Respeitar e impor limites
Vivemos a realidade da pós-modernidade onde cada vez mais os limites estão em colapso. Em pleno século XXI com o “bum” da internet, redes sociais, a vida pessoal ficou cada vez mais exposta. É possível impor limites e respeitar limites?
O que se observa é que, grande maioria das pessoas perdeu o controle da situação, tem sua vida cada vez mais exposta e isto se tornou quase que uma dependência de se expor, pois a vida gira em torno de opiniões alheias a respeito de si próprio.
Essa invasão de limites acontece também em relacionamentos interpessoais e familiares, são abusivos, em que a liberdade do outro é cerceada, invadida. A pessoa quer acompanhar cada passo, cada movimento do outro, e não percebe que está sendo invasivo demais, o desgaste na relação aparece, porque isso sufoca, é como se a pessoa vivesse como prisioneira, amarrada, e muitas vezes não consegue se libertar desta situação com medo de magoar, não conversa sobre a situação, então adoece psicologicamente e fisicamente. No caso das redes sociais, a pessoa que depende da opinião alheia para direcionar sua vida vai criando um mundo imaginário que não existe dentro de si, e provoca sérias consequências patológicas.
É preciso dar um passo quando isso estiver acontecendo, parar, refletir e impor limites.
Em primeiro lugar é preciso ter a própria opinião sobre si, ver o que lhe faz bem, e não deixar-se transformar em uma “caricatura” que outros desejam que você seja. Cada ser é uma pessoa individual, com vontades próprias e com livre arbítrio para fazer escolhas. Não dependa da opinião dos outros, tenha a sua própria opinião a seu respito, e do mundo que você faz parte. Segundo, em relacionamento abusivo, de opressão constante, de um basta enquanto há tempo, não permita ser “dominado” pela obsessão do outro. Quem ama não aprisiona, não sufoca, aceita o outro como é, sem impor condições. Quem é obsessivo controla, domina se sente dono, e isso não existe somos seres livres, ninguém é dono de ninguém, pais não são donos de seus filhos, esposos não são donos um do outro, amigos, não ditam normas de vida. Isso é impor limites e respeitar limites. Em terceiro lugar, é possível viver em sociedade, em família, relacionamentos saudáveis, pautado no amor, no respeito, entendendo que o outro não é objeto, é uma pessoa, com vontades próprias, jeito de ser, de viver a vida, tem sua crença, sonhos, etc...
Quando as pessoas souberem impor seus limites e respeitar o limite dos outros em “tudo” a vida em sociedade, família, círculos de amizade, será melhor, a violência dará lugar à tolerância, e se entenderá que ser diferente, pensar diferente não é errado é simplesmente ser pessoa, ninguém é igual a ninguém esta é a beleza da vida. O limite é o termômetro de todos os relacionamentos.
(Texto inspirado no livro Estabelecer limites, respeitar limites do Monge Beneditino Anselmo Grun- Editora Vozes- 2007).