O Seu Comportamento Revela Quem Você É - Uma Reflexão em Colossenses

1) O MODO COMO VIVEMOS REVELA NOSSO CONHECIMENTO DE DEUS

"Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus;" (Colossenses 1.9-10)

Nos versos acima Paulo diz que uma das coisas pelo qual ele tem orado pelos Colossenses é que eles transbordassem do pleno conhecimento da vontade de Deus para que pudessem viver de um modo digno Dele e agradá-lo. Isso nos mostra que a chave para uma vida que agrade a Deus em todas as áreas é conhecê-lo, especialmente conhecer a sua vontade. Se você quer se preparar para o casamento ou se preparar para usar sua "solteirice" para a glória de Deus, por exemplo, a coisa mais importante que você tem a fazer é conhecer a Deus. Isso é mais importante até do que conhecer o futuro cônjuge.

Isso é importante porque vivemos em uma cultura evangélica que despreza o conhecimento teológico e exalta as emoções. Mas isso é um erro por muitas razões. Primeiro, é errado achar que muito conhecimento teológico pode te deixar arrogante, como algumas pessoas pensam. Só o falso conhecimento produz arrogância. O verdadeiro conhecimento produz humildade, porque o verdadeiro conhecimento te faz saber que você é ignorante. Quanto mais você aprende mais descobre que não sabe nada, que aquilo que te falta saber é infinitamente mais do que aquilo que você sabe. Então se você acha que sabe tudo sobre um assunto, é porque na verdade você não sabe é nada.

Segundo, porque emoções que não se baseiam em um conhecimento teológico verdadeiro são emoções falsas. Se a sua emoção vem de uma mentira, ela é uma emoção vazia. Se um pastor grita que Deus vai te fazer rico e aquilo te causa alegria e esperança, são alegrias e esperanças falsas. Então só podemos ter emoções verdadeiras quando nós crescemos em conhecimento real.

Terceiro, Deus se revela a nós por meio do entendimento. Emoção sozinha não transmite informação nenhuma. Você não aprende nada com emoção. Aliás, as emoções geralmente se enganam. O Evangelho não é algo que a gente "sente", mas algo que a gente escuta e compreende. É o que Paulo diz no verso 6 de Colossenses 1, o Evangelho estava crescendo e frutificando entre os eles desde o dia em que ouviram e entenderam "a graça de Deus na Verdade".

Não podemos nos guiar a respeito daquilo que é certo ou errado por meio de sentimentos. Às vezes o certo e errado causam sentimentos em nós, ou o próprio Espírito Santo nos dá sentimentos que podem nos ajudar, mas é muito mais simples e seguro confiar nas afirmações claras da Bíblia. Não faz sentido, por exemplo, alguém orar perguntando se é da vontade de Deus alguma coisa que a Bíblia diz que é errado, ou alguma coisa que a Bíblia diz que é certo. Ela pode até sentir que Deus deu alguma resposta, mas a resposta já foi dada na Bíblia. Se ela seguir seus sentimentos indo em outra direção, ela está é se enganando.

No Ocidente nós somos treinados a acreditar que existe uma separação muito intensa entre teoria e prática. Mas segundo a Bíblia você só compreendeu bem alguma coisa se você a praticou. Essa é uma das lições fundamentais de Provérbios, por exemplo. Não existe conhecimento que seja só na teoria. Biblicamente, se você não vive aquilo que você aprende é porque você não aprendeu. É por isso que a Bíblia várias vezes não opõe apenas o tolo ao sábio mas o tolo ao justo, como em Provérbios 10.21: "Os lábios do justo apascentam a muitos, mas, por falta de senso, morrem os tolos". E por isso Jesus não dizia para os fariseus "olha, vocês têm muito conhecimento da Bíblia, mas vocês não praticam". Não. Jesus dizia: "errais por não conhecerem as Escrituras, nem o poder de Deus". Ele sempre ia mostrando que na verdade os fariseus achavam que sabiam mas não sabiam era nada.

