SÉRIE: A BÍBLIA CONTA A HISTÓRIA DE TODOS NÓS “A VIDA EM CRISE”

A VIÚVA DO AZEITE

Certo dia, a mulher de um dos discípulos dos profetas foi falar a Eliseu: "Teu servo, meu marido, morreu, e tu sabes que ele temia o Senhor. Mas agora veio um credor que está querendo levar meus dois filhos como escravos".

Eliseu perguntou-lhe: "Como posso ajudá-la? Diga-me, o que você tem em casa? " E ela respondeu: "Tua serva não tem nada além de uma vasilha de azeite".

2 Reis 4:1,2

Essa história bíblica nos conta que uma mulher foi até o profeta Eliseu e lhe disse que seu árido, um aprendiz de profeta, morreu e acabou deixando dividas para a família. Naquela época em Israel poderia o credor exigir, por lei, que alguém da família do devedor, ou o próprio devedor, trabalhasse para ele até que a dívida fosse paga. Ainda assim tinha a lei do jubileu que dizia que a cada cinqüenta anos ninguém devia mais nada a ninguém. Deus zerava a conta para que as contas dos judeus fossem mais igualitarias. Mas não estávamos no jubileu e o credor do marido foi falar com a mulher e lhe deu um prazo para ela arrumar o dinheiro, senão seus filhos seriam levados como escravos, até a divida acabar.

Essa viúva foi até o profeta Eliseu, que representava à época Deus na Terra e expôs o seu problema. Ele lhe pergunta então: Como posso te ajudar? O que você tem em casa?

A MULHER TINHA DIVIDAS

A primeira coisa que a gente nota que tinha essa mulher é dividas. O marido morreu e deixou dividas que acabaram afetando de alguma forma a família.

Penso eu que se uma pessoa morre e deixa dividas, as dividas já estão pagas. O credor que tome o prejuízo, a não ser que a divida tenha sido feita junto com a família. Cada caso é um caso, mas não me parece correto pagar a divida do outro. Não sei o que a Lei diz a respeito disso, mas sei o que o Novo Testamento diria. Se alguém te pedir alguma coisa emprestado, não empreste, dê. Isso é Novo Testamento. Pra isso acontecer, você não empresta o que você não pode dar. Aos meus olhos parece simples. Se alguém te pedir algo, sempre imagine que você está dando. Se por acaso voltar o emprestado é lucro, mas pode ser que não volte. Então para não se indispor, nunca empreste o que você não pode emprestar. Como um livro que você inda não leu, ou que não é seu. Uma vez quando era recém-casado alguém me pediu emprestado a panela de pressão, que à época só tinha uma. Eu pedi para pensar um pouco, orei e conclui que se acontecesse alguma coisa com panela eu e a pessoa que pediu emprestado ficaríamos sem. Falei com Deus e flei com a pessoa e lhe disse que não podia emprestar, por que poderia acontecer alguma coisa e existem coisas que se a gente não vigiar o Diabo, que é muito perigoso, vai causar problemas. SE essa pessoa, ou a filha, por exemplo, deixasse a panela cair no chão e estragasse a panela, a nossa amizade poderia ser abalada. Pensando tudo isso, a melhor coisa a se fazer naquela situação era não emprestar.

Tenho cunhados que fazem isso comigo, então eu faço isso com eles também. Recentemente eu tinha um dinheiro e perguntei pra um deles se ele queria uma moeda e lhe disse quanto era. Ele não pediu nada, mas eu emprestei. Esse dinheiro, se voltar é lucro, se não voltar, tudo bem.

Num caso desses, onde o marido morreu, se a família tiver condições de pagar, então pague. O que levanta outra questão: Se a família tinha condições, porque deixou aquela pessoa fazer dividas? A família precisa ajudar a família. Se algum familiar tiver que pedir emprestado fora, sendo que algum familiar tinha e podia lhe emprestar, ou dar, não me parece isso correto. Onde estava a família quando ele precisou? Por outro lado, se a família não tinha quando a pessoa estava viva, como é que vai pagar agora com a falta dele?

ESSA MULHER TINHA LUTO

O marido morreu, essa mulher tinha então luto, que é um sentimento profundo pela morte de alguém. Luto é um sentimento de perca, de amargura, de saudades, de ausência.

