FREE PASS - NÃO COSTURE O VÉU

[‘Eu prefiro ser enganado. Sinceramente, dá muito trabalho me aprofundar, estudar..!’]

Partindo desta premissa...

Tenho percebido que este é um sentimento comum entre muitos e talvez maquiado pelo comodismo e pela praticidade da terceirização dos deveres, não seja visto com tamanho holofote e sinceridade.

Aos professores está sendo terceirizada a responsabilidade da educação familiar; aos policiais a responsabilidade da repreensão pedagógica (é só pra dar um susto); ao governo a manutenção do lar, este por sua vez se aproveita concedendo bolsas desmotivadoras e controladoras da massa; já na igreja terceiriza-se o acesso a Deus.

Educação, segurança, comida, lazer, fé. Mas, sempre falta alguma coisa.

E o eu? As dúvidas existenciais? E o amor ou a falta dele? Crer em que? Em quem? E como assim?

Acredito que os israelitas, escravizados pelo Egito, gostariam de um acesso mais fácil ao Pai. Porém, a lei determinava uma série de rituais, responsabilidades e doutrinas, muito trabalho, peregrinação e preceitos, para que apenas um homem fosse o intermediador entre Deus e os homens. As datas também eram pré estabelecidas e o acesso extremamente restrito. Só cabia a eles crer e aguardar a voz recebida pelo sumo sacerdote ou pelos profetas.

Eis que se ouve um grito, que não parecia, mas era de liberdade!

Após aquele grito no madeiro o templo ruiu e junto com o ele o sistema religioso de dependência. O véu se rasgou e Deus deixou de habitar em templos construídos por mãos humanas. Conseguimos, pela graça, o acesso.

Ao entregar seu espirito, para depois ressuscitar da morte vitorioso, Jesus nos concedeu o free pass e nos autorizou chama-lo de Aba Pai. Entretanto isso nos trouxe uma grande responsabilidade, a saber: - Nós precisamos buscar a presença do Pai no santo dos santos. Na verdade podemos, mas há que se convir que seja o mais sensato.

Não precisamos mais dos sacerdotes, exceto para aprendermos mais sobre o criador, nós podemos ter um relacionamento direto com Ele. Aliás, um pouco adiante aprenderíamos que ele habita em nós e que nos ouve sempre que o chamamos e ainda prefere o secreto.

Contudo, fomos libertos do pecado, mas não da natureza pecaminosa - ainda. E por isso somos acometidos pela desconfiança, a dificuldade e o comodismo - desconfiamos da autenticidade do free pass - temos dificuldade no relacionamento com o Divino – chegamos a acreditar que seria melhor se alguém fizesse isso por nós.

Ouvi dizer que “os lobos querem costurar o véu que Jesus rasgou”, mas acredito que tem crente colaborando com essa missão.

Aqui jaz uma espécie de drive-thru da fé, uma sacada dos mestres contemporâneos da retórica, da oratória e dos sofismas, que encontra bastante força na ignorância alheia deliberada.

Tem lobo com a agulha na mão e fiel com a linha.

A praticidade é justificada pela falta de conhecimento da verdade, a dificuldade do relacionamento com o Divino ratifica o discurso e a desconfiança de um acesso direto e em secreto é o xeque-mate dos mecanismos religiosos sectários pregados por estes 'mestres'.

Jesus nos deu a benção do free pass e pagou alto preço, alguns de nós preferimos pedir nossas bençãos no delivery. Os lobos apenas normatizaram nossos anseios.

Não podemos negligenciar a verdade e o sangue derramado pelo comodismo, nem pelas nossas dificuldades. Já o medo e a culpa, são os sentimentos mais lucrativos que existem.

Temos medo do desconhecido e das incertezas, mas tendo acesso e relacionamento ele se vai.