Jesus coloca isso de uma maneira ainda mais interessante em Mateus 7. Ele diz que toda árvore boa produz bom fruto e toda árvore má produz frutos maus. Pelos frutos você conhece a árvore. E Ele diz: Nem todo o que me diz "Senhor, Senhor!" entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Parafraseando, muitos dirão naquele dia a Jesus: "Senhor, Senhor! Nós profetizamos no teu nome, nós expulsamos demônios e fizemos milagres no teu nome, nós construímos templos e fizemos marchas para Jesus no teu nome". E Ee responderá: "não conheço vocês". Eu não tenho nenhuma relação com vocês.

Jesus não sabe quem são essas pessoas? Sabe. Ele está falando de conhecimento no sentido de relacionamento. A Bíblia fala muito em sexo usando o verbo "conhecer", por exemplo; Adão conheceu sua mulher. Jesus conhece os maus no sentido de ter informação sobre eles. Nesse sentido Jesus tem mais informação sobre eles do que eles próprios têm de si mesmo, tanto é que eles estão enganados a respeito de si mesmo achando que conhecem a Deus, mas não conhecem. Mas Jesus não os conhece, e eles também não conhecem Jesus, no sentido de manter uma relação.

Se uma pessoa passar a vida toda dentro de um quarto em preto e branco, só vendo coisas em preto e branco, e aprender tudo sobre como o cérebro capta raios de luz e como funciona todo o processo cerebral que interpreta o raio de luz como uma cor, quando essa pessoa sair da sala e enxergar as cores pela primeira vez, ela vai aprender uma coisa que ela nunca ia aprender dentro daquela sala.

Esse é até um argumento filosófico a favor da existência da alma. Mesmo que você aprenda tudo sobre como o cérebro funciona você não consegue aprender tudo sobre a mente porque a mente é mais do que o cérebro. Você pode aprender tudo sobre o cérebro mas não consegue aprender tudo sobre a mente porque cientificamente você não consegue estudar, por exemplo, como é a experiência de enxergar. O mesmo vale para Deus. É impossível você conhecer verdadeiramente a Deus e isso não mudar sua vida porque o verdadeiro conhecimento de Deus leva a um relacionamento com Ele e é impossível se relacionar com Deus e não mudar, da mesma forma que é impossível ser atropelado por um caminhão em alta velocidade sem mudar.

Isso não significa que o conhecimento de Deus seja só experimental. Quando eu digo "relacional" eu falo em conhecimento bíblico e experiência. As duas coisas andam juntas. Sem a experiência você pode saber ler grego e hebraico mas você não vai entender verdadeiramente o texto bíblico. E sem o texto bíblico você não consegue interpretar corretamente as suas experiências.

No capítulo 2 de Colossenses Paulo ensina que todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão escondidos em Cristo. Jesus é a Verdade. Todo conhecimento verdadeiro é um conhecimento sobre Jesus, já que todas as coisas foram criadas Nele, por Ele e para Ele. Matemática, física, línguas, história, filosofia, arquitetura, tudo, tudo que é Verdade é sobre Jesus. Isso significa que quando nós estudamos outros assuntos, precisamos estudar com a consciência de que aquilo está intimamente ligado a Jesus, e quando nós aprendemos sobre Jesus, precisamos saber que estamos aprendendo sobre a própria essência da Verdade.

2) O MODO COMO VIVEMOS REVELA QUE PERTENCEMOS AO REINO DE CRISTO

"pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste." (Colossenses 1.16-17)

Entre os versos 13 e 20 de Colossenses 1 Paulo fala sobre a supremacia de Cristo sobre todo o universo, sobre todas as coisas. No verso 13 Ele vai começar nos ensinando que Cristo tem supremacia sobre o Reino de Deus, porque Deus nos libertou do reino das trevas e nos colocou no "reino do Filho do Seu amor". Isso é interessante porque geralmente a Bíblia fala do Reino Espiritual como Reino de Deus, mas aqui Paulo fala do Reino como o Reino de Cristo, porque o Reino de Deus tem Jesus como seu centro, seu propósito e seu Senhor.

Jesus Cristo é o Senhor. Essa frase é constantemente repetida, mas muitas vezes as pessoas não refletem muito no significado dela. A gente pensa muito no Jesus manso e humilde, mas se esquece que Ele também é um Senhor severo. Ele não aceita meia-servidão. Ele não aceita que alguém o sirva pela metade. Ou nós somos totalmente Dele, ou não somos. Não podemos dizer que estamos no Reino de Deus se ainda somos escravos dos nossos próprios desejos, ou escravos do Diabo, ou escravos da morte, ou escravos do mundo.