Essa mulher tinha luto. Ela não tinha a presença do marido. Ela sofria de ausência. Suas referências tinham ido embora. Ela estava numa crise e uma pessoa que perde o provedor da casa, está emocionalmente abalada. O que fazer, se nem sei o que fazer?

O marido morreu, a mulher estava sofrendo de ausência do marido. Os filhos estavam sofrendo da ausência do pai. A vida teria que ser agora reescrita, de outra forma. Num primeiro momento, se instaurou uma crise de ter que se reescrever no meio do luto, no meio da perca, no meio da ausência e a situação exige reação imediata, não dá pra esperar. O marido morreu e uma atitude precisa acontecer imediatamente. O marido acabou de morrer e o credor apareceu imediatamente. Nem acabou o luto, nem deu tempo de respirar, num momento de extrema dor, é necessária uma reação, de quem está sem forças para reagir.

Essa mulher tinha saudades do ser amado. Do amigo, do companheiro de muitas datas, do pai de seus filhos.

O que você tem em casa? Tenho filhos chorando pelo pai que morreu. Tenho crise, tenho dor na alma.

Essa mulher tinha uma crise emocional profunda, paralisante, que não deixa pensar, reagir, saber o que fazer, raciocinar.

ESSA MULHER TEM CRISE EMOCIONAL

Uma pessoa onde o marido morreu e aparecem cotas enormes, onde o credor pode exigir pela lei de Israel, pela Lei de Deus, pela Lei de Moisés, que os filhos trabalham como escravos, esta emocionalmente abalada. Há diferença entre ser trabalhador e ser escravo. O trabalhador recebe salário, o escravo não. Os filhos dessa mulher teriam que trabalhar para pagar a divida do marido durante algum tempo, que poderia demorar dez anos ou até mais, sem receber nada. E escravo não é dono de si. A situação que ela tinha pra resolver, já seria grave se ela tivesse experiência, já tivesse passado a mesma coisa antes, mas a vida nos prega peças, onde as situações que nos sobrevêm e dependem imediatamente de uma resposta, em geral são inéditas e nós nunca passamos por elas. Como resolver o problema que nunca vi antes? Como resolver a situação que não sei como resolver, o que é o melhor a fazer?

O que tem a mulher? Talvez insônia, crise de pânico, tremedeira, dor no corpo, mal estar físico, confusão mental.

Sobre tudo isso ainda tem o luto e suas duas vias. Existe o luto do marido morto, que nunca mais vai falar, chegar em casa, dar um beijo no rosto da esposa e no rosto dos filhos. Tem a dor do marido que nunca mais vai chegar falando alto e dividindo o seu dia, reclamando do seu time, do governo. Nunca mais vai se ouvir os planos do marido que planeja eternamente ir par a praia, ou para a França, Bolivia e Arabia Saudita no mesmo pacote. Quando falta o ser amado, a gente sente falta até do que era ruim na pessoa.

Tem o luto do marido morto, que não vamos ver mais, não vamos ouvir mais. Tem o luto daquela pessoa que nunca mais vai pedir algo pra nós, ou que nós, ou que nós vamos pedir para ela. Mas tem o luto do marido vivo.

O luto do marido vivo, o luto da esposa viva, o luto dos filhos vivos, nos fala que morreu alguma coisa dentro de casa. Algo morreu. A pessoa esta ali só de corpo presente, porque não é mais a mesma do dia que casou. O luto do marido vivo é o luto da cumplicidade, de dividir as idéias, os pensamentos. É o luto das conversas que não existem mais. O luto do marido vivo é a falta do braço, do carinho, de uma palavra amiga.

Existem muitas casas que estão de luto. Existem muitos casamentos em luto. Algo quebrou e não foi consertado. Talvez uma briga ocorreu, onde se falou o que não se devia. Ofensas foram ditas e foram tão graves que rompeu os laços da amizade no casamento e acabou com a cumplicidade, o carinho, a amizade. Acabou.

Há o luto da esposa morta / viva dentro de casa. Há o luto do zumbi. O morto vivo. A pessoa até está ali, mas só de corpo presente. No luto do marido presente não há compartilhamento, não há cumplicidade, divisão. É a esposa que não se importa mais se o marido vai comer, dormir na hora, ou qualquer coisa. Ela não se preocupa mais em fazer a comida, ou em lavar a roupa do marido. Ela só não se preocupa mais com o marido. O luto do marido vivo é a falta de o marido falar algo que preste, qualquer coisa. Agora só tem reclamações. Só cobrança. Só é um chato vinte e quatro horas.

