(parte 1) CONHECER... PARA CRITICAR !

CONHECER... PARA CRITICAR ! (parte 1)

"Não tem um só símbolo que não seja a

aplicação de uma Verdade transcendente.

Não possui um só mistério que não o

cubra a prática de alguma virtude".

Pe JOÃO DE SANTA BÁRBARA (pag. 62)

Esse mês de fevereiro de 2020 iniciou com um "carnaval" de asneiras escritas nas Redes Sociais (leia-se FACEBOOK) sobre a Maçonaria -- a partir de foto do Ministro Moro e desse "espanto" que é o "capitão" Bolsonaro numa Grande Loja -- meros palpites irresponsáveis por parte de quem jamais leu 1 página sequer sobre essa Filosofia milenar, cuja origem ainda não foi totalmente esclarecida. Felizmente, nos "lixões" da Vida, encontrei recentemente 3 volumes antigos, dos anos 70, que põem fim a qualquer dúvida (ou juízo equivocado) sobre a Maçonaria... "milenar Instituição que abriga HOMENS LIVRES E DE BONS COSTUMES" (sic / pag. 28), no dizer do severo Autor.

Mas, nem tudo são flores nem mesmo nessa Sociedade exemplar, na qual "COVEIROS" da Grande Loja têm apenas "a vaidade de ostentar vistosos paramentos, comendas e outros aparatos, sem se possuir os conhecimentos indispensáveis a um verdadeiro obreiro da Arte Real". (pag. 75) Como os símbolos e rituais dela são, em princípio, SECRETOS, reproduzo da obra "O PEDREIRO LIVRE" tão-somente trechos da palestra de MANOEL GOMES para crianças e jovens -- publicada pelo autor, Demósthenes N. Vieira de Aguiar -- realizada no Colégio Coração de Jesus, de Florianópolis, no dia 17/agosto de 1976.

Como os livros antigos não traziam nenhuma ADVERTÊNCIA sobre cópia ou reprodução do conteúdo (e por se tratar de PALESTRA aberta ao público) não vejo inconvenientes em republicar trechos do livro.

I - O QUE É MAÇONARIA

"Uma associação de homens que se consideram irmãos entre si e cujo fim é viverem em perfeita igualdade, inteiramente ligados por laços de recíproca estima e confiança, estimulando-se uns aos outros, na prática de virtudes. (...) A Maçonaria foi sempre e deve continuar a ser a união consciente de homens generosos e devotados, irmãos livres e iguais, ligados por deveres de fraternidade, para prestarem mútua assistência e concorrerem, pelo exemplo e pela prática das virtudes, a esclarecer os homens (...). Praticando o Bem sobre o plano físico e moral, a Maçonaria reúne todos os homens, como irmãos, sem olhar sua crença e sua fé.

Por isso e para evitar o afastamento de sua nobre e sublime finalidade a Maçonaria exige que só sejam admitidos em seus quadros aqueles que, reconhecendo a existência de Deus, bem compreendam os deveres sociais e, alheios à elogios e inclinações contrárias aos rígidos princípios da moralidade, busquem a Instituição Maçônica inspirados em elevados sentimentos de Amor Fraternal.

A Maçonaria é, portanto, o progresso contínuo, por ensinamentos em uma série de graus visando, por iniciações sucessivas, incutir no íntimo dos homens a Luz Espiritual e Divina que (...) os tornem dignos de si mesmos, da Família, da Pátria e da Humanidade." (pag. 52-53)

I I - PRINCÍPIOS NORMATIVOS DA MAÇONARIA

A Maçonaria proclama, como sempre proclamou, desde a sua origem a existência de um princípio Criador, sob a denominação de Grande Arquiteto do Universo. A Maçonaria não impõe nenhum limite à livre investigação da Verdade e é para garantir a todos essa liberdade que exige, de todos, a maior tolerância. A Maçonaria é acessível aos homens de todas as classes sociais e de todas as crenças religiosas e políticas, com exceção àquelas que privem o homem de liberdade de consciência, restrinjam os direitos e a dignidade da pessoa humana. Aceita a existência da Alma e, subsidiariamente a esta crença, a da Vida futura.

A Bíblia, que denomina Livro da Lei, obrigatoriamente presente na Loja, sobre o Altar, durante as reuniões. Nenhuma reunião se realizará, seja qual fôr o pretexto, não se encontrando sobre o Altar o Livro Sagrado, ou Livro da Lei chamado -- principal peça litúrgica de uma Loja Maçônica. (...) Àquele para quem a Religião é o supremo consolo, a Maçonaria diz: Cultiva sem cessar tua religião; segue as aspirações de tua consciência; a Maçonaria não é uma religião, não tem um culto, quer a instrução leiga; sua doutrina condensa-se na máxima "Ama teu próximo"! (dos Rituais)

Os ensinamentos maçônicos induzem seus adeptos a dedicarem-se à felicidade de seus semelhantes, (...) fiéis observadores da lei do Amor e da Simpatia que Deus estabeleceu na Terra. (pag. 53-54)