Nós não fomos chamados para ser agentes duplos, uma hora servindo a Deus e outra hora servindo a outra coisa. Nós fomos chamados para vivermos na luz, como quem não tem do que se envergonhar, não a fazer coisas que precisam ser escondidas. Esse é o problema de Jesus, Ele é um Senhor severo. Se nós nos entregamos a Ele, se formos transportados do reino das trevas para o reino da luz, Ele vai tirar de nós tudo aquilo que não for condizente com o Seu Reino. Toda escuridão que ainda restar em nós será arrancada e isso geralmente é um processo doloroso, como ensina Hebreus 12: "o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe".

Colossenses 1.14 ensina que Cristo tem a supremacia sobre a redenção e o perdão de pecados. Redenção nesse texto significa literalmente "comprar de volta alguma coisa", resgatar algo que foi perdido. A morte de Jesus foi um pagamento da dívida que o nosso pecado gerou, pois o salário do pecado é a morte. O nosso pecado nos coloca sob o reino, sob o domínio, sob a autoridade das trevas, mas uma vez que Ele nos comprou, nós pertencemos a Ele e devemos obedecê-lo.

É importante lembrar que é em Cristo que nós temos a redenção porque a nossa tendência é tentar conquistar a nossa salvação pelas nossas próprias forças. É esse o problema do asceta. Ele quer conquistar a benção de Deus não experimentando prazeres. Mas isso não é algo agradável a Deus, ao contrário, isso é algo odioso, porque quando você confia no ascetismo para a sua salvação você está deixando de confiar em Jesus. O que tinha que ser feito para a nossa redenção, o sacrifício que precisava ser feito, já foi feito. Então não precisamos ficar sofrendo no nosso corpo penitências para nos chegarmos a Deus, mas toda vez que pecamos precisamos confiar que Cristo é a nossa cidade de refúgio. Toda vez que tentamos fazer alguma coisa para ganhar o favor de Deus estamos dizendo que Cristo não é suficiente para nos aproximar do Senhor e que Ele precisa de ajuda.

Esse é o problema da homossexualidade, por exemplo. Um dos aspectos da homossexualidade (não pode ser resumido só nisso) é que ela está muito ligada à auto-suficência, ou narcisismo. Narciso na mitologia grega era um rapaz muito bonito e por causa disso era muito arrogante. As moças desprezadas por ele pediram aos deuses para vingá-las, então Afrodite (a deusa do amor) o condenou a se apaixonar pelo próprio rosto. Ele ficou tão apaixonado por si mesmo que quando viu seu reflexo em um lago pulou nele e se afogou.

O homossexualismo é em grande parte narcísico (mais uma vez, não pode ser resumido só nisso). Você está tão satisfeito consigo mesmo que procura a si mesmo no outro e acaba procurando alguém do mesmo sexo. A sexualidade saudável nos conduz a procurar uma outra pessoa diferente de nós a fim de nos mostrar que ninguém consegue ser completo sozinho (pois não é bom que o homem esteja só), mas homossexualidade quebra esse padrão. Não somente a homossexualidade, mas todo esse discurso contra uma distinção clara de gênero, de que homem devem ser masculino e mulher deve ser feminina, faz isso.

Os críticos do Cristianismo assumem que nós somos contra a homossexualidade porque nós somos contra a diferença. Mas, na verdade, um dos grandes problemas da homossexualidade é justamente que ela elimina a diferença que é tão importante para nós. Nós acreditamos que a sexualidade representa muito mais que prazer e reprodução e parte fundamental disso são as diferenças claras entre o universo masculino e o universo feminino que se complementam.

Isso não só em relação a ser alguém do sexo oposto, mas, cientificamente, a nossa tendência, e isso é algo presente nos animais também, é procurar alguém que seja geneticamente diferente de nós porque isso gera filhos mais saudáveis. Uma das formas em que o sexo fortalece a união do casal é justamente essa representação física de que você precisa de alguém diferente de você para te tornar mais completo. O sexo simboliza toda a relação do casal. Eles deixam de existir como indivíduos e passam a existir como casal.