Quando algumas coisas morrem dentro de casa o luto se estabelece. Os filhos saem e voltam quando querem e a gente agradece que ainda estão voltando. É o marido que sai e não dá satisfação, é a esposa que sai e não dá satisfação.

Eu conheci uma casa onde o luto do marido vivo, da esposa viva, da mãe viva existia. O marido tinha dois empregos e a esposa nunca sabia quando ele ia trabalhar em um ou no outro. Ela nunca sabia quanto ele ganhava em nenhum dos dois. Ele nunca mostrou o holerit pra ela. A esposa foi viajar com outro, ficou um fim de semana na praia e o marido nunca soube. A mãe não ligava para as filhas e as mandava embora de casa assim que faziam doze ou treze anos. As três filhas ficaram grávidas antes de fazerem dezoito anos e saíram de casa. Nessa casa o luto do familiar vivo era muito forte.

A crise causa individualismo, solidão.

Algumas pessoas que vivem o luto do marido vivo, ou o luto da esposa viva, pensam que se separar é a solução e têm a ilusão do auto-governo. Alguns acham que vão viver melhor sozinhos – e não vão. É uma ilusão.

ESSA MULHER TINHA OS FILHOS AMEAÇADOS

Vivemos num mundo perigoso. Viver é perigoso. São muitas as horas em que fica difícil administrar a vida. Não podemos esmorecer, jamais. Essa mulher tinha os filhos ameaçados. Nós vivemos num mundo em que se pensarmos ninguém coloca um filho mais no mundo. Viver é muito perigoso. Nossos governos consistentemente, um após outro, vão acabando com privilégios que sonhávamos ter e o futuro vai ficando cada vez mais negro e difícil. Qual será o futuro de nossos filhos? Agente não sabe. Precisamos cobrar dos governos e não deixar passar quando algo que os vai afetar estiver acontecendo. Nossos filhos são o futuro da humanidade e estão ameaçando o futuro da humanidade. Eu consigo compreender a revolta dos jovens, pois o mundo em que vivemos não é o mundo dos jovens, mas PE o mundo dos adultos. Esse mundo em que vivemos é o nosso mundo e não o mundo criado pelos jovens. O mundo será dos jovens quando eles estiverem mais velhos. Ainda não sabemos o eu essa geração pode fazer. Ainda vivemos na nossa, na geração dos mais velhos e se o que nós criamos não gostamos, mas foi o que criamos, imagina quem não participou na criação do que se vê.

Essa mulher tinha seus filhos ameaçados. Ela estava numa crise profunda do luto do seu marido, mas precisava resolver a questão dos seus filhos. Sua família estava em perigo de extinção. A morte do marido veio mostrar o quão perigoso é uma família se desintegrar perante nossos olhos. Com a idade nós já vimos várias desintegrações nas famílias de amigos, de vizinhos e até de parentes. Causa-nos medo a crise do outro.

Conheço quem diga que Deus mandou não ajudar o próximo, pois pode ser que o problema do próximo pegue em você, como uma retaliação de Deus em você ajudar o próximo. Isso é de um desconhecimento atroz de Deus. Isso é abominável. Deus manda ajudar o próximo. Deus manda dar a quem pede, a anda com quem precisa, a chorar com o que chora. Estando alguém em algum problema, ajude, se solidarize, esteja perto, próximo.

ESSA MULHER TINHA ESPERANÇA EM DEUS

A história dessa mulher é a mulher de muita gente em época de crise profunda. Ela precisava fazer algo e não tinha idéia do que fazer. Alguns entrando em crise, enlouquecem e passam a fazer coisas de gente doida. Uma das primeiras coisas que a gente vê é a fuga. Seja essa fuga literal e a pessoa larga a família, a esposa, o marido, os filhos. A gente acha difícil encontrar mulheres que saem de casa, mas eu te digo que isso é mais comum do que muitos pensam. Eu já conheci duas mulheres que saíram de casa e abandonaram a família, os filhos com o marido e foram embora. Uma disse que não se adaptou à vida de casada e a outra disse que não conseguiu administrar tantos problemas que acontecem diariamente num casamento, numa família, com os membros da família, com as pessoas.

