponde ao nome, ou tema proposto.
Divisões:
A) As divisões devem ser lógicas, relacionadas com o texto e o tema, separadas umas das outras.
B) Quanto à quantidade? Depende, se calcularmos cada explanação de uma divisão em 15 minutos, duas partes vão dar 30 minutos, mais a leitura do texto inicial e a conclusão.
C) Quanto a ordem? Começar do argumento mais fraco.
D) Nesta parte do sermão são apresentadas as provas da verdade que se pretende ensinar.
E) A passagem de uma divisão para outra deve ser feita de maneira sutil. As divisões devem adaptar-se perfeitamente uma à outra e, se possível, proceder uma da outra, em desenvolvimento natural.
Muitos costumam anunciar minuciosamente as divisões do sermão. Não é obrigatório, embora seja importante ter essa divisão em mente quando se está pregando.
Conclusão:
A) É o desfecho final, portanto deve ser muito bem preparada;
B) Deve ser breve;
C) Preparada antecipadamente;
D) Deve apresentar uma recapitulação das divisões;
E) Deve apresentar uma aplicação final e prática.
F) Deve concluir através de apelos veemente para aceitação da verdade. O apelo pode ser direto. Afirmação ou pergunta: Ex.: “Você precisa...” “Você que precisa...”. O apelo pode ser indireto. Reflexivo: “Gostaria que você pensasse...”.
Aplicação
É a arte de persuadir e levar o ouvinte a não só entender a verdade, mas, sobretudo, pô-la em pratica com sua própria vida". Como e quando usá-la? No final do sermão ou no fim de cada divisão. A melhor aplicação é quando desde o título do sermão, o texto bíblico e todas as divisões já vem aplicando, ou convencendo.
O PREGADOR E O PÚLPITO
A Duração do Sermão
Não pode ser muito curto e nem muito comprido. O melhor tempo gira em torno dos (30) trinta minutos. Cuidado para não cansar os ouvintes. Porém o ideal é concluir a mensagem, expô-la completa. Não dá para fazer um sermão exatamente com aquela quantidade de tempo, mas não devemos falar mais do que o necessário. Fale o suficiente.
Um sermão pode ser dividido da seguinte maneira com relação ao tempo:
a. Introdução – 3 à 5 minutos aproximadamente
b. Transição – 1 ou 2 minutos aproximadamente
c. Divisões do Tema - 20 minutos aproximadamente
d. Conclusão – 2 à 4 minutos
O Decoro no Púlpito
Ao ocupar o púlpito, conscientize-se o obreiro de que está num lugar santo; que dali ele vai orientar a adoração e ministrar a santa Palavra de Deus. Por conseguinte, deve portar-se com dignidade e reverência, para que receba de Deus as bênçãos, e contribua para que outros sejam abençoados, e também seja exemplo a todos.
O pregador deve ser claro e pregar a palavra. Ninguém vai para a Igreja para ouvir os testemunhos pessoais do pregador. E na hora da palavra queremos ouvir a palavra. Não cabem orações, hinos, avisos ou qualquer coisa que roube o tempo da palavra.
Cuidados que o pregador deve ter no púlpito
As igrejas mais antigas ainda usam o sistema de colocarem cadeiras no púlpito. Isso causa a impressão que os que estão ali são superiores aos que estão embaixo, na nave da Igreja. O ideal era igreja nenhuma ter cadeiras em cima do púlpito, mas supondo que muitas ainda têm, seguem algumas orientações abaixo.
Apresentação pessoal – o pregador deve apresentar-se bem vestido (sem exageros). Barbeado, tomando banho, cabelos feitos, sapatos limpos, gravata e colarinhos bem ajeitados. No caso de mulher, deve se tomar muito cuidado com a vestimenta, como roupas justas, transparentes ou curtas demais.
Ao assentar-se – Quando assentar-se atrás do púlpito, seja discreto, a fim de dar exemplo a fiéis e infiéis. Não fique alheio ou distraído com relação ao que se passa ao redor. O pregador é a pessoa mais observada no culto, porte-se com decência. No caso de mulher de saia no púlpito ai a atenção é redobrada.