Por isso, filhos afetam muito a vida do casal, também porque eles afetam a sexualidade. Logo, é sempre aconselhável que os casados aproveitem bastante o período antes dos filhos para aprofundar a intimidade, não apenas sexual, mas em todos os sentidos, porque quando os dois se tornam três, quatro, ou cinco, a unidade deles se torna mais difícil; e não somente a felicidade do casal, mas a educação dos filhos, depende muito disso.

Colossenses 1 nos ensina que em Cristo habita toda a plenitude de Deus. Ou seja, não tem como se relacionar com Deus sem se relacionar com Cristo. Se Cristo não for o centro da nossa vida nós não temos parte com Deus. Foi Cristo quem criou todas as coisas e é Ele quem mantém tudo funcionando. "Nele tudo subsiste", ou seja, todas as coisas só continuam existindo por causa de Jesus. Crer nisso afeta muito como nós lidamos com a sexualidade. A sexualidade foi criada por Jesus e ela continua existindo por causa de Jesus. O verso 20 ainda acrescenta outra coisa: "havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas". Deus reconciliou o sexo consigo mesmo. O pecado tornou o sexo uma das principais ferramentas com a qual o homem desonra a Deus, mas unidos a Cristo podemos usar da sexualidade de uma maneira agradável a Ele.

Quando Jesus nos redimiu, ou seja, quando Ele nos comprou de volta pelo seu sangue, Ele nos comprou por inteiro, inclusive a nossa sexualidade. Ela não é algo que não tem nada a ver com Deus. Jesus sofreu, apanhou, foi humilhado e foi morto para que a sexualidade pudesse ser usada para a glória Dele, seja no casamento, seja na castidade. Quando nós dizemos que pertencemos a Deus mas vivemos a sexualidade de uma maneira pecaminosa, nós estamos dizendo que Jesus é um Senhor injusto porque Ele vê os seus servos fazendo o que é mal e não faz nada.

3) O MODO COMO VIVEMOS REVELA A NOSSA ESPERANÇA

"desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos; por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho" (Colossenses 1.4-5)

Como eu disse antes, não basta apenas entender com a sua mente que Cristo é Deus, mas é preciso ter a convicção de coração de que Ele é tudo. A esperança que os colossenses tinham fazia com que eles amassem os outros cristãos. Isso significa que alguém que não ama os irmãos revela que na verdade tem uma esperança muito fraca. Isso se reflete também no casamento. Deixar de demonstrar o seu amor para com o seu cônjuge, e isso inclui obviamente o sexo, pode ser sinal de uma esperança muito fraca.

Como a nossa esperança nos leva a amar mais os santos? Primeiro porque a nossa esperança nos leva a crer que todos os pecados que as pessoas cometem contra nós não se comparam com a felicidade que está reservada para nós no céu. Segundo, porque cremos que nós passaremos a eternidade com os santos e isso deve nos incentivar a termos um bom relacionamento com eles já aqui. Terceiro porque nossa esperança inclui o fato de que todos os nossos pecados serão perdoados, o que deve nos fazer ter disposição para perdoar os outros. Quarto, porque cremos que todo o bem que fazemos para os filhos de Deus é um bem que estamos fazendo para o próprio Deus e isso nos será recompensado.

A grande marca de alguém que vive nas trevas é que ela tem esperanças falsas. Ela não consegue compreender adequadamente a realidade, ela é espiritualmente cega, então o que ela espera do futuro é uma mentira. Por exemplo, algumas pessoas acham que o sexo é necessário para que elas vivam felizes e realizadas. Então dizer que um solteiro deve permanecer casto até o casamento é limitar a felicidade dele. Ser contra o relacionamento homossexual é ser contra o direito dele de ser feliz. Uma pessoa que se divorcia e casa de novo não está cometendo adultério como Jesus disse, ela está buscando a felicidade dela. Muitos casamentos enfrentam dificuldades por causa disso. A pessoa se casa colocando sua esperança de felicidade no casamento, ou casa com um monte de expectativas em cima da outra pessoa que não vão ser atendidas. Uma esperança falsa gera decepção e erros. A Queda da humanidade começou nisso. A Serpente tentou Adão e Eva oferecendo uma esperança falsa para eles: "sereis como Deus".