Ai vão dois conselhos: um deles é não levar tudo a ferro e fogo. Tem gente que quer tudo tão certinho e o mundo não é tão certinho assim e existirão muitos momentos em que o caldo vai desandar. Não leve tudo, o tempo todo tão a sério. Uma dica boa vi num filme onde o personagem disse para o outro que recisamos nos presentear, preferencialmente uma vez por dia. Pode ser um café do jeito que a gente gosta, alguns momentos ouvindo um trecho da musica preferida, ou ler uma página daquele livro. Alguns momentos de descontração podem melhorar um dia inteiro.

O outro conselho é falar com Deus. A oração age como uma terapia onde você pode expor todos os seus problemas. Deus ouve o nosso coração e sabe todos os nossos pensamentos, então não há o que se esconder dele. Falando, expondo, vai ficando mais claro para nós o que realmente queremos. Além disso tem uma vantagem em falar com Deus, que é que Ele pode nos ajudar. Deus pode tudo e até a nossa maior dificuldade Deus pode nos ajudar.

Eu tenho um pensamento a respeito de ir até Deus. Algumas pessoas imaginam que Deus é o causador de nossas dores. Não diretamente, mas se Ele deixou que acontecesse conosco o que aconteceu, então Ele é o culpado de eu, sendo cristão, sendo crente, estar passando pelo que estou passando. Deus é o culpado. Essa é uma maneira de se ver a coisa, mas eu prefiro pensar que o mundo é complicado e as coisas vão acontecer, queiramos nós ou não. Outra maneira de ver é que as coisas vão acontecer, pois o mundo já está programado para acontecer muitas coisas. Se nós, como raça humana, buscarmos coisas boas, automaticamente irão acontecer coisas boas nesse mundo. Porém estamos vendo as pessoas tendo cada dia mais escolhas ruins e só poderemos esperar que alguns mecanismos ruins foram acionados e vão acontecer. Nós cristãos não estamos imunes ao desemprego, ou à doença. Pode ser que algo me atinja, mas eu sou crente, eu sou cristão e posso buscara Deus que pode e quer me ajudar. Essa é uma forma de ver, de enxergar: As coisas vão acontecer, à revelia e Deus está ai para nos ajudar. Pensa: Talvez aconteceu porque tinha que acontecer, entretanto eu buscando a Deus, pode ser eu Deus me ajude a sair desse enrosco em que estou.

Essa mulher em luto viu o marido morrer de alguma forma. Se existe algo que toda pessoa viva sabe é que um dia vamos morrer. A morte é a certeza que já temos. Só espera-se eu a pessoa Ivã a vida, o seu ciclo todo e morra velhinho, cheio de anos, com a família prospera e tudo em paz. O marido dela morreu antes da hora. Os filhos ainda não podem se defender. A esposa não tem uma solução. Além do luto ficou o vazio de quem resolvia os problemas.

Essa mulher foi onde deveríamos todos ir: a Deus. Eliseu simbolizava Deus na Terra. Essa mulher mostrou que ainda tinha esperanças em Deus, expectativas de que Deus poderia ajudá-la. E foi isso que aconteceu. Deus não a decepcionou. Sabemos a história, Deus fez um milagre enorme onde o azeite que ela tinha, que era só um pouco, multiplicou milagrosamente e encheu muitas vasilhas, tantas que ela conseguiu pagar a divida do marido e viver até o final da vida com o restante do dinheiro. Deus a resolveu de vez. Deus a ajudou.

Nós estamos do mesmo jeito, pedindo que Deus nos ajude de vez. Pedimos a Deus que Deus mande um milagre que não seja mais necessário eu me preocupar pelo resto da vida com aquilo. Pedimos que Deus mande uma solução completa para ao casamento falido, um dinheiro bom para resolver de vez as contas, uma libertação onde não ocorra recaídas.

Essa mulher conseguiu o que é o nosso desejo: uma solução completa e única. Ela nos da esperança de que Deus pode também nos resolver de vez, num estante. Então devemos continuar orando e confiando e indo a Deus e dizendo a Ele qual é o nosso problema.

Amém?!

Fique na paz.

pslarios
Enviado por pslarios em 16/11/2019
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