Com relação aos companheiros – Havendo mais pessoas no púlpito sentadas, na hora da pregação ou no decorrer do culto, esses devem evitar ficar falando, atrapalhando, olhando celular, rindo ou qualquer coisa que distraia o ouvinte da adoração.
O Que Não se Deve Fazer no Púlpito
a. Nunca pedir desculpas. Se desculpar pela palavra dura ou do jeito que saiu, da a impressão que a palavra não veio de Deus.
b. Jamais levar suas dúvidas para o púlpito, tipo: Não sei se vale a pena jejuar tanto. Nossa missão é compartilhar a fé e nunca abalar a fé dos ouvintes.
c. Olhar várias vezes no relógio;
d. Fechar a Bíblia antes de terminar o sermão;
e. Assentar-se de maneira deselegante: pernas abertas, braços estendidos para os lados, pernas cruzadas com joelhos elevados;
f. Mexer-se ou coçar em demasia, como se estivesse em um lugar privativo;
g. Ficar ajeitando as calças, como se estivessem caindo;
h. Com o olhar voltado para o teto, para a Bíblia ou qualquer outro lugar que não o auditório;
i. Ficar preso ao esboço do sermão. O sermão é apenas um apoio.
j. Preencher espaços com “améns” e “aleluias”, e “línguas”de maneira descabida.
k. Não inclua no sermão testemunhos absurdos para explorar a sensibilidade ou emoção dos ouvintes.
l. Dar murro no púlpito. Bater no púlpito, chutar o púlpito ou esmurrar a Bíblia são atos imperdoáveis.
TIPOS DE SERMÕES
Temático ou Tópico
É aquele cujas divisões são extraídas do tema. Dividi-se o tema e não o texto de onde é tirado. Está ligado obrigatoriamente ao título, isto é, ao assunto. Tudo que esse sermão recebe do texto é sua idéia central. Exemplo:
Texto: Lucas 24:13-35
INTRODUÇÃO.
TRANSIÇÃO.
TEMA: Bênçãos Da Presença De Cristo (v.29).
DIVISÕES:
1 – (está oculta a palavra – tem) PAZ – Estavam tristes e abatidos (v.17).
2 – (tem) CORAGEM – Fugiam de Jerusalém (v.13) e agora voltavam imediatamente (v.33).
3 – (tem) VITÓRIA – (1 Co 15:57).
CONCLUSÃO.
Vantagens ao elaborar um sermão temático
a. Permite que se discuta qualquer assunto julgado necessário;
b. Possui maior amplitude de desenvolvimento;
c. Permite ao pregador prosseguir rumo ao alvo do sermão;
d. Contribui para desenvolver no pregador a criação literária;
e. Ajuda a sequência de argumentos lógicos;
f. Possui mais harmonia entre as partes por ser mais lógico;
g. É geralmente mais claro, mais fácil de ser compreendido.
Desvantagens ao elaborar um sermão temático
a. Pode encorajar o pregador a enveredar por assuntos seculares, perdendo de vista o objetivo;
b. Pode não despertar interesse no ouvinte (especialmente o inculto) pela mensagem;
c. Por não exigir muito esforço, pode levar o pregador ao comodismo e à superficialidade, pela não-aplicação aos estudos;
d. Pode introduzir o pregador a divagações e generalidades;
e. Exige estilo mais acurado, não se prestando muito a pregador de pouca cultura;
f. Exige maior imaginação e vigor intelectual, visto ser nele indispensável o emprego de figuras de linguagem ou pensamentos;
g. Exige maior conhecimento de lógica e dialética, uma vez que se presta muito aos assuntos apologéticos;
h. ü Exige do pregador comprovações escriturísticas ou bíblicas em todas as suas afirmações ou negações, o que não é fácil.
Textual
É aquele cujas divisões são tiradas do texto. Dividi-se o texto e não o tema. Tanto o tema quanto as divisões são derivadas do texto e seguem rigorosamente sua ordem natural. Embora as divisões sejam extraídas do texto, devem ficar intimamente relacionadas com o assunto e umas com as outras. Exemplo:
A) Texto: 1 Pedro 2:9-10.
INTRODUÇÃO.
TRANSIÇÃO.
TEMA: Privilégios Dos Crentes.