É uma esperança forte que nos mantém firmes na fé, como diz Colossenses 1.23: "se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes". E é a esperança que sustenta o casamento, a esperança de que a felicidade no casamento não depende do seu cônjuge, não depende do sexo, mas de estar satisfeito em Deus mesmo que o casamento seja um completo fracasso.

As religiões nos incentivam muito mais a pensar no futuro a partir do que você faz no presente. Você planta e ai você vai colher. Esse é um lado da verdade. Mas o novo testamento incentiva muito (Colossenses 3 é um dos textos que faz isso) você não a olhar o futuro a partir do presente mas a olhar o presente a partir do que você espera para o futuro. Aquilo que você sabe a respeito do novo céu e da nova terra afeta como você vive no presente. Cl 3.4-5 nos mostra isso: "Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória. Fazei, POIS [ou seja, por causa disso, por causa dessa esperança], morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria".

4) O MODO COMO VIVEMOS REVELA QUEM NÓS SOMOS

No capítulo 3 Paulo vai mostrar que, já que nem o ascetismo nem o legalismo conseguem matar o pecado em nós, precisamos buscar a Cristo porque Cristo pode fazer isso. Aquele poder que Jesus usou para ressuscitar é o mesmo que Ele está usando para nos conformar à sua imagem. Então se nós nascemos de novo, se nós temos essa fé salvadora, devemos trabalhar essa fé, devemos pensar em Jesus, aprender sobre Jesus, nos relacionar com Jesus, valorizar Jesus mais do que as coisas desse mundo, e assim iremos aprender a usar as coisas desse mundo de uma maneira que O agrade.

Muitas religiões ensinam que devemos morrer para a nossa própria vontade e viver para uma vontade superior. A diferença do Evangelho é que não é uma questão de "preciso viver da maneira correta para não perder uma benção futura", mas ele ensina que já que nós ressuscitamos, já que aconteceu algo que nos transformou, já que tivemos um encontro real com Jesus, então vamos viver de maneira digna disso. Essa é a chave da luta contra o pecado. O poder para alcançar a pureza não vem do nosso próprio esforço, mas da fé naquilo que Deus fez.

Se você não consegue vencer um pecado, isso não é apenas um indício de que você não está se esforçando o suficiente, mas que na verdade talvez você não seja aquilo que você diz ser quando professa ser um seguidor de Cristo. Sem fé não adianta você se esforçar com tudo para vencer o pecado porque ele vai ser mais forte que você. Justamente porque a fé é receber a Cristo, e quem vence o pecado em nós não somos nós mesmo, mas Cristo em nós.

Se nós tivemos um encontro real com Deus e se continuamos a nos relacionar com Ele, tudo mudou. Paulo diz no verso 10: "vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou". Nós fomos feitos outra vez, fomos renovados, para alcançarmos um pleno conhecimento de Deus. Se somos nova criatura devemos viver como nova criatura.

Se os discípulos dissessem que Jesus ressuscitou, levasse as pessoas para irem ver o seu corpo, e ele não falasse, não se mexesse e estivesse apodrecendo, as pessoas iam zombar deles e chamá-los de louco. Da mesma forma alguém dizer que é um cristão, se batizou, diz nascer de novo, mas a sua vida está cheia de pecado sexual, impureza, desejos malignos e avareza, a gente tem é que zombar dessa pessoa e dizer que ela está maluca, porque isso não é vida, isso é morte.

5) O MODO COMO VIVEMOS É UMA PROVA DA RESSURREIÇÃO DE JESUS

No capítulo 2, a partir do verso 4, Paulo vai advertir os colossenses a não se deixarem enganar por "raciocínios falazes" ou "discursos enganosos". Eles não deveriam se deixar levar pela filosofia mundana que tentava enfraquecer a fé deles. A sabedoria de Cristo é superior à sabedoria dos filósofos, porque Ele é a própria Sabedoria de Deus. Se eles usam sua inteligência para falar contra a fé bíblica é porque Deus escondeu Deles a Verdade, para puni-los pelos seus pecados.

