Depois de criar todas as coisas, Deus criou o homem e deu a ele uma inteligência que o diferencia dos outros animais. Importa que o primeiro homem tenha sido um espécime primata predestinada a evoluir? Acaso nos foi dado entender o que significa “Inspirou um sopro de vida em suas narinas?” (Gen 2,7). Não têm um sopro de vida todos os seres que respiram?(Gen 1,30) Não foi para que cresçamos em sabedoria e graça diante de Deus, que o Senhor inspirou em nossas narinas um sopro do seu espírito? Sendo puro espírito, Deus jamais nos tornaria semelhantes a Ele se não nos desse uma porção do seu espírito imortal.
O Senhor Deus formou, pois, o homem apanhando elementos da natureza, deu-lhe inteligência com o sopro de seu espírito, porém não confiou ao homem a missão de criar o próprio semelhante, mas de gerar vidas, através da reprodução biológica. Se Deus tivesse deixado a fórmula completa de como criar o homem, teria o homem mantido a ordem genética ou modificado? Faria o homem um ser humano semelhante a Deus?
Toda obra das mãos humanas é imperfeita, diante da perfeição do Criador. Assim, se o homem clonar seu semelhante, seria esse novo ser o protótipo de uma raça melhorada ou deformada? Transformaria o próprio homem a sua espécie numa máquina colocada a seu serviço? OU uma máquina tipo operário-escravo? Uma máquina destinada a gerar vidas ou morte? Que ser vivo surgiria se o homem recortasse a estrutura do DNA e “colasse” o material genético em posição diferente da original? Como seria esse novo ser? Seria ele acolhido na comunidade dos humanos? Ou rejeitado, marginalizado, excluído e escravizado? Por acaso, Deus permitiria que o homem criado à sua imagem e semelhança fosse transformado em androide?
O Deus que separou a luz das trevas e impôs limite aos mares, impôs também limite ao homem, colocando anjos para guardar o caminho da árvore da vida. ( Gen 3,22-24). Que aconteceria, se Deus tivesse dado ao homem todo conhecimento da ciência e da verdade? Decerto, o homem teria empreendido uma corrida em busca da imortalidade e recairia no primeiro pecado de nossos primeiros pais: o desejo de ser criador do próprio semelhante, ser Deus. Seria o fruto proibido na figura da maçã apenas um limite? Qual limite teria o homem ultrapassado para que Deus dissesse: “Agora, pois, cuidemos que o homem não estenda sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente”(Gen 1,22).
Comer do fruto da árvore da vida, não seria absorver pelo intelecto? Teria o Senhor colocado um guardião para que o código genético nunca seja plenamente desvendado? Desvendar o código genético não representaria perigo para a vida humana, se o homem não o alterasse. Seria a clonagem do ser humano uma tentativa do homem de querer ser Deus, de ser criador do próprio ser humano. O escritor sagrado diz que Deus se arrependeu de ter criado o homem e resolveu exterminá-lo (Gen 6,6-7), mas tu Senhor, também arrependeste de exterminar o homem e fizeste com ele uma aliança (Gen 9,8; 17,1ss). Mesmo rompendo a aliança contigo, tu nos deste uma Nova Aliança, no sangue de teu filho Jesus! Não aboliste a lei nem os profetas, mas resumiste toda doutrina em dois mandamentos: “Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e ao teu próximo como a si mesmo” (Mt 22,37-38). Mas quem nuca quebrou também esta Aliança? Quem é justo diante de Ti? Até quando, Senhor, terás paciência comigo? Não poupaste Sodoma nem Gomorra, mas salvaste os justos de Sodoma!