DIVISÕES:
1 – (está oculta a palavra – ser) GERAÇÃO ELEITA;
2 – (ser) SACERDÓCIO REAL;
3 – (ser) NAÇÃO SANTA;
4 – (ser) POVO ADQUIRIDO.
CONCLUSÃO.
B) Texto: João 14:1-6.
INTRODUÇÃO.
TRANSIÇÃO.
TEMA: O Que É Jesus Para O Homem? (v.6)
DIVISÕES:
1 – (estão ocultas as palavras – Ele é o) CAMINHO;
2 – (Ele é a) VERDADE;
3 – (Ele é a) VIDA.
CONCLUSÃO.
C) Texto: Apocalipse 1:1-3
INTRODUÇÃO.
TRANSIÇÃO.
TEMA: Atitudes Do Homem Com A Bíblia.
DIVISÕES:
1 – (Estão ocultas as palavras – o homem deve) LER;
2 – (o homem deve) OUVIR;
3 – (o homem deve) GUARDAR.
CONCLUSÃO.
Expositivo
É o resultado da exegese ou exposição completa de um texto das Escrituras. A essência da exposição é a explicação. A pregação expositiva é explicação aplicada.
O sermão é expositivo quando, independentemente do tamanho da passagem bíblica em pauta, tem não apenas as divisões principais procedendo do texto, mas todo material sermônico explanando constantemente o texto escolhido.
O selo de garantia de um sermão expositivo não é o tamanho do texto básico, mas a profundidade com que ele é tratado.
A natureza essencial da pregação expositiva, portanto, é pregação que aplica a passagem de uma maneira que leve a igreja a uma aplicação verdadeira e prática da passagem.
Uma mensagem expositiva trata de uma só passagem básica da escritura. Referencias a outros versículos sempre apontam diretamente para a passagem em destaque, ilustram-na e confirmam seu ensino.
Uma mensagem expositiva tem integridade hermenêutica. Ela é fiel ao texto. Isto quer dizer que ela repete os elementos importantes do texto com o mesmo equilíbrio e a mesma intenção do autor original.
Uma mensagem expositiva tem aplicação, que não viole o propósito, o significado ou a função do texto em seu contexto original.
Repetindo: sem aplicação não há pregação expositiva, só exposição. Só informação, não mensagem.
O aspecto mais importante da pregação expositiva é que ela combina a revelação de Deus e Sua vontade. Considerando a subjetividade do pregador, as limitações da mente humana, os efeitos do pecado até sobre os nossos melhores pensamentos, e os danos que o subjetivismo está causando na teologia moderna, é mais provável que um sermão contenha algum erro, de julgamento ou sobre um fato, do que não o tenha. Por esta razão, quanto mais perto nos ativermos à Palavra revelada de Deus, menos suscetíveis seremos ao erro. Com isto não quero dizer que a mensagem expositiva é o único tipo válido de sermão. Só estou dizendo que, quanto mais próximo nos mantivermos da Escritura em seu contexto, menos probabilidades teremos de errar, e tanto mais certa será a declaração da verdade divina.
Outro aspecto importante da pregação expositiva é que ela ensina a Palavra de Deus no contexto escolhido pelo Espírito Santo.
Vantagens ao elaborar um sermão expositivo
a. Poderemos estar mais confiantes de estar pregando a vontade de Deus ao expormos sua Palavra.
b. Na pregação expositiva ficamos limitados à verdade bíblica. O subjetivismo fica minimizado. O medo que todos temos (ou deveríamos ter) ao subir ao púlpito, de nos tornarmos portadores do erro, é diminuído quando sabemos que nosso sermão é um veículo para a verdadeira Palavra de Deus.
c. À medida que pregamos através da Escritura, nós proclamamos "todo o conselho de Deus", e não somente nossos assuntos preferidos.
d. Geralmente o contexto da passagem inclui sua própria aplicação.
e. Freqüentemente a Bíblia fornece uma estrutura literária que pode servir de base para o esboço do sermão.
f. Podemos inserir assuntos delicados na seqüência expositiva sem sermos inoportunos. Todo pastor sabe como é difícil tratar de certas questões melindrosas, em especial quando a comunidade as identifica com certos membros.
g. Dá ao pregador uma oportunidade muita boa de fornecer um modelo de estudo bíblico.
