CRISTO RESSURGIU DA SEPULTURA, COMO TINHA PREDITO (Benjamin Scott)

Para tornar a sua vida mais assinalada na história do mundo, independente da sua importância sob o ponto de vista religioso, Cristo ressurgiu da sepultura, como tinha predito, apesar da guarda romana, aparecendo repetidas vezes aos seus amigos e seguidores durante quarenta dias, subindo depois para o céu na presença deles.

A realidade destes fatos é testificada como ainda não o foi outro fato da história. Estes fatos estão citados por testemunhas oculares em não menos de cinco narrações diferentes. Também muitos outros livros, escritos por pessoas que assistiram aos acontecimentos, referem-se a eles e os confirmam. E, o que é digno de nota, as testemunhas destes fatos viajaram por terra e por mar para espalharem a notícia, sem lhes descobrirmos nenhum dos motivos que usualmente influem os homens a agir. Eles nada ganharam com as suas asserções, senão perseguição, insultos e desprezo; muitos deles voluntariamente sacrificavam suas vidas como testemunho da sinceridade das suas afirmações e da sua fé.

Repetimos que nem um outro fato da história foi tão abundantemente comprovado como os fatos que se prendem à vida, morte e ressurreição de Cristo. Aquele que rejeita estas verdades deve estar preparado para assim crer:

Primeiro: que uns cento e vinte indivíduos, pelo menos, se combinaram para espalhar uma falsidade com a qual nada lucrariam, mas que lhes podia ocasionar a perda de tudo que o mundo preza, até a própria vida;

Segundo: que tais pessoas, se culpadas de falsidade, inculcavam e exerciam a virtude, coisa não comum;

Terceiro: que todos eles persistiram na afirmação de uma falsidade, sem ninguém descobrir a natureza da conspiração ou combinação (se ela porventura existia);

Quarto: que muitos deles selaram o seu testemunho com o próprio sangue, quando a simples confissão do seu erro (se tal tivesse sido), lhes teria poupado a vida.

Devemos agora deixar os fatos relativos à introdução ao cristianismo, e considerar, também resumidamente, a natureza da doutrina, ou ensino, introduzido por Cristo, ou seja, o caráter do sistema denominado Cristianismo. Isto, diga-se de passagem, não admite dúvida quanto à sua realidade. Ainda que mal entendido, e, por isso, deturpado, o cristianismo é um fato cuja existência ninguém terá coragem bastante de negar.

Em primeiro lugar, notemos que o cristianismo constitui uma admirável inovação quanto às idéias do mundo, tanto judaico, como pagão. Não era nenhuma adaptação, nem mera reforma; não tinha compromisso algum com o passado. A linguagem de Cristo, em mais de uma ocasião, afirmava claramente: "Eis que faço novas todas as coisas". Ele explicou aos seus estupefatos seguidores, figurativamente, que assim como vinho novo não podia ser posto em odres velhos, nem remendo de pano novo em vestido velho, assim o seu sistema tinha de exceder e pôr de lado todos os sistemas que estavam arruinados, envelhecidos e prontos a desaparecer. A religião cristã efetuou uma revolução e não uma restauração, reforma ou reconstrução.