Note que, assim como o conhecimento da vontade de Deus provoca uma vida santa, um discurso, uma doutrina, um raciocínio enganoso prejudica a firmeza da fé. A verdadeira fé se baseia na verdadeira doutrina. Uma fé ignorante é uma fé sem raiz, uma planta sem chão, que qualquer ventinho que bate vai derrubar.

É muito interessante o fato de que a Bíblia fala da fé de Jesus muitas vezes em termos de receber a Cristo de alguma forma. Converte-ser é beber da água da vida, comer do pão da vida, comer a carne e beber o sangue de Jesus, é Cristo brilhar no nosso coração, etc. O Evangelho de João foca muito nisso, do início ao fim. João 1.12, por exemplo, diz: "mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome".

Então a luta pela santidade, a luta por permanecer na fé, não é "tenho que me esforçar para Jesus continuar me amando" mas "tenho que me esforçar para receber mais e mais de Jesus, para ter mais Dele em mim, para me relacionar mais profundamente com Ele", não para ganhar alguma coisa, mas por amor. A luta pela pureza é uma luta por alegria. É a luta por não se deixar enganar pelos raciocínios enganosos que dizem que vale a pena ser infiel a Deus.

Então o verso 12-13 de Colossenses 2 diz:

"tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos"

Paulo está dizendo que o batismo representa que o mesmo poder que ressuscitou Jesus é o poder que nos deu nova vida espiritual. Se a morte espiritual é ser escravo do pecado, a nova vida espiritual é a santidade. Então o poder que nos faz santos é o poder que ressuscitou Jesus. Portanto, a nossa santidade é a prova de que Jesus ressuscitou, a prova de que Ele está vivo. Nós fomos chamados para sermos testemunhas do que Jesus fez por nós, testemunhar de que Ele não é alguém que agiu apenas no passado, mas que Ele está vivo hoje e transforma as pessoas, e a grande prova do agir de Deus não é milagres, prodígios, grandes coisas, mas vidas transformadas. Assim, por exemplo, um solteiro não busca a pureza sexual simplesmente para não ir para o inferno, mas a sua pureza é uma prova de que o Jesus Vivo é melhor para ele do que o sexo.

Muita da hipocrisia religiosa de algumas pessoas vem disso. Elas não tem um relacionamento real com Cristo, elas não foram verdadeiramente transformadas, então elas ficam obedecendo regras humanas, mandamentos apenas exteriores, vestem uma capa religiosa, simplesmente para disfarçar que, na verdade, o coração delas continua sendo um coração ímpio. Regras humanas, tradições antibíblicas e disfarces religiosos não têm poder para vencer o pecado, só uma fé verdadeira e um relacionamento real com o Jesus ressurreto.

6) O MODO COMO VIVEMOS REVELA QUEM É O NOSSO SENHOR

"E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai." (3.17)

Tudo que nós fazemos devemos fazer em nome de Jesus, ou seja, como representantes Dele. Então nos versos seguintes Paulo mostra como o senhorio de Cristo nas nossas vidas afeta a nossa relação com os outros. As esposas devem ser submissas ao seu marido, os maridos devem amar suas esposas, os filhos devem obedecer aos pais, os pais não devem irritar os filhos, os servos obedecer aos seus senhores e os senhores serem justos com seus servos.

A prioridade na vida familiar é o Senhor, Jesus deve ser o centro da nossa família. Em segundo lugar a prioridade é o conjuge, não os filhos. Essa ordem não pode ser invertida. O amor aos filhos não deve atrapalhar (ou pelo menos deve atrapalhar o mínimo possível) o amor conjugal, e o amor conjugal não deve nos afastar de servir a Deus.

Os casais não devem fundamentar sua relação apenas nos filhos. Eles não podem ser só pais e mães e esquecer de serem maridos e mulher. Isso não é só sexualmente, mas na intimidade do casal de um modo geral. Senão os filhos vão embora e dai acaba o casamento, ficam dois estranhos. Os filhos não podem ser considerados mais importantes do que o casal, porque o casamento é a relação mais duradoura.