Morte
Morte – falar dela, alguns dizem – não é coisa positiva, otimista. É mórbido, assombroso.
Claro, tem assunto mais interessante, mais edificante. Sim, claro.
Quando alguém vai embora, para sempre, um parente, mãe ou pai, ou amigo, até um inimigo – ficamos numa mistura de tristeza com solidão, sensação de vazio, inevitável apreensão.
Estranha fissura no peito. Depois normalizamos, tudo passa.
Perda física (corporal) sem volta a nos afligir a alma. É assim quase sempre.
Já muitos amigos, conhecidos, parentes, partiram. Uns prematuramente. Um dia serei eu. Paciência.
Mas estou vivo – que bem, excelente! Agradeço a Deus pela vida – e muito.
Os vivos, todos nós, façamos o mesmo.
Quando pequeno li certa vez “se a morte é um descanso, prefiro viver cansado”. Quer dizer, não queremos morrer, ninguém quer. Estou com 64 anos.
Os considero bem vividos, sim. “Tá de bom tamanho”.
Continuo vivo, vivendo – beleza, beleza!
Tenho medo de morrer? Não tanto, um pouco.
Prefiro, no entanto, viver um pouco mais. Mas é necessário saber que não somos eternos.
Não. Daí termos o bom senso de nos preparar. Eu faço assim, procuro estar com Deus. Me conectar com Ele.
Vivo os momentos da melhor forma. Para melhor tocar a vida, esta agora, a vida presente.
Busco a suavidade das coisas. Não me irritando, não me estressando tanto.
Abro o coração à força, ao poder de Deus. Tenho na cabeça que sou frágil, fraco. Meus limites não permitem ser autossuficiente – não.
Tento ao máximo agir com humildade. De novo digo, tenho meus limites.
Bem, por isso não farei nada, ficarei paralisado? Nada disso.
Eu avanço, correndo atrás dos mistérios a nos rondar. Procuro respostas. Não consigo – nem conseguirei um dia. Creio.
Na busca perene de Deus, Sua Sabedoria, tenho achado, mesmo pouco, coisas bem edificantes (para o espírito).
Venho crescendo assim, com isso, com esses bens Divinos.
Tenho ficado mais forte, por dentro. Não que seja agora um “deus” – nada disso. Sou mortal, como os demais homens.
Me mantenho (procuro me manter) com o espírito preparado, sempre à procura de um pouco de Deus.
Dessa espetacular e sublime força que Ele tem.
Que Ele é.
E a concede a qualquer um, gratuitamente. Precisamos procurá-Lo, sem demora.