Desvantagens ao elaborar um sermão expositivo
a. A mais óbvia é que ela torna necessária um estudo profundo do texto.
b. Não nos é permitido pinçar um versículo já usado antes, nem tirar algumas doutrinas que vislumbramos aqui e acolá.
c. Somos obrigado a batalhar por um entendimento da passagem toda.
d. Não podemos deixar de lado palavras significativas, construções sintáticas ou doutrinas.
e. É necessário conhecer bem os princípios hermenêuticos.
Exemplos:
A) Texto: Ester 4:1 a 5:3.
INTRODUÇÃO.
TRANSIÇÃO.
TEMA: O Que Fez Ester Para Chegar À Presença Do Rei?
DIVISÕES:
1 – DECRETOU UM JEJUM (4:16a);
2 – ARRISCOU A VIDA (4:16b);
3 – PREPAROU-SE DIGNAMENTE (5:1).
CONCLUSÃO.
B) Texto: Mateus 15:21-28
INTRODUÇÃO.
TRANSIÇÃO.
TEMA: Como Alcançar As Bênçãos Divinas?
DIVISÕES:
1 – CLAMANDO A JESUS (v. 22);
2 – HUMILHANDO-SE DIANTE DE JESUS (v. 26 e 27);
3 – TENDO FÉ EM JESUS (v. 28).
CONCLUSÃO.
ILUSTRAÇÕES E FIGURAS DE LINGUAGEM
Figuras de linguagem são estratégias que o orador pode aplicar ao texto para conseguir um determinado efeito na interpretação do ouvinte.
Principais figuras de linguagem
Comparação ou símile – Consiste em comparar uma coisa a outra. Jesus usou este critério: “O reino dos céus é semelhante a...” (Mt 13.44, etc.);
Metáfora – Neste tipo dizemos que uma coisa é a outra – uma comparação na qual não se usam as palavras “como” e “semelhante”. O Senhor Jesus usou esta forma: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5.14).
Metonímia – Esta figura consiste em tomar a parte pelo todo e vice-versa; o geral pelo particular e o particular pelo geral. “Rachel chora pelos seus filhos” (representando os filhos de Israel); “Pregar a Israel” (ao povo, não a Jacó). “Pregar o Evangelho a toda a criatura” (humana, não a todos os seres vivos).
Hipérbole – Esta figura engrandece ou diminui exageradamente o valor real das coisas ou idéias. O apóstolo João utilizou-a: “Nem todo o mundo poderia conter os livros que se escrevessem” (Jo 21.25).
Parábola – É uma narração alegórica que encerra doutrina moral. Pode ter valor ou sentido celestial, como vemos na Bíblia. Uma forma de narrar uma verdade através de uma história.
Fábula – É uma narração alegórica, cujos personagens geralmente são animais, e encerra sentido moral. Por exemplo: “O Lobo e o Cordeiro”, “O Elefante e a Formiga”.
Alegoria – Funciona à base de personificação. Não deixa de ser uma forma de metáfora quanto ao sentido que imprime ao caso.
Analogia – Em literatura, analogia é a semelhança entre duas coisas sob certos aspectos. É o processo pelo qual o espírito, observando as relações e semelhanças das coisas, se eleva ao descobrimento da razão dessas relações e semelhanças. Por exemplo, as relações que existem entre as línguas neolatinas.
Anedota – É conto sucinto, rápido, de uma particularidade histórica ou aventura curiosa e divertida. A anedota precisa ser bem escolhida.
Prosopopéia – É a figura de retórica onde falam pessoas ausentes ou mortas, e coisas inanimadas. Encontramos esta figura na Bíblia: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Sl 19.1).
Episódio biográfico – É um tipo muito utilizado para ilustrar sermões. São pequenos testemunhos de alguém conhecido por todos.
Pleonasmo – Emprego desnecessário de uma palavra. Uma ênfase desnecessária. Ex.: “Ele desceu para baixo”. “Ela cantou uma canção”.
Bibliografia
Apostila baseada nos estudos do Prof.Cornélio Póvoa de Oliveira