JESUS QUER POBREZA EXTREMA? (Pv 30.8b e Mt 19.21)

Entendo que não. Ele não quer tanto riqueza extrema quanto pobreza extrema. Ambos trazem prejuízo.

Paulo aconselhando a Timóteo diz que o “amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”; mas o outro extremo: a falta de bens, de víveres ou de dinheiro, é outro tentáculo dessa raiz maléfica, socialmente falando. Quem não tem nada, está na mesma “vala” da carência, do mal social!

Podemos pensar também que o denominado “capitalismo selvagem”, que só ajunta, é mau; mas o capitalismo que cria empresas, que gera empregos, onde muitas famílias vão se “abrigar”, não é um mal e muito menos selvagem, mas útil e necessário! (Só os míopes é que não enxergam isso!)

Muitos praticam uma forma de pobreza como forma de renúncia a algumas coisas (bens) do mundo, o que é, além de subjetivo, aceitável. Nada contra. É pessoal! Jesus e seus discípulos fizeram isso para se entregarem melhor às atividades espirituais e eles serviram de exemplo de renúncia para nós, dando-nos a entender que o Reino de Deus é muito mais do que comida, bebida, roupas e posses patrimoniais, mas não obrigaram ninguém! As ações de Jesus e seus seguidores nunca foram coercitivas!

Geralmente as religiões, denominações, etc organizadas são criticadas por suas riquezas materiais exageradas, com templos suntuosos (de ouro, de cristal), cada vez maiores e bem ornamentados, à vista de muitas e atuais pobreza de outros (templos) e perante a sociedade (carente de muitos coisas) conforme se depara em sua vizinhança ou contexto imediato!

Há, algumas pessoas (exegetas) que acreditam e ensinam que, com fulcro em Tiago 5.1-6 e ainda com base nas informações de que a salvação de um homem abastado é “mais difícil do que passar um camelo pelo fundo de uma agulha” (Mt 19.24), sendo, portanto, para esses exegetas, qualquer riqueza material incompatível com o discipulado cristão sério. Mas, esta interpretação, de levar em conta a necessidade de ser pobre materialmente para servir bem a Deus, esbarra com QUATRO CASOS: (1) o primeiro é o caso de Jó, ficando provado ante os olhos do Diabo, que ele (Jó) servia a Deus por amor e pela fé, não pelos seus bens que possuía e, (2) em segundo caso, o texto de Paulo aos Coríntios (2ª Co 9.8), que diz: “Deus pode fazer-nos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda a boa obra” ..., (O contexto dessa passagem nos assegura que Paulo está tratando de dinheiro, ou seja, do sustento financeiro dos apóstolos e seus cooperadores, pois eles também tinham o direito de possuir para sua subsistência e até mais em abundância! Fala disso desde o capítulo 8, que pode ser conferido). (3) o terceiro caso é o da propriedade privada de Ananias e Safira que o apóstolo Simão Pedro não condenou, apenas a sua mentira de dizer que só tinha parte de sua renda para entregá-lo no templo e, por último, (4) o quarto caso, trata-se dos ricos que sempre estiveram ao lado de Jesus e depois se tornaram seus discípulos: Nicodemos, José de Arimatéia e ainda algumas mulheres ricas (Lucas 8. 2, 3).

Num dos textos por mim epigrafados, verifica-se Mateus 19.21, que trata de uma ordem específica de Jesus ao jovem rico, para que esse vendesse “tudo que tinha” antes de tomar seu discipulado e então teria um “tesouro no céu”, que muitos pensam se tratar de uma ordem como sendo um ideal a ser seguido por todos os cristãos e não para só uma pessoa em particular, no caso, o jovem rico, querendo Jesus deixar claro que esse jovem não tinha a Deus em primeiro lugar, mas suas posses!

Bem, arriscando uma interpretação, contrariando à tese de que Jesus quer pobreza extrema, na minha curta maneira de ver as coisas, digo o seguinte: (01) Como alguém, sem nada, irá se sustentar? Como cumprir suas obrigações sociais? Como dará exemplo deixando suas dívidas por pagar? (02) Percebe-se que Jesus falou a uma pessoa, um indivíduo específico, num caso específico em que Ele “viu” seu coração e as intenções daquele jovem, submetido à prova. (03) Com quem mais ele fez isso? A quem mais deu essa ordem? Vejo que não é normativo o caso do jovem rico, mas único! (04) Conforme a história de Francisco de Assis (monge eremita católico romano), sabe-se que sua renúncia aos bens materiais, só ficou com ele, seus seguidores nenhum deles imitou seu gesto (voto) de pobreza extrema! (Até onde sei de sua história!) (05) Jesus estaria propondo uma barganha de uma entrada nos páramos celestes a ser paga pelo jovem com a renúncia de suas riquezas materiais? Onde ficaria a graça de seu favor de morrer na cruz? Que graça seria essa se o jovem o pagasse? A graça não seria graça!

Portanto, prevalece o que consta do primeiro texto epigrafado de Provérbios 30.8b: ... “Não me dês nem a pobreza, nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário”.

Rive (ES), 07 de dezembro de 2019

Fernandinho do forum