I I I - OBJETIVOS DA MAÇONARIA

Podem resumir-se nestas poucas palavras, os objetivos da Maçonaria:

1) desfazer nos homens os preconceitos de casta, as convencionais distinções de côr, de origem, de opinião e de nacionalidade;

2) aniquilar o fanatismo e a superstição, extirpar os ódios de raça e com êles, o açoite da guerra; (...) (pag. 54)

I V - COMPORTAMENTO EM TERMOS COMUNITÁRIOS

Muito se tem aventado sobre o comportamento da Maçonaria em termos comunitários. Na realidade, o profano, aquele que dela não faz parte, tem uma concepção completamente oposta aos desígnios da Instituição, sendo comum até, ouvir-se dizer que o maçom tem ampla cobertura para os seus problemas particulares e profissionais. Tal não é a verdade. A Maçonaria jamais serviria e talvez sucumbisse já no seu início se mais puros e sublimes não fossem os caminhos que deveria percorrer pelos anos de evolução afora. Na Maçonaria os problemas de cada um continuam sendo de cada um; os problemas da comunidade, estes sim, e continuam sendo objeto de estudos por todo maçom consciente de suas obrigações.

V - AS ORIGENS DA MAÇONARIA

Nenhuma questão é mais controversa, no domínio da história da Maçonaria, do que a própria origem. Teria começado por ocasião da construção do Templo de Salomão, em Jerusalém, para o maçom um símbolo do mais alto significado, representando ser o Templo ideal, de cuja construção participa com sua pedra esquadrejada e polida no silêncio do recolhimento e da meditação; seria uma continuação dos misteriosos essênios ou, talvez, dos pitagóricos, na Grécia; estarão as suas origens na Antiga e Mística Ordem Rosa-Cruz; seria um prolongamento da Ordem Templária? São hipóteses que admitem algum relacionamento, pois seus rituais e práticas foram de algum modo inspiradas e baseadas em acontecimentos. (pag. 55)

A verdadeira origem da Maçonaria parece estar nas Corporações Operárias dos Pedreiros Construtores de Catedrais, da Idade Média, que tiveram inclusive, a proteção dos reis e da Igreja. Seus conhecimentos na arte de construir constituíam um segredo, comunicado somente àqueles capazes de guardá-lo.

No início do século XVIII entram em decadência aquelas Corporações e ocorre, em Londres, reunindo as 4 Lojas remanescentes de Pedreiros, a fundação em 1711, precisamente, de uma ciência especulativa, segundo os métodos operativos, com propósito de ensinamento moral. Desaparecia a Maçonaria Operativa, de construtores de catedrais, surgia a Maçonaria Especulativa, ou Franco-Maçonaria, definitivamente estabelecida em 1723, com a aprovação de seus primeiros Estatutos, a Constituição de Anderson (James Anderson). Posteriormente, Mackey (Albert Gallatin Mackey) coligiu os Landmarks, baseados na tradição, usos e costumes da antiga Maçonaria. (...)

V I - SOBRE O SIMBOLISMO MAÇÔNICO

Símbolos são representações emblemáticas conhecidas desde a mais remota Antiguidade. Derivam dos símbolos primitivos que foram expressões resultantes dos primeiros reflexos da inteligência humana. Poderíamos dizer mais que -- um Símbolo é a sintetização de um pensamento que, de maneira simples, representa. Simbolismo é um sistema ou conjunto de símbolos destinados a recordar fatos ou significar crenças, método de comunicação que, parece-nos haver surgido nos templos egípcios, e dali transmitido a todos os povos da antiguidade, levando-lhes as lições de sabedoria e de conhecimentos religiosos da época, ciência que a Maçonaria adotou para revelar aos seus filiados as grandes verdades que ensina. (...) (pag. 56)

(OBS: por ser um ensinamento muito particular, optei por deixá-lo FORA desta explanação. - NATOAZEVEDO)

V I I - MAÇONARIA POLÍTICA

A constante preocupação da Maçonaria com o destino do homem, ensinando-lhe comportamentos para que se torne digno de participar utilmente da Sociedade não indica, absolutamente, haver sido ela criada para fins políticos. Foi, no entanto, a Maçonaria o agente vulgarizador junto aos povos das novas idéias e ideais político-sociais que surgiram no início do século XVIII simultaneamente na França e na Inglaterra. O movimento que então se esboçava carecia de ação, ação dinâmica, ação revolucionária, ação capaz de organizar e dirigir forças dispersas.

Havia que estar presente a Maçonaria, organizando e executando as revoluções fazendo surgir novos tempos para toda a humanidade. Coube à Maçonaria o dever de pôr em ação as novas idéias. Na França preparou a Grande Revolução, nos Estados Unidos fez a Independência, na América Espanhola fundou repúblicas. Washington, Jefferson, Simon Bolívar, Carlos Avelar, San Martin, Benito Juarez foram maçons.